Homem interrogado no AM em caso de desaparecidos é preso por porte ilegal de munição

Prisão em flagrante, no entanto, não está relacionada ao caso, que segue em investigação

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

A Polícia Militar do Amazonas prendeu nesta terça-feira (7) um homem que foi ouvido nas investigações sobre o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. A prisão, no entanto, não tem relação direta com o caso.

O homem, conhecido como Pelado, foi preso em flagrante por "posse de munição de uso restrito e permitido", segundo afirmou a Secretaria da Segurança Pública do Amazonas —com ele, foram apreendidos chumbinhos e também balas de fuzil.

O delegado da Polícia Civil do caso, Alex Perez, disse que a ligação dele com o desaparecimento de Pereira e Phillips ainda está em apuração. Eles não são vistos desde o último domingo (5).

Indigenistas da Funai fazem ato vigília pelo o desaparecimento de Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips
Indigenistas da Funai fazem ato vigília pelo o desaparecimento de Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips - Gabriela Biló - 7.jun.2022/Folhapress

Pelado, que atende pelo nome de Amarildo, foi encontrado na terça pela PM e é uma das cinco pessoas que até agora foram ouvidas nas operações de busca da dupla.

Segundo o Governo do Amazonas, até agora, quatro pessoas foram ouvidas como testemunhas e uma, na condição de suspeita.

Pessoas ligadas às investigações dizem que ele é quem foi interrogado como suspeito, mas essa informação não foi confirmada oficialmente pela Secretaria da Segurança Pública do estado.

Segundo Eliésio Marubo, advogado da Univaja (União dos Povos Indígenas do Javari), pelado "fez algumas ameaças contra a equipe" da entidade no último final de semana. O grupo era acompanhado por Pereira e Phillips.

Dias antes da viagem, Marubo, Pereira e outros membros da Univaja haviam recebido uma carta com ameaças de morte.

Dentre as outras pessoas ouvidas pela polícia até agora, estão os também pescadores Jâneo e Churrasco —ambos foram liberados na noite da última segunda-feira (6), após o depoimento.

Churrasco, inclusive, é quem Pereira e Phillips iria encontrar na manhã de domingo, quando retornavam de uma viagem.

Eles chegaram a passar pela comunidade de São Rafael, mas não o encontraram. Então seguiram viagem no retorno para a cidade de Atalaia do Norte, mas no meio do caminho, desapareceram.

A secretaria da Segurança diz que "está tomando todas as medidas cabíveis para auxiliar na elucidação do caso, em colaboração ao Ministério Público Federal, Polícia Federal e Funai [Fundação Nacional do Índio]".

O subcomandante da Polícia Militar do Amazonas, coronel Agenor Teixeira Filho, afirmou que duas pessoas chegaram a ser detidas para averiguação nesta terça-feira (7), por terem desavenças anteriores com Pereira.

No entanto, elas não foram presas, e a secretaria não confirma oficialmente se tratarem de suspeitos do desaparecimento.

O subcomandante disse que elas estavam custodiadas pela Polícia Federal no município de Tabatinga para serem ouvidas. "Tudo está sendo investigado para que a gente possa ter mais informações e entender o que ocorreu com os dois", afirmou.

Nesta quarta-feira (8), já foram retomadas as buscas por Pereira e Phillips. Entre os envolvidos, estão Funai, Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Federal, Exército, Marinha e Força Nacional, além da Univaja.

Ainda nesta quarta, a juíza federal Jaiza Maria Pinto Fraxe, da 1ª Vara Ciível do Amazonas, determinou que o governo federal atenda imediatamente a pedidos de apoio operacional para a busca dos dois desaparecidos.

"Determino à ré União que efetive imediatamente obrigação de fazer no sentido de viabilizar o uso de helicópteros, embarcações e equipes de buscas, seja da Polícia Federal, seja das Forças de Segurança ou das Forças Armadas, tendentes a localizar as pessoas Bruno Pereira e Dom Phillips", assinou Fraxe na decisão.

Servidor de carreira da Funai (Fundação Nacional do Índio) desde 2010, Pereira pediu licença depois de ter sido exonerado da Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém-Contatados, na qual esteve por 14 meses.

Ele foi dispensado do cargo em outubro de 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), e desde então passou a trabalhar na Univaja.

Antes, fez carreira no Vale do Javari e chegou a ser coordenador regional de Atalaia do Norte. Ele acompanhava Dom Phillips, que realizava registros jornalísticos sobre o local e a atuação da instituição.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.