Bolsonaro, que já estimulou 'fuzilar a petralhada', diz que dispensa apoio de quem é violento

Presidente se manifesta depois que políticos condenaram assassinato de petista por bolsonarista

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Brasília

Em sua primeira manifestação sobre o assassinato do militante petista Marcelo Arruda por um bolsonarista, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que dispensa o "apoio de quem pratica violência contra opositores", mas, no mesmo pronunciamento, atacou a esquerda.

"Dispensamos qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda, que acumula um histórico inegável de episódios violentos", escreveu o chefe do Executivo.

A manifestação do presidente foi publicada em seu perfil nas redes sociais somente após as 19h, depois que praticamente todos os espectros políticos já haviam se manifestado em repúdio, sem condicionantes, ao episódio ocorrido na noite de sábado em Foz do Iguaçu, Paraná.

A maioria dos aliados do presidente, geralmente bastante ativa nas redes sociais, preferiu o silêncio.

"É o lado de lá que dá facada, que cospe, que destrói patrimônio, que solta rojão em cinegrafista, que protege terroristas internacionais, que desumaniza pessoas com rótulos e pede fogo nelas, que invade fazendas e mata animais, que empurra um senhor num caminhão em movimento", disse Bolsonaro.

"Falar que não são esses e muitos outros atos violentos mas frases descontextualizadas que incentivam a violência é atentar contra a inteligência das pessoas. Nem a pior, nem a mais mal utilizada força de expressão, será mais grave do que fatos concretos e recorrentes", acrescentou.

Bolsonaro é desde antes de chegar à Presidência um dos principais políticos que insuflam o antipetismo e já chegou a usar termos como "fuzilar a petralhada" —fato que foi lembrado por eleitores em meio à repercussão do caso em Foz do Iguaçu.

O chefe do Executivo disse ainda que sua manifestação replica uma mensagem emitida em 2018 e que o fazia "independente das apurações".

"Que as autoridades apurem seriamente o ocorrido e tomem todas as providências cabíveis, assim como contra caluniadores que agem como urubus para tentar nos prejudicar 24 horas por dia", disse.

Após a publicação de Bolsonaro, os filhos do presidente, que também mantiveram silêncio sobre o episódio durante o dia, seguiram a mesma linha de condenar a violência, mas com críticas aos adversários.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) classificou o assassinato de Arruda como um "ato isolado". "Repudio o atentado contra a vida do guarda municipal de Foz do Iguaçu. Um ato isolado e irresponsável, que absolutamente nada tem a ver com as pautas que defendemos para o Brasil", escreveu.

"Não somos assim, não precisamos de mais 'Adélios', não podemos e não vamos nos igualar à esquerda", acrescentou o senador, em referência a Adélio Bispo, autor da facada contra Bolsonaro em 2018.

Na publicação, Flávio também incluiu um vídeo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz um agradecimento ao ex-vereador Manoel Eduardo Marinho, conhecido como Maninho do PT, em seu discurso em ato com apoiadores em Diadema, São Paulo, neste sábado (9).

Maninho é réu junto com o filho sob a acusação de tentativa de homicídio qualificado contra o empresário Carlos Alberto Bettoni, empurrado na rua em 2018.

O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) acusou Lula de ter sido "o responsável pelo aumento da violência no Brasil ao nível de guerra civil", enquanto Bolsonaro teria promovido "a maior redução [da violência] em décadas". Ele também usou o discurso do petista para criticá-lo.

"Não adianta fingir que não é fácil entender quem está do lado e quem está contra a violência. Enquanto Lula agradece pela violência em sua defesa, Bolsonaro dispensa esse tipo de apoio desde 2018. Enquanto um defende quem mata cidadão por um celular, o outro defende a vítima", disse Carlos.

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