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Cyro Garcia, do PSTU, critica 'esquerda liberal' e diz que vai declarar moratória no RJ

Pré-candidato ao governo do estado participa de sabatina Folha/UOL

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Recife

Pré-candidato a governador do Rio de Janeiro, Cyro Garcia (PSTU) afirmou que, se eleito, pretende tirar o estado do regime de recuperação fiscal e declarar uma moratória unilateral à União. Ele participou de sabatina promovida pela Folha e pelo UOL nesta quinta-feira (19).

"[Vamos] romper com esse regime de recuperação fiscal que está sendo imposto pela União, declarar uma moratória unilateral à União e, com esse dinheiro, combinado com o não pagamento da divida pública e com a ruptura com a lei de responsabilidade fiscal, que é uma lei de irresponsabilidade social e defende interesses de banqueiros e grandes fornecedores do Estado, realizar investimentos", afirmou.

Cyro Garcia defendeu que os recursos sejam usados para promover a geração de emprego e melhorias na saúde, educação e infraestrutura.

Cyro Garcia durante sabatina

Ele disse ainda ser favorável à taxação dos mais ricos. Pesquisa Datafolha de abril mostrou que o pré-candidato do PSTU com 4% das intenções de voto no primeiro turno.

O pré-candidato também fez críticas a outros partidos de esquerda e afirmou que agremiações como PT, PSOL, PC do B e PSB desmobilizaram as manifestações de rua contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) por interesses eleitorais.

"A campanha 'Fora Bolsonaro' foi desmobilizada pela maioria das forças da campanha de PT, PSOL, PC do B, PSOL e centrais sindicais que preferiram canalizar esse processo para o embate eleitoral. [Pensaram em] sangrar Bolsonaro como sendo um adversário prioritário como o mais fácil a ser batido e se curvaram à possibilidade real de que Bolsonaro pudesse ser derrotado nas urnas."

Cyro Garcia classificou esses outros partidos de esquerda como "esquerda liberal". Ainda se referiu ao PSOL como "clone do PT".

"O PSOL está se omitindo em um debate eleitoral onde existem dois turnos de apresentar o seu projeto porque o seu projeto é o mesmo do PT de conciliação de classes, de gestão do capitalismo."

Para Cyro Garcia, parte das candidaturas que estão postas representam "50 tons de gestão do capital" financeiro. Ele incluiu nesse grupo desde a aliança Lula-Alckmin a Bolsonaro e de Cláudio Castro (PL), governador do Rio de Janeiro, a Marcelo Freixo (PSB), também pré-candidato ao governo.

"50 tons de gestão do capital de Bolsonaro e Cláudio Castro na extrema direita a Lula, Alckmin e Freixo. Essas candidaturas formam uma ilusão, principalmente a candidatura de Lula e de Freixo, de que os problemas tão sensíveis e tão graves vendidos pela classe trabalhadora podem ser resolvidas no marco do sistema capitalista".

Quanto a Marcelo Freixo, Cyro Garcia se referiu ao pré-candidato do PSB como "um democrata liberal" e criticou a aproximação do deputado com setores antes distantes do seu entorno político.

"Freixo sai do PSOL, vai pro PSB, mas ele sempre foi um democrata liberal, ligado a pautas dos direitos humanos, mas nunca se pautou por uma questão voltada de um recorte de classes, onde você tem que ter opção por um lado ou por outro", disse.

"[Está] flertando com Armínio Fraga, com prefeitos fisiológicos do interior, abrindo mão de pautas históricas como a legalização do aborto para não se chocar com a igreja evangélica."

Garcia disse também que um eventual terceiro governo Lula não terá as mesmas condições favoráveis, na sua avaliação, como os dois mandatos entre 2003 e 2010.

"O governo Lula de agora não vai ter as mesmas condições de 2002. Sem crescimento econômico, boom das commodities, estamos vivendo uma crise brutal do sistema capitalista, agravada com a situação da guerra na Ucrânia, com a pandemia. O que aconteceu [antes] foi bilhões da classe dominante e migalhas para a classe trabalhadora, agora o espaço para migalhas vai ser muito menor", disse o pré-candidato.

