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Haddad, França e Rodrigo reagem contra plano de Tarcísio de mudar sede do governo

Ex-ministro bolsonarista quer levar o Executivo paulista para perto da cracolândia

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São Paulo

Fernando​ Haddad (PT), Márcio França (PSB) e Rodrigo Garcia (PSDB), três dos principais postulantes ao Governo de São Paulo, criticam o plano do também pré-candidato Tarcísio Freitas (Republicanos) de transferir a sede do Executivo estadual do atual Palácio dos Bandeirantes para o centro da capital paulista.

Para eles, a ideia é ineficaz e mostra desconhecimento de Tarcísio, nascido no Rio de Janeiro, sobre questões paulistas.

A iniciativa foi revelada por Tarcísio na quarta-feira (1º), como uma "possibilidade concreta" de sua gestão caso ele seja eleito governador em outubro deste ano. Para o ex-ministro da Infraestrutura, trazer "o centro do poder" para a região ajudaria a revitalizar o local e até a acabar com a cracolândia.

O Palácio dos Bandeirantes é o edifício-sede do Governo de São Paulo e residência oficial do governador
O Palácio dos Bandeirantes é o edifício-sede do Governo de São Paulo e residência oficial do governador - Governo do Estado

Na avaliação de Haddad, a mudança da sede do Governo de SP do Morumbi, na zona oeste, para o centro de São Paulo teria pouco impacto na revitalização da região porque o local já abriga sedes de diferentes órgãos e secretarias da administração municipal e estadual.

"Só faltava o Palácio dos Bandeirantes, que é a residência oficial do governo", disse o petista ao comentar o assunto em evento do qual participou na Câmara Municipal de Atibaia, na manhã desta quinta (2).

"Ele não conhece [São Paulo]", disse o ex-prefeito sobre o ex-ministro. "Você vai falar: 'Conhece o edifício Sampaio Moreira?' Ele não vai saber o que é. 'Conhece a Praça das Artes?' Ele não vai saber o que é? Já assistiu a uma ópera no [Theatro] Municipal?' Provavelmente não assistiu. 'Você já visitou a Prefeitura de São Paulo?' Provavelmente não."

Durante a fala do também ex-ministro da Educação, um espectador afirmou que Tarcísio não deve saber o que é o edifício Copan. Ao que o pré-candidato emendou, com ironia: "O Copan ele [Tarcísio] acha que é um copo grande. Ele não tem ideia do que é São Paulo. Quando você nunca morou num lugar, é difícil. Ele vai decorar algumas coisas, mas não vai funcionar".

Para França, "é um equívoco levar repartição pública para lá [centro paulistano], porque ela só funciona em horário de expediente e à noite [o local] continua esvaziado". "Não tem nenhum sentido levar a sede do governo, porque não é útil para nada. É típico de quem não conhece o estado", diz.

"O centro de São Paulo tem que ter habitação", defende o ex-governador.

"As próprias repartições que já existem lá, algumas secretarias de estado, têm que sair e ser transformadas em habitação popular, em pequenos apartamentos no formato que nós falamos: o empresário constrói, nos entrega pronto e nós compramos para as pessoas morarem. Já tem emprego, saúde e o resto do lado ", segue o pré-candidato.

O ex-governador propõe ainda a "interiorização" de algumas sedes de secretarias estaduais, levando-as para diferentes municípios paulistas, "pra fazer o estado todo se sentir presente"

Por meio de nota, o atual governador Rodrigo Garcia endossa o coro de que o bolsonarista "não vive e não conhece a realidade de São Paulo".

"Do contrário, saberia que 12 secretarias do Governo de SP já estão no centro da capital e que há em curso um amplo programa de revitalização da região, com inúmeros equipamentos culturais", acrescenta o texto.

A assessoria de Tarcísio afirma que o projeto de realocar a sede do Executivo paulista ainda está sendo desenhado pela coordenação do projeto de governo, que é encabeçada pelo economista Guilherme Afif Domingos.

O pré-candidato mencionou o plano em evento do Sindhosp (sindicato patronal do setor privado de saúde) ao se questionado por uma jornalista.

Em sua fala, ele apontou a mudança da sede administrativa do Governo de SP para o centro como um catalisador para a revitalização do centro paulistano.

"Você vai andando no centro da cidade, na direção da Barra Funda, da Lapa, da Vila Leopoldina e na margem da linha do trem você vai vendo uma série de vazios, galpões abandonados, áreas propícias para a habitação de interesse social, de médio padrão, de empreendimentos comerciais. Ali você tem muito potencial construtivo", disse ele.

Também afirmou que a cracolândia só acabará "no dia em que as pessoas estiverem circulando no centro". "Não tem nada melhor para revitalizar o centro de São Paulo do que levar o poder para o centro de São Paulo."

Ele citou a praça Princesa Isabel, na qual "caberia perfeitamente um centro administrativo de São Paulo".

"Se o poder estiver lá, as pessoas voltam a circular, a segurança pública é reforçada, a atividade comercial vem, a vida volta, os terrenos se valorizam e a gente volta à normalidade", apontou.

Em parte do século passado, o governo paulista já esteve no Palácio dos Campos Elíseos, na avenida Rio Branco, na região central. O Palácio dos Bandeirantes, atual sede do governo paulista desde 1965, está localizado no Morumbi, na zona oeste, a cerca de 15 km da praça da Sé, no centro paulistano.

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