Descrição de chapéu Eleições 2022

Alckmin exalta Lula aos gritos em evento com centrais sindicais

Ex-governador paulista e ex-presidente petista participam de evento com sindicalistas em São Paulo

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São Paulo

O ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) fez um discurso exaltado nesta quinta-feira (14) em defesa do ex-presidente Lula (PT), de quem deve ser o vice na chapa presidencial para a disputa das eleições de outubro.

Diante de dezenas de sindicalistas reunidos em São Paulo, Alckmin aumentou o tom de voz para dizer que a "luta sindical deu ao Brasil o maior líder popular deste país".

Alckmin e Lula em evento com centrais sindicais em SP - Marlene Bergamo/Folhapress

Em seguida, já rouco e aos gritos, repetiu: "Lula, Lula, viva Lula, viva os trabalhadores do Brasil."

Alckmin disse ainda aos representantes das centrais que estará com eles nas eleições para "somar esforços" para derrotar o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.

Em seu discurso, Lula afirmou que é "plenamente possível" que ele e Alckmin formem uma chapa "para reconquistar os direitos dos trabalhadores".

"Vamos juntar as duas experiências para tentar reconstruir em quatro anos o que eles destruíram", continuou.

O petista disse ainda que o processo eleitoral será difícil e voltou a reforçar que é importante eleger uma bancada progressista no Congresso Nacional para que seja possível "fazer as mudanças necessárias".

Lula também afirmou que é preciso dialogar com todos os setores da sociedade para escrever um programa de governo e reconstruir o país.

"Não vamos deixar ninguém de fora, todos vão sentar à mesa. E quero ouvir e saber qual vai ser o compromisso de cada um."

Líder nas pesquisas eleitorais, o ex-presidente disse ainda, ao citar as condições dos trabalhadores por aplicativo e a "contrarreforma" trabalhista espanhola, que é preciso adaptar uma nova legislação à realidade atual. "Não queremos voltar para trás."

Antes de começar o evento, o petista esteve com líderes sindicais e tratou da reforma trabalhista. Segundo Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Lula afirmou ser favorável à revisão de pontos, e não sua revogação.

"Ele fala em pontualmente fazer atualizações e mudanças. Por exemplo a volta das homologações, o fim dos acordos individuais sem a presença dos sindicatos e a regra no trabalho intermitente. Ele confirmou que não volta o imposto sindical", diz Patah.

Segundo o deputado federal e presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força, Lula disse aos presidentes das centrais "vocês falam o que quiserem, depois podem encher meu saco em Brasília".

O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, afirmou que Lula recomendou que os sindicalistas definissem uma proposta clara com reivindicações para apresentar a ele e "cobrar depois em Brasília".

"O Lula disse que tem coisas na reforma [trabalhista] que não dá mais para mexer, por isso que temos que levar uma proposta clara do que queremos."

De acordo com o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Sérgio Nobre, Lula afirmou que a revisão da reforma trabalhista "não será uma medida autoritária, mas construída na negociação".

"Este ato é um clamor da classe trabalhadora para mostrar a Lula que a candidatura dele é a única esperança de botar o Brasil no eixo de novo", diz Nobre.

Segundo ele, o petista tem ponderado em suas conversas sobre o esforço que a corrida eleitoral exige. Desta forma, o ato serviria para que o ex-presidente ouvisse relatos dos trabalhadores de todos os segmentos numa tentativa de explicitar a importância da candidatura dele.

Como a Folha mostrou, o PT irá propor a revogação da reforma trabalhista no programa da federação partidária que formará com PV e PC do B, embora Lula reconheça entraves para a iniciativa. O novo texto ainda será submetido à aprovação das demais legendas.

O tema foi debatido na reunião do diretório nacional da sigla nesta quarta-feira (13), que também aprovou, por 68 votos a 16, a indicação do nome do ex-governador Alckmin (PSB) para compor a chapa de Lula como vice-presidente.

No encontro com sindicalistas, Lula disse ainda que será preciso realizar uma reforma tributária que "leve em conta que quem ganha mais, deve pagar mais" e voltou a afirmar que é preciso "colocar o pobre no orçamento".

Ele também afirmou que é preciso tornar a geração de empregos uma "obsessão" de todas as pessoas.

Uma das preocupações dos organizadores do evento desta quinta era evitar que ele fosse caracterizado como um ato de campanha, o que seria ilegal.

Quando, por exemplo, o auditório da Casa de Portugal atingiu a sua capacidade, dirigentes das centrais pediram que os sindicalistas desocupassem a rua para que não configurasse um ato a céu aberto. Não houve nenhuma distribuição de panfletos e as faixas dispostas no local eram das sindicais.

Após a aprovação da indicação do nome de Alckmin para compor a chapa, o tema agora será levado ao encontro nacional do partido, que será realizado nos dias 4 e 5 de junho. A larga vantagem dos votos no diretório é um indicativo do que poderá acontecer no evento, uma vez que sua composição reflete a correlação de forças dentro do PT.

Texto aprovado pelo diretório, que indica a aprovação da aliança e da composição da chapa, diz que o PT deve buscar ampliar o apoio ao ex-presidente Lula "em outros setores políticos e sociais do campo democrático" para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL), num processo eleitoral "que já se revela o mais duro desde a redemocratização do país".

"A eleição presidencial deste ano colocará em disputa dois projetos muito claros: o da democracia e o do fascismo", diz o texto.

A resolução também afirma que a candidatura de Lula é a que tem "reais possibilidades de aglutinar a maioria da sociedade".

O documento diz ainda que a coligação nacional com o PSB é um "importante passo na direção almejada".

"Confirmará nossa disposição de, no governo, implementar um programa de reconstrução e transformação do Brasil, ampliando nossa base social."

Chapa Lula-Alckmin

O que foi encaminhado

  • Na última sexta-feira (8), a cúpula do PSB indicou formalmente o nome de Geraldo Alckmin (PSB) para compor a chapa do ex-presidente Lula (PT) como candidato a vice-presidente
  • Na reunião desta quarta (13), o diretório nacional petista indicou a chapa para aprovação no encontro nacional do partido

O que falta

  • Aprovação na chapa no encontro nacional do PT, que será realizado nos dias 4 e 5 de junho
  • Formalização na convenção partidária do PT, entre o fim de julho e começo de agosto

Candidatura Lula

O que foi encaminhado

  • O anúncio da pré-candidatura de Lula deverá ocorrer em ato no dia 7 de maio em São Paulo. A expectativa é que o ex-governador Geraldo Alckmin participe

O que falta

  • Nome do ex-presidente deverá ser aprovado na convenção partidária do PT, entre fim de julho e começo de agosto
  • O TSE impôs como data limite para registrar a candidatura no dia 15 de agosto
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