Descrição de chapéu Eleições 2022

Felipe Santa Cruz fala em reorganizar a polícia do RJ e só exclui voto em Bolsonaro

Pré-candidato ao Governo do RJ diz ainda acreditar em uma aliança com PDT no estado

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Rio de Janeiro

Pré-candidato ao Governo do Rio de Janeiro, o advogado Felipe Santa Cruz (PSD) defende uma grande reorganização da polícia e do sistema de Justiça para enfrentar o problema da segurança no estado.

Ele afirma que, se eleito, tem como compromisso recriar a secretaria estadual de Segurança e implantar câmeras nos uniformes policiais, medida obrigatória por lei estadual, cujo cumprimento está atrasado.

Santa Cruz foi o primeiro pré-candidato ao governo fluminense entrevistado em sabatina realizada por Folha e UOL, na manhã desta segunda-feira (16).

Pré-candidato ao Governo do Rio, Felipe Santa Cruz (PSD) é sabatinado pela Folha e pelo UOL
Pré-candidato ao Governo do Rio, Felipe Santa Cruz (PSD) é sabatinado pela Folha e pelo UOL - Reprodução/UOL

O advogado fala em criar uma corregedoria independente para as polícias, uma ouvidoria externa e defende investimentos em tecnologia e treinamento. Argumenta ainda que é preciso recuperar o legado que começou a ser construído com a intervenção federal em 2018, mas que acabou abandonado.

"A intervenção teve, sim, pontos positivos. As discussões técnicas têm que ser recuperadas", diz.

Ex-presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) nacional e da seccional do Rio de Janeiro, Santa Cruz diz que seu currículo mostra que ele é capaz "de fazer algo mais amplo do que só tratar das polícias".

Segundo ele, é necessário trabalhar na integração entre as polícias e o Ministério Público, o Poder Judiciário e a Secretaria de Administração Penitenciária.

"Ou seja, organizar a polícia e todo o sistema de Justiça para uma maior institucionalidade. Uma polícia que tenha que agir, que recupere essas áreas [sob comando do crime], que tenha firmeza na sua ação, mas que tenha técnica, procedimento e cumpra a lei."

Santa Cruz também afirma que considera equivocada a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que restringiu as operações policiais nas favelas do estado para casos excepcionais durante a pandemia da Covid-19.

"É a população dessas comunidades que precisa mais da proteção do estado. [Com essa decisão] aceito que o estado não pode ingressar nas comunidades, crio uma fronteira como se a polícia fosse por si só sempre homicida, e entrego comunidades na mão do crime."

Com 3% das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha divulgada em abril, Santa Cruz diz que ainda acredita em uma aliança entre o PSD e o PDT, que tem Rodrigo Neves como pré-candidato. Os partidos ensaiaram uma aproximação, mas não conseguiram chegar a um consenso sobre quem ficaria com a cabeça da chapa.

"Buscamos esse apoio e sigo acreditando nele. Falo permanentemente com Rodrigo Neves, Eduardo [Paes] conversa com o Lupi [Carlos Lupi, presidente nacional do PDT]. Confio que a aliança se formará até o prazo final das convenções."

Felipe Santa Cruz em discurso durante cerimônia do Prêmio Vladimir Herzog em 2019 - Ze Carlos Barretta-24.out.19/Folhapress

No campo nacional, Santa Cruz diz que acha difícil o firmamento de uma terceira via entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ele não quis manifestar apoio a nenhum candidato à Presidência, dizendo que respeita todos do campo democrático, mas deixou clara sua rejeição a Bolsonaro.

"O Brasil vai fazer uma escolha entre a democracia ou mais quatro anos de erosão da sua vida institucional", disse. "O governo Bolsonaro é marcado pela tensão e pela busca constante do presidente em fragilizar a democracia, como fazem outros governantes autoritários pelo mundo."

Santa Cruz afirmou que o PSD tem capacidade de discutir internamente quem apoiará nas eleições, e que está em boas mãos sob a liderança de Gilberto Kassab. "O primeiro turno pode marcar maior liberdade do partido nos estados, mas no segundo turno [vamos] marchar contra Bolsonaro"

Apesar de não ter verbalizado sua preferência, quando questionado sobre Lula e Ciro Gomes (PDT), o advogado respondeu que se sentiria confortável com ambos em seu palanque. Afirmou que tem um profundo respeito por Lula, que em seu governo consolidou um compromisso com os mais pobres, e que Ciro é muito preparado e conhece o Brasil.

