O que a pesquisa Datafolha revela sobre Lula, Bolsonaro, Ciro Gomes e Simone Tebet

Levantamento mostra estabilidade nas intenções de voto e na reprovação do atual governo

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Rio de Janeiro

A pesquisa Datafolha realizada na semana passada mostrou um cenário de estabilidade tanto nas intenções de voto quanto na avaliação do atual governo, confirmando uma polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de outubro.

O petista segue à frente, com 19 pontos percentuais de vantagem, sem movimentos significativos da chamada terceira via. O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) continua distante, e a senadora Simone Tebet (MDB-MS) permanece bem atrás.

O Datafolha ouviu 2.556 eleitores em 181 cidades na última terça (22) e quarta-feira (23). A margem de erro do levantamento, contratado pela Folha e registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o número 09088/2022, é de dois pontos percentuais para mais ou menos.

Confira abaixo, em nove pontos, os principais resultados divulgados até agora.

Lula, Bolsonaro Bolsonaro, Ciro Gomes e Simone Tebet
Lula, Jair Bolsonaro, Ciro Gomes e Simone Tebet - Eduardo Anizelli, Pedro Ladeira e Zanone Fraissat/Folhapress

1. Cenário permanece estável

Lula registrou 19 pontos de vantagem, marcando 47% das intenções de voto no primeiro turno, contra 28% de Bolsonaro. O cenário é semelhante ao da pesquisa passada, realizada em 25 e 26 de maio, apesar da agudização da crise econômica e política envolvendo o governo federal.

O presidente é seguido a distância por Ciro Gomes (PDT), que oscilou de 7% para 8% entre os dois levantamentos. O pedetista segue isolado num patamar abaixo do que havia conseguido em suas três tentativas anteriores de chegar à Presidência.

Abaixo, vêm outros dez candidatos empatados tecnicamente no pelotão dos que têm de 2% para baixo, liderado numericamente pelo deputado André Janones (Avante-MG). A senadora Simone Tebet (MDB-MS) oscila de 2% para 1%, sem conseguir reverter suas vitórias políticas em viabilidade eleitoral até aqui.


2. Lula venceria em primeiro turno

Lula tem 53% dos votos válidos, excluindo votos brancos e nulos, e venceria em primeiro turno, já que para isso é necessário que o candidato some 50% mais um. Sob essa métrica, usada pela Justiça Eleitoral para a contagem final do pleito, Bolsonaro tem 32% das intenções e Ciro, 10%.

O cenário é novamente de estabilidade: na pesquisa passada, feita em maio, Lula tinha 54%, Bolsonaro, 30%, e Ciro, 8%.


3. Lula ganharia de Bolsonaro e Ciro no segundo turno

Se enfrentar Bolsonaro, o petista ganha por 57% a 34%, números semelhantes aos levantados pelo instituto em maio (58% e 33%, respectivamente). Já se o adversário for Ciro, que foi seu ministro nos anos 2000, Lula ganha por 53% a 31% (eram 55% a 29%).

Numa terceira possibilidade, Ciro fica à frente de Bolsonaro, com 51% contra 37% (eram 52% e 6%). A cristalização do cenário eleitoral a cem dias do pleito é vista por políticos como uma confirmação do caráter de segundo turno antecipado que se formou, embora ainda haja bastante chão pela frente.


4. Bolsonaro segue com a maior rejeição entre os pré-candidatos

A pesquisa aponta que 55% dos brasileiros não votariam no atual presidente. Ele é mais rejeitado por desempregados (66% não o escolheriam), pretos (63%), nordestinos (62%), estudantes (62%), mulheres (61%), católicos (61%), jovens (60%) e os mais pobres (60%).

Lula fica em segundo lugar: 35% dizem que não o apoiariam. No seu caso, os grupos mais refratários são empresários (61%), mais ricos (57% entre quem ganha de 5 a 10 mínimos), pessoas com nível superior (46%), evangélicos (46%), espíritas (46%), moradores do Centro-Oeste (43%) e homens (41%).

Os índices de ambos são semelhantes aos registrados pelo Datafolha na pesquisa anterior, em maio. De lá para cá, os candidatos mais abaixo na disputa registraram um aumento de sua rejeição, fruto provável de sua exposição.

A recusa em votar em Ciro subiu de 19% para 24%. Já o deputado André Janones (Avante) viu sua rejeição ir de 9% para 14%, mesmo índice da senadora Simone Tebet (MDB). Ambos também dividem o mesmo grau de conhecimento do eleitor: 23% e 25%, respectivamente.


