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Jair Renan Bolsonaro nega tráfico de influência e lavagem de dinheiro e se diz revoltado

Filho 04 do presidente deu declarações no dia em que prestou depoimento na superintendência da PF em Brasília

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Brasília

Jair Renan Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), prestou depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (7) sobre as suspeitas de tráfico de influência e lavagem de dinheiro. Ele permaneceu na superintendência da corporação em Brasília por mais de cinco horas.

Antes do compromisso com os investigadores, em entrevista ao SBT, ele negou as acusações de recebimento de propina e de defender interesses empresariais junto ao governo.

"Eu me sinto revoltado com tudo isso que tá acontecendo. Nunca recebi nenhum cargo, nenhum dinheiro, nunca fiz lavagem de dinheiro, e estão tentando me incriminar numa coisa que não fiz", afirmou o filho 04 do presidente.

Jair Renan Bolsonaro, o filho 04 de Jair Bolsonaro
Jair Renan Bolsonaro, o filho 04 de Jair Bolsonaro - Adriano Machado-9.dez.21/Reuters

Renan chegou à PF às 16h, acompanhado do advogado Frederick Wassef. Os dois passaram a pé pelo portão de acesso ao prédio da corporação.

Não havia escolta do GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República), responsável pela segurança da família presidencial. O advogado afirmou que eles foram de carona até o local.

Wassef orientou seu cliente a não conversar com a imprensa na porta da PF e declarou que o rapaz é a "maior vítima do Brasil de fake news". Afirmou que a PF abriu um inquérito a pedido de "comunistas", referindo-se a representantes da oposição no Congresso, com base em mentiras.

"Renan Bolsonaro jamais marcou reunião ou atuou no governo, não recebeu carro, não recebeu dinheiro. São fake news, e o objetivo disso é atacar a imagem do presidente Jair Bolsonaro", disse.

De acordo com o advogado, o filho do presidente colocou os sigilos bancário e fiscal à disposição da polícia. Em dezembro do ano passado, a PF tentou ouvir o investigado, mas ele não compareceu sob a alegação de problema de saúde.

A apuração foi aberta pela PF em março do ano passado, após um pedido do Ministério Público Federal, que avaliou denúncias feitas por parlamentares da oposição ao governo contra a suposta atuação de Renan em favor de empresários.

Empresas do Espírito Santo doaram um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil para um projeto parceiro da empresa de Renan, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia.

A Bolsonaro Jr e o projeto MOB, de propriedade do ex-personal trainer de Renan, Allan Lucena, inauguraram em outubro de 2020 o empreendimento Camarote 311, no estádio Mané Garrincha, em Brasília.

O veículo foi doado pelos grupos WK, de propriedade de Wellington Leite, e Gramazini Granitos e Mármores Thomazini. Ambos tiveram suas logomarcas impressas na decoração da parede de entrada do escritório de Renan, junto com outras empresas que apoiaram a iniciativa empresarial.

Como revelou a Folha, Wellington Leite, do grupo WK, foi recebido por Bolsonaro no Palácio do Planalto. O empresário divulgou foto do encontro com Bolsonaro em suas redes sociais no dia 21 de março do ano passado, data de aniversário do chefe do Executivo.

"Parabéns meu querido presidente por completar mais um ano de vida, que Deus possa te abençoar poderosamente e lhe dê cada vez mais saúde, força e sabedoria para conduzir essa nação", disse.
Leite também esteve na inauguração do Camarote 311. Apareceu entre Renan e Allan em um vídeo do evento.

O empresário não deu detalhes sobre a cessão do carro elétrico em resposta a perguntas formuladas pela Folha. "Foi cedido para o projeto social MOB, mas parece que [o projeto] não foi adiante e o mesmo foi devolvido", afirmou.

Concluído o depoimento nesta quinta, o advogado da família Bolsonaro concedeu entrevista e negou que Renan tenha viabilizado a agenda de Leite no Planalto.

Representantes da Gramazini Granitos também conseguiram um encontro com uma autoridade do governo federal. Foram recebidos pelo então ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, no dia 13 de novembro de 2020, reunião agendada pelo assessor especial da Presidência Joel Fonseca.

Na ocasião, foi apresentado a Marinho ministro um projeto de casas populares desenvolvido em parceria com o WK. O filho de Bolsonaro participou do encontro.

Perguntado sobre o episódio, Wassef disse que seu clinte esteve uma vez no ministério. "Entrou mudo e saiu calado. Ele não organizou, não promoveu a reunião. Foi convidado por uma das pessoas que estavam na reunião e não teve qualquer ingerência", afirmou.

Renan foi ao Espírito Santo conhecer o projeto. O encontro foi publicado nas redes sociais de Leite, com fotos de Renan e Allan. Em algumas das imagens, os dois apareceram ao lado da filha do empresário.

"Ele [Renan] viajou a convite de um amigo [Allan]. Renan viaja constantemente, participa de vários eventos, é figura pública. Tem meio milhão de seguidores. As pessoas procuraram estar ao lado de Renan Bolsonaro para fazerem permuta, propaganda, marketing", disse o advogado.

"Agora, se eventuais pessoas desejaram ou quiseram usar o seu nome e falam coisas que não existem, não cabe a nós fazer nada."

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