Questionado sobre o discurso golpista do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem atacado o sistema eleitoral brasileiro, Garcia disse que o Brasil pode ser um episódio similar à invasão do Capitólio caso o presidente perca e não aceite a derrota nas urnas.

"Os danos que essa figura que hoje ocupa o Palácio do Planalto, mas que na minha opinião deveria estar na cadeia, são danos muito grande, ele flertou o tempo todo com o autoritarismo e o golpe. (...) Se o resultado eleitoral for pior do que o que ele espera, vamos ter um capitólio aqui pior que [Joe] Biden enfrentou nos Estados Unidos", disse.

"A tentativa de golpe pode ser dada e um golpe armado, com essas instituições acovardadas que temos na democracia burguesa do nosso país, não vamos derrotá-lo. Para derrotar um golpe, só tem um caminho, o povo, os trabalhadores, nas ruas", acrescentou.

Cyro Garcia também ponderou que o ideal para um governante é atuar em parceria com conselhos populares em detrimento de maiorias parlamentares.

Em relação a propostas para o Rio, o pré-candidato do PSTU disse que, entre as ações de um eventual governo, está a reestatização do transporte público.

"Reestatização de todas as empresas do transporte público, criar uma estatal rodoviária e expulsar os empresários de transporte. O metrô de São Paulo é estatal e é muito melhor que o do Rio de Janeiro. [No Rio, são] Tarifas altíssimas, falta composição, falta tudo".

Sobre segurança pública, ele avaliou que a política do estado fluminense para a área é errada.

"A política de segurança aplicada no Rio e no país criminaliza a pobreza, se ancora numa falácia chamada guerra às drogas e promove uma opressão às favelas e às periferias do nosso país, promovendo genocídio sobretudo para a população negra que mora nessas favelas."

"Defendemos a desmilitarização da PM, uma só polícia, civil, uma parte dela fazendo o policiamento ostensivo e outra parte dela voltada para inteligência com direito de sindicalização, de greve, de salários decentes, eleição de delegados pelas comunidades. A polícia tem que se impor pelo respeito e não pelo medo e pela covardia", frisou.

Sobre o caso Marielle Franco, Garcia disse que encontrar o mandante do assassinato da vereadora, morta em março de 2018, só será possível, na sua visão, com uma derrota do governo Bolsonaro.

​Cyro Garcia prometeu que não irá aumentar tarifas do transporte público e defendeu que os valores sejam subsidiados, além de reforçar a defesa pela estatização do transporte. Além disso, o pré-candidato do PSTU disse ser favorável à estatização de universidades privadas e à universalização gratuita de todo o ensino, do infantil ao superior.

Sobre armamento, afirmou que é favorável à autodefesa de segmentos da população. "Defendemos também a autodefesa da população, mas não é fazendo do armamento um supermercado, tem que ter condições para que associações de moradores, MST, MTST, sindicatos possam se armar", disse.

Por fim, disse que não vai morar no Palácio das Laranjeiras, se eleito governador.

A sabatina desta quinta foi conduzida pelos colunistas do UOL Kennedy Alencar e Chico Alves e pelo repórter da Folha Italo Nogueira.

​Raio-X

Cyro Garcia, 67
Graduado em direito pela UFRJ, tem mestrado e doutorado em história pela UFF. Foi opositor da ditadura militar em 1964, fundador do PT e da CUT, presidiu o sindicato dos bancários do RJ e foi deputado federal. Já disputou os cargos de prefeito, vereador e senador pelo Rio.




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Próximas sabatinas no RJ

  • Marcelo Freixo (PSB) - 20/5 - 10h
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Debate com candidatos à Vice-Presidência

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Debate com candidatos ao Senado

  • 1º turno - 27/9, às 10h

Sabatinas com pré-candidatos ao Governo de SP

  • 2º turno - de 17 a 21/10

Demais sabatinas

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  • Semana de 20/6 - CE

Debates com candidatos ao Governo de SP

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  • 2º turno - 20/10, às 10h ​
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