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Vice de Doria diz que não será candidato se tucano ficar no cargo

Anúncio do governador de ficar no cargo amplia crise no PSDB em seu berço político

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São Paulo

Vice de João Doria, Rodrigo Garcia disse ao chefe que não será candidato a governador de São Paulo pelo PSDB se o tucano mantiver sua disposição de ficar no cargo, conforme anunciou a ele no fim da tarde de quinta-feira (30).

Doria fala em evento ao lado de Rodrigo Garcia, na sede do PSDB paulista
Doria fala em evento ao lado de Rodrigo Garcia, na sede do PSDB paulista - Zanone Fraissat - 29.nov.2021/Folhapress

Além disso, deixou o encontrou dizendo estar fora da Secretaria de Governo, o que ele já iria fazer caso assumisse a cadeira de Doria a partir desta sexta (1º). No cargo, era chamado de "primeiro-ministro" do governo, com controle sobre R$ 50 bilhões de investimentos em 2021 e 2022.

Se o cenário se confirmar, o que se saberá quando Doria surgir em público nesta tarde, o partido que governa o maior estado do país desde 1995, com pequenos intervalos deixados nas mãos de vices aliados, pode ficar a pé na disputa do próximo outubro.

Rodrigo, que deixou o DEM onde fez carreira para filiar-se ao PSDB no começo do ano passado, disse a conhecidos que está se sentindo traído por Doria. O governador até aqui vinha cumprindo à risca a promessa feita na montagem da chapa vencedora em 2018.

Segundo o acordo, Doria deixaria o cargo este ano para disputar a Presidência, abrindo espaço para o relativamente desconhecido Rodrigo. Articulador habilidoso, ele montou uma frente para apoiar sua candidatura de 2021 para cá.

Quando Doria venceu as prévias contra Eduardo Leite para ser o presidenciável tucano, o PSDB estadual ungiu Rodrigo candidato. Nas sombras, costurou sua postulação e era chamado pela área de marketing que o irá atender de "folha em branco" —um candidato a ser ainda definido para o público, uma vantagem invejável.

Agora, tudo fica em suspenso até ser conhecida a nova realidade paulista. Aliados do vice dizem estar perplexos com o movimento de Doria, e o chamam abertamente de traidor. Um que o fez em público foi José Luiz Datena (União Brasil), que afirma que manterá sua candidatura ao Senado de forma independente se Rodrigo não disputar mesmo o Bandeirantes.

Um deputado federal próximo do vice-governador diz que o golpe foi duplamente duro porque Doria havia convencido Rodrigo a deixar o DEM no começo do ano passado, quando o partido rachou devido aos apoios à sucessão de Rodrigo Maia (RJ) na chefia da Câmara dos Deputados. Na avaliação dele, se tivesse ficado e hoje tivesse integrado o União Brasil (fusão DEM-PSL), sua posição seria mais cômoda.

No dia a dia, Rodrigo sempre teve uma vida autônoma, e discreta, no governo. Nas reuniões semanais de secretariado, era famoso pelo tablet no qual trazia informações sobre o andamento de todas as obras do governo estadual. O plano com 8.000 ações para propalar o biênio final da dupla Doria-Rodrigo estava sendo tocado por ele.

O deputado amigo de Rodrigo também diz que a relação pessoal entre o vice e Doria é uma incógnita daqui para a frente, também. A demissão da Secretaria de Governo, se consumada, o transformará num vice decorativo de forma proposital, dificultando uma eventual pretensão do governador de buscar a reeleição —neste caso, filiado ao MDB ou ao União Brasil, já que o clima no PSDB desandou.

A Folha procurou Rodrigo, mas não obteve resposta até aqui.

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