O primeiro levantamento do Datafolha no RJ para esta eleição mostrou Marcelo Freixo (PSB) com 22% e Cláudio Castro (PL) com 18% das intenções de voto. A pesquisa tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Os demais candidatos neste cenário estão quase todos em empate técnico: o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT), com 7%, Eduardo Serra (PCB), com 5%, Cyro Garcia (PSTU), com 4%, Felipe Santa Cruz (PSD), com 3%, e o deputado federal Paulo Ganime (Novo), com 2%.

Questionado sobre como buscará a vitória com um índice baixo de intenções de voto, Santa Cruz respondeu que no Rio não há polarização e que as candidaturas ainda não estão consolidadas.

"O povo fluminense ainda não decidiu em quem vai votar, basta ver o índice de espontâneo. Eu sou pouco conhecido, basicamente no nicho do setor jurídico, e temos muita convicção que vamos crescer e ter chances concretas de vitória", disse.

O advogado não quis responder quem apoiaria em um eventual segundo turno entre Freixo e Castro. "Confio muito que estarei no segundo turno. Prefiro não antecipar."

Enquanto presidente da OAB, Santa Cruz foi um dos críticos da operação Lava Jato. "Se calou a defesa, se tramou delações, juiz com Ministério Público combinando resultado de processo, tudo o que advertíamos. Não há como cumprir a lei fora da lei. Os abusos colocam em xeque todo o processo", diz.

Questionado sobre como combater o problema crônico de corrupção envolvendo o governo do Rio de Janeiro, o advogado afirmou que "com partido forte e alianças legítimas". "Com transparência, dialogando com a Assembleia Legislativa, não aceitando o varejo do poder, trazendo pessoas capacitadas para exercer secretarias."

Sobre ter participado em março da festa de aniversário de Castro, cujos gastos são questionados pela oposição, Santa Cruz diz que desconhece os custos e que foi ao evento para "dar um abraço no governador". "Fiquei menos de cinco minutos", afirmou.

Para ele, Castro faz um governo de transição e não tem capacidade para achar a saída de um "conjunto de situações que levam o RJ a uma situação de mediocridade e decadência".

Santa Cruz também alfinetou o governador ao ser perguntado sobre a dívida que o Rio de Janeiro mantém com o governo federal.

Ele disse que o estado vendeu o último patrimônio estadual, a Cedae, e continua a agir como se fosse rico. Os bilhões obtidos com a venda da estatal são considerados um trunfo para a campanha de Castro, com o lançamento de novas obras e investimentos.

"Há muito para ser feito na área da responsabilidade fiscal, e não é seguir fazendo obras pulverizadas em municípios dentro do calendário eleitoral", disse o advogado.

A entrevista com Santa Cruz foi conduzida pelos colunistas do UOL Kennedy Alencar e Chico Alves e pelo repórter da Folha Italo Nogueira. As sabatinas são ao vivo, e cada pré-candidato tem direito a 60 minutos de fala.

RAIO-X

Felipe Santa Cruz, 50
Nasceu em abril de 1972, no Rio de Janeiro. Advogado, foi presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) nacional entre 2019 e 2022. Também ocupou, por dois triênios, a presidência da OAB no Rio de Janeiro (2013-2018). Filiou-se em março de 2022 ao PSD, partido do prefeito Eduardo Paes, seu aliado.

CONFIRA AS DATAS DAS SABATINAS E DOS DEBATES

Sabatinas confirmadas no RJ

  • Rodrigo Neves (PDT) 18/5 - 10h
  • Anthony Garotinho (União Brasil) - 18/5 - 16h
  • Eduardo Serra (PCB) - 19/5 - 10h
  • Cyro Garcia (PSTU) - 19/5 - 16h
  • Marcelo Freixo (PSB) - 20/5 - 10h
  • Cláudio Castro (PL) - 20/5 - 16h

Sabatinas presidenciais

  • 2º turno - de 10 a 14/10

Debates presidenciais

  • 2º turno - 13/10, às 10h

Debate com candidatos à Vice-Presidência

  • 1º turno - 29/9, às 10h

Debate com candidatos ao Senado

  • 1º turno - 27/9, às 10h

Sabatinas com pré-candidatos ao Governo de SP

  • 2º turno - de 17 a 21/10

Demais sabatinas

  • Semana de 23/5 - BA
  • Semana de 30/5 - PR
  • Semana de 06/6 - RS
  • Semana de 13/6 - PE
  • Semana de 20/6 - CE

Debates com candidatos ao Governo de SP

  • 1º turno - 19/9, às 10h
  • 2º turno - 20/10, às 10h ​
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