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Perícia da PF confirma que corpo encontrado no AM é de Dom Phillips

Pescador confessou ter assassinado Dom Phillips e indigenista Bruno Pereira, na região do Vale do Javari

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Na última quarta-feira, populares aguardam nas imediações do porto de Atalaia do Norte (AM) a chegada dos policiais com os corpos de Bruno e Dom

Na última quarta-feira, populares aguardam nas imediações do porto de Atalaia do Norte (AM) a chegada dos policiais com os corpos de Bruno e Dom Pedro Ladeira/Folhapress

Brasília

A Polícia Federal informou nesta sexta-feira (17) que parte dos remanescentes humanos encontrados na quarta (15), na região do Vale do Javari, é do jornalista britânico Dom Phillips, 57.

De acordo com a corporação, a confirmação ocorreu a partir de exame de odontologia legal, combinado com antropologia forense.

"Encontram-se em curso os trabalhos para completa identificação dos remanescentes, para a compreensão das causas das mortes, assim como para indicação da dinâmica do crime e ocultação dos corpos", disse a corporação, em nota.

A PF realiza as perícias também para identificar os restos mortais do indigenista Bruno Pereira, 41, que desapareceu com Dom em 5 de junho.

Na última quarta-feira (15), a PF disse que um dos suspeitos investigados pelo desaparecimento de Bruno e Dom confirmou participação no assassinato deles.

De acordo com a PF, o pescador Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, indicou às autoridades onde havia enterrado os corpos, bem como ocultado a lancha em que viajavam Bruno e Dom. Agora, a corporação aguardará os resultados de perícias para identificar se os restos humanos encontrados são deles.

A perícia também vai determinar a causa da morte e a arma utilizada no crime. Segundo a PF, Pelado disse que as mortes ocorreram com disparo de arma de fogo.

De acordo com Eduardo Alexandre Fontes, superintendente da PF no Amazonas, foram encontrados corpos 3,1 km mata adentro. Segundo ele, não teria sido possível encontrar os restos humanos nesse período de tempo caso não houvesse a confissão de Pelado. ​

Mais cedo, a Polícia Federal afirmou em nota que as investigações indicam que não existem mandantes nem facções envolvidas e que os executores agiram sozinhos.

"As investigações prosseguem e há indicativos da participação de mais pessoas na prática criminosa. As investigações também apontam que os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito", afirmou.

O comunicado indignou a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari). De licença não remunerada na Funai (Fundação Nacional do Índio), Bruno Pereira trabalhava como fomentador da vigilância indígena na instituição.

"O requinte de crueldade utilizado na prática do crime evidencia que Pereira e Phillips estavam no caminho de uma poderosa organização criminosa que tentou a todo custo ocultar seus rastros durante a investigação", afirma a entidade indígena.

A Univaja afirma que o grupo criminoso é formado por caçadores e pescadores profissionais e foi descrito em documentos enviados ao Ministério Público Federal, à própria PF e à Funai.

Oseney de Oliveira, o Do Santos, é irmão de Pelado e foi preso na terça-feira (14). Ele é considerado suspeito de participação no crime.

Dos Santos disse não ter participação no assassinato. Pelado também nega que seu irmão tenha agido no caso, segundo fontes ouvidas pela Folha.

Como mostrou a Folha, investigadores que atuam no caso têm afirmado reservadamente que as evidências e provas até o momento reforçam a hipótese de que as atividades ilegais de pesca e a caça na região são o pano de fundo do caso.

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, pediu nesta sexta-feira (17) que o governo brasileiro preste contas da morte de Bruno e Dom e garanta que a justiça seja feita.

"Nossas condolências às famílias de Dom Phillips e Bruno Pereira, assassinados por apoiar a conservação da floresta tropical e dos povos nativos. Nós pedimos por prestação de contas e justiça —devemos fortalecer de forma coletiva os esforços para proteger defensores do meio ambiente e jornalistas", escreveu no Twitter o porta-voz da diplomacia americana.

O caso aumentou a pressão internacional sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL). Na quarta-feira (15), antes da descoberta dos remanescentes humanos, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que estava "muito preocupado" com o desaparecimento do britânico.

Após dizer que Bruno Pereira e Dom Phillips faziam uma "aventura não recomendada" pelo Vale do Javari, Bolsonaro desejou nesta quinta-feira (16) sentimentos e confortos aos familiares do indigenista e do jornalista britânico.

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