5. 70% dos eleitores dizem estar decididos

Vem aumentando a parcela de eleitores que estão decididos sobre seu voto na eleição presidencial. Essa fatia era de 67% em março, 69% em maio e agora é de 70%, o que pode explicar em parte o quadro de estabilidade da pesquisa Datafolha mais recente.

Lula e Bolsonaro têm os eleitorados mais fiéis, com 79% e 78% de convictos, respectivamente. O índice oscilou positivamente em relação ao levantamento passado, em maio, quando o petista tinha 78% e o atual presidente tinha 75%.

Já Ciro enfrenta um cenário inverso: a maior parte de seu eleitorado (66%) responde que ainda pode mudar de voto. O pedetista segue sendo aquele com maior chance de receber o voto do eleitor caso ele mude de ideia, sendo citado como alternativa por 22% dos entrevistados.


6. Filhos e companheiros são os que mais influenciam voto

Influências externas devem ter baixo peso na definição do voto. A opinião de filhos e companheiros terá muita importância para 22% dos eleitores, à frente de membros da imprensa (17%), amigos próximos (16%), figuras das redes sociais (15%) e líderes religiosos (13%).

Por outro lado, os filhos não terão nenhuma influência para 62% e os companheiros, para 59%. Esse número também gira em torno de 60% nos outros segmentos.


7. Avaliação de Bolsonaro segue estável em meio a crises

A reprovação ao governo seguiu estável do fim de maio até agora, o que fez Bolsonaro se manter como o presidente eleito pior avaliado a essa altura do mandato desde a redemocratização. Sua gestão é rejeitada por 47%, contra 48% na rodada anterior.

Aqueles que o acham regular oscilaram de 27% para 26% no período, enquanto os que acham seu governo ótimo ou bom foram de 25% para 26%.

A pouco mais de três meses das eleições, Bolsonaro também permanece sem a credibilidade plena da maioria dos brasileiros. Uma parcela de 53% da população diz nunca confiar nas declarações do mandatário, percentual que oscilou dentro da margem de erro (era de 56%).


8. Bolsonaro empatou com Lula no Sul, mas Lula encostou em Bolsonaro entre mais ricos

Considerando as regiões do país, houve uma oscilação negativa de Lula no Sul (de 36% para 31% dos votos espontâneos) e uma oscilação positiva de Bolsonaro no Nordeste (de 15% para 18%), mas dentro das margens de erro.

Em maio, a diferença entre Lula e Bolsonaro era de 11 pontos no Sul. Agora é de 3 pontos, ou seja, em situação de empate técnico. Já no Nordeste, a diferença a favor do petista passou de 34 para 30 pontos percentuais entre uma pesquisa e outra.

Já nas faixas de renda, Bolsonaro superou o rival entre os que ganham de cinco a dez salários mínimos. O atual presidente passou de 32% para 42%, enquanto o petista variou de 33% para 28%. A diferença entre eles agora é de 14 pontos percentuais, ou seja, fora da margem de erro de 6,5 pontos.

O presidente, porém, teve um recuo na vantagem sobre Lula na faixa acima de dez salários mínimos. Seus eleitores espontâneos oscilaram de 44% para 41%, à medida que o concorrente passou de 26% para 35%. A diferença, portanto, recuou de 18 para 6 pontos, configurando também empate técnico.


9. Lula mantém dianteira entre negros e católicos, e Bolsonaro lidera entre evangélicos

Lula e Bolsonaro oscilaram entre o eleitorado que se declara branco e negro. O petista passou de 38% em maio para 36% em junho entre pardos, e de 44% para 42% entre pretos, sempre dentro das margens de erro. No sentido contrário, Bolsonaro oscilou de 22% para 24% no primeiro grupo e de 17% para 20% no segundo.

O petista, portanto, continua tendo ampla vantagem entre negros. Entre brancos, ambos avançaram à medida que a indecisão dos eleitores diminuiu: o ex-presidente variou de 30% para 32%, e o atual mandatário, de 27% para 30%.

Considerando a religião dos eleitores, Lula manteve a vantagem entre católicos: 42% deles o preferem, enquanto 20% escolhem Bolsonaro. O presidente, por outro lado, continuou na dianteira entre evangélicos: 36% deles pretendem votar nele, ao passo que 28% optam pelo petista.

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