Descrição de chapéu Eleições 2022

PSOL deve anunciar apoio a Lula, mas ala quer vetar adesão a eventual governo

Parte defende estabelecer desde já que sigla também não irá compor a base aliada no Congresso

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Brasília

O PSOL deverá oficializar o apoio a Lula (PT) nas eleições presidenciais deste ano durante reunião prevista para este sábado (30). A ala do partido que defende o lançamento de candidatura própria ao Palácio do Planalto acredita que embarque na chapa petista é irreversível.

O apoio, no entanto, continua a enfrentar resistência de algumas lideranças. Os deputados Glauber Braga (PSOL-RJ) e Sâmia Bomfim (PSOL-SP), por exemplo, trabalham para que o partido aprove uma resolução para estabelecer desde já que a sigla não integrará um eventual governo nem irá compor a base aliada no Congresso.

Do outro lado, o coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) Guilherme Boulos e o presidente nacional do partido, Juliano Medeiros, articulam para que seja formalizada uma aliança sem qualquer restrição.

O ex-presidente Lula (PT) e Guilherme Boulos (PSOL) durante encontro em São Paulo
O ex-presidente Lula (PT) e Guilherme Boulos (PSOL) durante encontro em São Paulo - Divulgação/Lula no Twitter

Entre os dois grupos, estão três correntes do partido que costumam atuar como fiel da balança nas disputas internas.

Uma delas se chama Resistência e a outra, Insurgência. A primeira conta com a presença do vereador de Porto Alegre (RS) Matheus Gomes e a segunda não tem nomes de peso da política nacional.

Ainda há a expectativa sobre como cada uma das três irá se posicionar em relação a discutir desde já a posição do partido em um eventual governo.

A mais forte das correntes é representada pela deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ), que tem sido cortejada pelos dois lados.

Ela indicou nos bastidores que avalia apoiar a moção contrária à participação em uma gestão petista devido à presença do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) como vice e à possível aliança com siglas de centro durante o mandato.

A ideia seria fazer um discurso para apontar a necessidade de derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) sem necessariamente se comprometer com pautas que contrariem o histórico do PSOL.

As primeiras divergências programáticas com o PT surgiram antes mesmo de oficializada a aliança. Isso ocorreu em relação à reforma trabalhista aprovada em 2017.

O PT indicou que poderia recuar da promessa de revogar a nova legislação e que defenderia apenas sua revisão. Após pressão do PSOL, porém, o PT voltou atrás e se empenhou com a anulação completa da reforma.

Nesse ponto, o PSOL tem consenso interno. Nos demais, porém, o cenário é diferente. A votação em setembro do ano passado sobre ter ou não candidatura própria a presidente expôs a divisão dentro da legenda.

Na ocasião, a ideia de não ter candidato, o que abriria espaço para o apoio a Lula, venceu com margem pequena de diferença: o placar ficou em 56% a 44%.

Com base nessa disputa e na realidade interna da sigla, o apoio a Lula já é dado como certo. Prova disso é que já está marcado um evento com o petista para poucas horas após a reunião do partido no sábado. O encontro servirá para selar a união.

Presidente nacional do partido, Medeiros afirma que a reunião de sábado será a conclusão de mais de seis meses de debate interno e diz que a prioridade é, mesmo com diferenças, a legenda seguir unida.

"Como partido democrático, cada dirigente, parlamentar e militante pode defender suas posições. Agora é hora de tomar uma definição e marchar unidos, independente de diferenças pontuais. O PSOL dará sua contribuição para livrar o Brasil de Bolsonaro", afirma.

Medeiros mantém relação próxima com o PT e trabalha para ser indicado como candidato a senador na chapa que lançará o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) ao governo de São Paulo.

Contrária ao apoio, a deputada Sâmia Bomfim afirma que é importante a sigla manter autonomia independentemente da posição que adotar no pleito deste ano.

"Não compor um governo de conciliação de classes significa que o PSOL vai manter a independência política. Nosso compromisso é com a derrota do Bolsonaro e com um programa de esquerda e não por cargos", diz.

Caso se concretize a derrota do grupo da parlamentar, esta será a primeira eleição que o partido não terá candidato próprio ao Palácio do Planalto. A sigla surgiu em 2005, após um grupo que era do PT divergir das propostas do então governo Lula e votar contra projetos do Executivo no Congresso.

No ano seguinte, em 2006, o partido lançou Heloísa Helena, que era senadora e atualmente está na Rede, como candidata à Presidência. Na ocasião, ela ficou como terceira colocada com 6,85% dos votos válidos.

Na visão de parte da legenda, seria importante ter um candidato próprio para levantar as bandeiras que fizeram o partido crescer nos últimos anos. Por outro lado, há a compreensão de que é necessário unir forças para derrotar Bolsonaro.

O principal porta-voz dos defensores do apoio ao PT é Guilherme Boulos, que já fez um movimento nesse sentido quando retirou a candidatura a governador para viabilizar a união da esquerda em torno de Fernando Haddad.

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