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Relembre frases do general Newton Cruz sobre ditadura, Riocentro, Lula e Dilma

Era impossível ter evitado atentado, disse o militar em entrevista à Folha sobre o caso Riocentro

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São Paulo

O general Newton Cruz, 97, chefe da agência central do SNI (Serviço Nacional de Informações) durante a ditadura militar, morreu nesta sexta-feira (15), aos 97 anos.

Cruz foi um dos poucos generais a ser formalmente acusado por crimes cometidos durante a ditadura, como participação no atentado a bomba no Riocentro, em 1981.

Em 2014, foi acusado de tentativa de homicídio doloso, associação criminosa armada, transporte de explosivos e favorecimento pessoal. O TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) trancou a ação penal por considerar o crime prescrito.

Cruz foi considerado pelo Ministério Público Federal coautor do atentado por não ter tomado atitudes para evitá-lo.

Em entrevista à Folha após a abertura da ação penal, ele admitiu que foi avisado com duas horas de antecedência de que militares estavam deixando a sede do DOI-Codi carioca para detonar uma bomba no centro de eventos.

Confira abaixo frases de Newton Cruz em ataques à imprensa, sobre o Riocentro, a ditadura, a Comissão da Verdade e os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff.

Imprensa

Cale a boca, deixa eu falar e desligue essa droga

ao jornalista Honório Dantas, da Rádio Planalto, quando questionado a respeito da falta de democracia, em 17.dez.1983

Atentado no Riocentro

Em 30 de abril de 1981, era noitinha, mais ou menos 19h, o coronel Ary [Pereira de Carvalho], que era meu chefe de operações, recebeu um telefonema do Rio. O [capitão Freddie] Perdigão foi ao DOI saber se havia alguma novidade. Quando chegou, viu um grupo que estava planejando partir para o Riocentro a fim de jogar uma bomba para marcar presença. Seria um protesto contra o que estava se passando lá. O Ary saiu dali: “Chefe, eu acabei de receber um telefonema”. Quando ele contou, eu raciocinei até dez. O que fazer? Avisar a quem?

entrevista à Folha, em 15.mar.2014

Avisar o que, se eu não sabia para onde eles estavam indo, o trajeto que iam tomar, onde eles iam lançar a bomba? Como é que eu vou informar a alguém para tomar alguma providência?

Em entrevista à Folha, em 15.mar.2014

Era impossível! Impossível! [ter evitado o atentado no Riocentro] Fui escalado o bode expiatório da revolução de 1964. Avisar a quem? Aí cerca tudo, e tal, e tinha um tumulto lá? Era o que eles queriam. Não havia nem celular nessa época. A bomba da casa de força não tinha possibilidade de prejudicar ninguém. Tanto que não foi nem ouvida no auditório. Foi um ato de presença. Não ia fazer nada. Ninguém podia fazer nada. Eu tinha que aguardar. Isso foi uma decisão minha. Minha. Tomada por minha conta, e por que eu achava que para o caso era a melhor decisão.

Em entrevista à Folha, em 15.mar.2014

Inocentes mortos em atentados realizados por militares

E daí? Descobriram? O que eu tenho com isso? Se pegarem o responsável, tinham que matar também. Matar não, mas punir rigorosamente. Ora bolas!

Em entrevista à Folha, em 15.mar.2014

Ditadura Militar

Ditadura, propriamente, não era. Era um regime autoritário forte. Agora, que não era uma democracia, não era. Não existe democracia em que o presidente pode editar ato institucional. Eu acho que a revolução escolheu bem a hora de entrar, mas não a de sair. Com o passar do tempo, o cachimbo entortou a boca. Por isso, saiu escorraçada.

Em entrevista à Folha, em 15.mar.2014

Documentos destruídos pela ditadura

Foi tudo de acordo com a lei da época. O SNI existia para assessorar o presidente da República na política do governo. É um órgão de informação, e a informação nascia de um processamento doutrinariamente resolvido. Ele cumpriu o papel dele e terminou aí

Entrevista à Folha, em 2.jun.2012

Documento foi destruído para você não deixar aparecer pessoas que não tinham nada [a ver] com o problema, mas que tinham sido informantes e que tinham entrado no problema sob a garantia do sigilo profissional. Esses não podiam ir adiante

Entrevista à Folha, em 2.jun.2012

Eleições

Vou repetir meu voto na Dilma. Tem a Dilma no passado e a de hoje. Eu acho que ela está conduzindo bem o país. O país voltou a ser soberano, coisa que não era até o governo do Lula.

Em entrevista à Folha, em 15.mar.2014

Votei [em Lula], mas não voto mais, porque o Lula se ajoelhou diante do Paulo Maluf na eleição de São Paulo. Isso eu não posso admitir.

Em entrevista à Folha, em 15.mar.2014

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