Embaixada britânica se diz profundamente preocupada com desaparecimentos de indigenista e jornalista

Bruno Pereira e Dom Phillips são procurados desde o último domingo (5)

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Brasília

Cresce a pressão sobre o governo brasileiro no caso do desaparecimento do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips.

Nesta quinta-feira (9), a chefe da Embaixada do Reino Unido no Brasil, Melanie Hopkins, afirmou que seu governo vem dando apoio à família de Phillips neste momento que ela chamou de angustiante.

"Estamos profundamente preocupados que o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira ainda não tenham sido encontrados", afirmou.

Disse que se mantém em contato com autoridades brasileiras do "mais alto nível" para tratar do caso.

"Entendemos que a localização remota da região impõe desafios logísticos consideráveis e já solicitamos ao governo brasileiro que faça todo o possível para apoiar a investigação do caso. Agradecemos a assistência prestada até o momento."

Pessoas com flores e com cartaz pedindo que Dom Phillips e Bruno Pereira sejam encontrados
Manifestação em frente à Embaixada do Brasil em Londres, nesta quinta-feira (9) - Toby Melville/Reuters

Pereira e Phillips desapareceram no último domingo (5), quando voltavam de uma viagem ao Lago do Jaburu para a cidade de Atalaia do Norte, no Vale do Javari (Amazonas).

O brasileiro, servidor licenciado da Funai e referência do movimento indigenista, era colaborador da Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) e levava o jornalista para acompanhar as atividades de uma equipe de vigilância da instituição.

Os dois saíram de Atalaia do Norte na quinta e retornavam na manhã de domingo, quando desapareceram. Phillips é colaborador do jornal The Guardian, vivia no Brasil há 15 anos cobrindo questões socio-ambientais e estava escrevendo um livro sobre a Amazônia.

O pronunciamento de Melanie Hopkins, que é a chefe da diplomacia do Reuno Unido no Brasil —a embaixada está sem embaixador oficial no momento—,acontece às vésperas da Cúpula das Américas, que teve sua abertura nesta quinta.

Antes, na última terça-feira (7), a liderança indígena Sonia Guajajara, coordenadora da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), se encontrou com o assessor especial dos Estados Unidos John Kerry, e criticou a ação do governo Bolsonaro no caso até então.

Ela divulgou o encontro que teve com o americano nesta terça, acusando o governo de omissão no caso e contando que pediu a Kerry um posicionamento da Casa Branca sobre a violência no Brasil com os indígenas.

"Acabei de encontrar o enviado especial do Clima do governo Biden aqui no evento da Time e tive a oportunidade de falar sobre o desaparecimento do Dom e Bruno no vale do Javari, pedi a ele um posicionamento", escreveu Guajajara, que é pré-candidata a deputada federal pelo PSOL.

O americano respondeu, então, que iria acompanhar o caso. O presidente Jair Bolsonaro (PL) terá um encontro com o presidente dos EUA, Joe Biden, durante a Cúpula das Américas.

As investigações e buscas reúnem diversas frentes: Marinha, Exército, PF (Polícia Federal), PM (Polícia Militar), Polícia Civil, Força Nacional, Funai (Fundação Nacional do Índio) e também a Univaja.

Até agora, foram ouvidas seis pessoas, uma sob condição de suspeita e as outras, como testemunhas.

Segundo pessoas ligadas às investigações, o suspeito é o pescador Amarildo, conhecido como Pelado. A Polícia Militar diz que testemunhas avistaram a sua lancha seguindo o barco de Pereira e Phillips na manhã em que eles desapareceram.

Pelado foi preso, mas não por sua relação com o caso, mas por flagrante de posse de munição restrita. Sua embarcação foi apreendida.

A PF afirmou, também nesta quinta, que analisa possíveis materiais genéticos encontrados na lancha e que podem conter informações que ajudem a solucionar o caso.

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