Descrição de chapéu jornalismo vale do javari

Deputado dos EUA pede investigação independente sobre morte de Dom e Bruno

Raúl Grijalva diz que há questões sobre a atuação do governo Bolsonaro no caso

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Washington

O deputado Raúl Grijalva, integrante do Congresso dos EUA, fez nesta quinta (16) um pedido para que as mortes de Dom Philips e Bruno Pereira sejam investigadas de modo independente, inclusive para esclarecer as ações tomadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) após o desaparecimento.

"Há numerosas questões que permanecem, não apenas sobre seu desaparecimento, mas sobre as ações subsequentes tomadas pelo governo Bolsonaro", disse, por email, à Folha. Grijalva, 74, é democrata, representa o estado do Arizona e integra a Comissão de Recursos Naturais da Câmara dos EUA.

O deputado americano Raul Grijalva - Michael Reynolds-26.abr-22/Pool via REUTERS

"Peço ao sistema judicial brasileiro que responsabilize os autores destes assassinatos horríveis. O governo brasileiro deveria permitir a uma entidade independente conduzir uma investigação intensiva e transparente. As famílias e amigos de Dom e Bruno merecem justiça, e podem ter certeza de que o mundo estará olhando de perto", prosseguiu Grijalva. "A perda deles é uma notícia devastadora para a comunidade internacional, para o jornalismo e os direitos indígenas no Brasil e ao redor do mundo".

Outro deputado americano e democrata, Mark Pocan também lamentou as mortes e pediu ações. "Jornalistas deveriam ter segurança para fazer seu trabalho, não importa o que estão investigando, se é pesca irregular, desmatamento ilegal ou governos corruptos", disse à Folha. "Espero que o governo brasileiro e os governos ao redor do globo garantam que assassinatos brutais como esse nunca se repitam."

Pocan, 57, representa o estado de Wisconsin e integra um dos comitês de Orçamento, responsável por verbas ligadas à agricultura e desenvolvimento rural.

Em uma rede social, o deputado democrata Jim McGovern fez outro pedido por esclarecimentos. "Estou triste e indignado pelos assassinatos brutais de Dom Phillips e Bruno Pereira no Brasil. Deve haver justiça por suas mortes, e seu trabalho para proteger os direitos dos povos indígenas deve continuar", postou o representante, de Massachussets.

O desaparecimento de Dom e Bruno gerou questionamentos do governo americano às autoridades brasileiras na semana passada, quando o presidente Jair Bolsonaro e alguns ministros estiveram em Los Angeles, para participar da Cúpula das Américas.

O ministro da Justiça, Anderson Torres, teve uma reunião com John Kerry, assessor especial do governo de Joe Biden para o clima, para falar sobre preservação ambiental. No encontro, ele disse a Kerry que o governo brasileiro estava fazendo todo o possível para encontrar os dois.

O governo Biden colocou a proteção a jornalistas e ativistas de direitos humanos como parte de seu esforço para ajudar a defender a democracia no continente. Novas ações para defender e fortalecer a imprensa e o trabalho do terceiro setor foram debatidas na Cúpula das Américas e também na Cúpula da Democracia, realizada pelo governo americano em dezembro de 2021.

O indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira, 41, e do jornalista britânico Dom Phillips, 57, estavam desaparecidos na Amazônia desde 5 de junho. A dupla viajava de barco no extremo sudoeste do estado do Amazonas e visitava comunidades na vizinhança da Terra Indígena Vale do Javari, que abriga o maior número de povos isolados na floresta amazônica.

Na quarta (15), a Polícia Federal anunciou, depois de dez dias de buscas, que o pescador Amarildo da Costa Oliveira confessou participação no assassinato dos dois. Oliveira, conhecido como Pelado, indicou às autoridades onde havia enterrado os corpos, bem como ocultado a lancha em que viajavam Bruno e Dom. A polícia ainda apura a motivação do crime.

Pereira trabalhou por uma década na Funai, onde atuou como coordenador da Vale do Javari e de Povos Isolados. Tinha ampla experiência na área, onde escolheu seguir trabalhando após ser exonerado do governo federal.

Jornalista, Phillips acompanhava o indigenista para buscar informações sobre o sistema de autodefesa dos povos locais contra invasões de garimpeiros, madeireiros, caçadores e pescadores ilegais. Ele preparara um um livro sobre como salvar a floresta

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