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Ex-Secom ganha apoio de Flávio e volta ao entorno de Bolsonaro para campanha

Empresário Fábio Wajngarten deve tentar fazer ponte entre o governo federal e emissoras de TV

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Brasília

Mais de um ano depois de deixar o Palácio do Planalto em meio a uma disputa sobre a estratégia de comunicação do governo, o empresário Fábio Wajngarten voltou a Brasília para atuar na campanha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Wajngarten comandou a Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) entre abril de 2019 até o início do ano passado, quando foi exonerado do cargo.

O fiador do seu retorno ao núcleo de conselheiros próximos ao presidente foi o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do mandatário que atua como coordenador-geral da campanha.

Ainda não está definido qual cargo formal Wajngarten terá junto ao governo. Interlocutores dizem que o mais provável é que ele atue como assessor especial da Presidência.

Wajngarten é aliado de primeira hora de Bolsonaro e trabalhou na sua campanha de 2018. Sua gestão à frente da Secom foi marcada por desentendimentos com a imprensa e por desgastes internos no Planalto e em ministérios estratégicos.

Fabio Wajngarten, chefe da Secom, e Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio da Alvorada, em Brasília - Ueslei Marcelino/Reuters - 19.nov.2019

De volta a Brasília, a expectativa é que o ex-secretário tente estabelecer pontes entre o governo, a campanha e os veículos de comunicação, principalmente as emissoras de televisão, a exemplo do que fez há quatro anos.

A campanha do presidente vive hoje um racha entre profissionais de marketing ligados ao centrão e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), que comanda a estratégia do presidente nas redes sociais.

De modo geral, a leitura é que a comunicação precisaria melhorar —diagnóstico que acompanha o governo desde o primeiro ano do mandato e que, com a proximidade do pleito, converteu-se numa das principais preocupações do entorno de Bolsonaro.

Além de Wajngarten e Carlos, entre outros profissionais, a equipe de comunicação da campanha é formada por Duda Lima, marqueteiro do PL, e Sérgio Lima, que atua como uma espécie de conselheiro em estratégia.

Ele trabalhou como publicitário do partido que Bolsonaro tentou criar mas que nunca saiu do papel, a Aliança pelo Brasil.

Wajngarten e Sérgio Lima, no entanto, protagonizaram nos bastidores conflitos desde o início do governo. Tanto que aliados temiam que a chegada do ex-Secom pudesse resultar em novas disputas.

Os dois se encontraram na sexta (10) e fizeram as pazes. Procurado, Wajngarten disse que pretende aliar sua experiência com veículos de comunicação tradicionais com a expertise de seu ex-desafeto em temas digitais.

O publicitário Duda Lima, por sua vez, produziu as inserções na TV que foram criticadas por Carlos nas redes sociais.

Quando deixou o governo no ano passado, Wajngarten tinha somado embates com o ministro das Comunicações, Fábio Faria, com integrantes do gabinete da Presidência e com militares.

Na gestão Wajngarten, a cúpula militar chegou a reclamar com o presidente sobre notas à imprensa divulgadas pela Secom durante o período mais agudo da pandemia que, segundo os oficiais, deveriam ter sido produzidas pelo Ministério da Saúde.

Além disso, em 2020, a Folha revelou que Wajngarten recebia, por meio de uma empresa da qual era sócio, dinheiro de emissoras de televisão e de agências de publicidade contratadas pela própria Secom, ministérios e estatais do governo federal.

À época, o empresário se defendeu e afirmou que não havia nenhum conflito de interesse no caso.

A disputa pelo comando das estratégias de comunicação é uma constante na carreira política de Bolsonaro desde que ele se lançou ao Planalto.

A interferência de Carlos na área também é alvo de críticas internas desde o início do governo, mas ele se consolidou como o principal conselheiro do pai para assuntos de comunicação digital.

Tanto que no PL não há qualquer ambição de tentar reduzir a influência de Carlos, considerada hoje incontornável para quem assessora o presidente em assuntos de mídias.

A aposta do núcleo político, contudo, é que Bolsonaro não se reelegerá, como em 2018, apenas com redes sociais. Dessa forma, será preciso investir nas ferramentas tradicionais de campanha, como inserções de rádio e TV.

O presidente está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No último Datafolha, o petista apareceu 21 pontos à frente do mandatário, com 48% ante 27%.

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