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Renan Filho renuncia, e Alagoas terá eleição indireta a governador

Deputados estaduais vão eleger governador tampão porque cargo de vice está vago

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Recife

O governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), renunciou ao cargo neste sábado (2). Ele vai disputar o Senado nas eleições de outubro.

A saída se deu no último dia do prazo para desincompatibilização do cargo para chefes do Executivo que desejam disputar o pleito de 2022.

Com a saída de Renan Filho da função, haverá uma eleição indireta na Assembleia Legislativa para a escolha do novo governador de Alagoas. Isso porque Luciano Barbosa (MDB), que foi eleito vice-governador em 2018, virou prefeito de Arapiraca, maior cidade do interior do estado, nas eleições municipais de 2020.

Há dois anos, Luciano Barbosa se lançou na disputa em Arapiraca à revelia de Renan Filho e o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que travaram uma batalha jurídica para impedir a candidatura do então vice-governador a prefeito.

Os Calheiros temiam, na ocasião, que, com Luciano Barbosa eleito, a linha sucessória aumentasse as chances da oposição assumir o governo com uma eventual candidatura em 2022.

Mesmo assim, Barbosa conseguiu se efetivar como candidato e foi eleito para o Executivo municipal. Após a eleição, Luciano Barbosa selou um pacto de paz política com Renan Filho e Renan Calheiros, retomando a relação entre eles.

Agora, haverá também outro xadrez na sucessão estadual. Sem vice, a titularidade do governo provisório seria do presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Marcelo Victor, que deixou o Solidariedade e se filiou ao MDB.

SAO PAULO , SP , 31.01.2022 , BRASIL , Candidato a presidencia Luiz Inacio Lula da Silva , junto o com governador de Alagoas Renan Filho e o senador Renan Calheiros em São Paulo.Credito@ Lula no Twitter

Mas Marcelo Victor será candidato à reeleição de deputado estadual. Por isso, não assumirá o governo. Assim, o cargo de governador passará para as mãos do presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, desembargador Klever Loureiro.

O magistrado ficará no cargo por até 30 dias. Esse é o prazo máximo para os 27 deputados estaduais elegerem o novo governador e o novo vice.

Na Assembleia, a base do governo Renan Filho já está articulada para eleger o deputado estadual Paulo Dantas (MDB) para o governo tampão. O acordo também prevê que ele dispute a reeleição na eleição de outubro pelo voto popular.

Neste sábado, após fazer o seu discurso de renúncia na sacada do Palácio Floriano Peixoto, Renan Filho exaltou o seu aliado: "Paulo é muito sóbrio, é sereno, é experiente. Apesar de jovem, ele tem a experiencia necessária para ouvir e para construir os caminhos. A transição será sem sobressaltos", disse.

Antes de ir para a solenidade de renúncia do governador, Paulo Dantas participou da reunião de diretórios do PT, que decidiu pelo apoio ao emedebista nas eleições de outubro.

Paulo Dantas, 43, é natural de Maceió, formado em Administração de Empresas e já foi prefeito de Batalha, no Sertão de Alagoas, por dois mandatos, entre 2005 e 2012. Em 2018, foi eleito deputado estadual com 38.397 votos.

Deputado esatdual Paulo Dantas (MDB) de camisa branca fala ao microfone
Deputado esatdual Paulo Dantas (MDB), pré-candidato ao governo de Alagoas - Reprodução Instagram @paulodantasalagoas

O parlamentar, mais cotado para ser eleito governador de forma indireta, é filho de Luiz Dantas, que foi secretário de Estado de Alagoas, deputado federal e estadual e é ex-presidente da Assembleia alagoana.

Na chapa para a disputa de outubro, Renan Filho seria o candidato ao Senado. Se eleito, será colega de bancada do pai, Renan Calheiros, repetindo o feito de Irajá (PSD) e Kátia Abreu (PP), filho e mãe respectivamente senadores simultaneamente pelo Tocantins.

Economista, Renan Filho, 42, começou a trajetória política em 2004 como prefeito de Murici, cidade da Zona da Mata alagoana onde nasceu e berço político dos Calheiros. Foi reeleito em 2008, ampliando a votação em relação à primeira vitória.

Em 2010, o filho de Renan Calheiros conquistou uma das vagas de deputado federal por Alagoas. Quatro anos depois, com 35 anos, foi eleito o mais jovem governador da história de Alagoas, vencendo o então senador Benedito de Lira (PP), pai do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no primeiro turno.

Em 2018, Renan Filho foi reeleito com 77,3% dos votos válidos no primeiro turno, uma das maiores votações do país para os governos estaduais. Além do MDB, teve o apoio de outros 16 partidos na coligação.

Para 2022, é tido pelo MDB como um dos nomes mais competitivos para a disputa do Senado. Ameaçada pelo PSD, a sigla emedebista busca manter a maior bancada da Casa Alta do Congresso Nacional, de modo a ter influência e poder de negociação com o futuro governo.

Renan Filho deverá ter como adversário nas urnas um ex-aliado, o senador Fernando Collor (Pros), apoiador de Bolsonaro e que quer a reeleição. Eles foram eleitos na mesma chapa em 2014, mas romperam ainda no primeiro mandato de Renan Filho.

Em Alagoas, Renan Filho e Renan Calheiros devem apoiar o ex-presidente Lula na disputa presidencial, mesmo o MDB tendo como pré-candidata a senadora Simone Tebet.

Em caso de vitória de Lula, um dos planos de Renan Calheiros é voltar à presidência do Senado, cargo que já exerceu em quatro ocasiões.

Outro adversário de Renan Filho e Renan pai em Alagoas é o presidente da Câmara, Arthur Lira, aliado de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro (PL). Lira buscará a reeleição de deputado federal nas urnas e tenta se cacifar entre os pares para seguir no comando da Casa no biênio 2023/2024.

Colaborou João Pedro Pitombo

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