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Candidatura coletiva ao Senado é aposta do PT com Olívio Dutra no RS

Ex-governador, de 81 anos, capitanearia um trio composto por ele e seus dois suplentes

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Porto Alegre

Sem conseguir ampliar alianças em torno do pré-candidato ao governo do estado, Edegar Pretto, o PT gaúcho lançou como candidato ao Senado um ícone veterano do partido, o ex-governador Olívio Dutra, porém com uma nova roupagem.

Aos 81 anos, Olívio deve encabeçar uma "candidatura coletiva", modalidade que ganhou força nas eleições municipais de 2020 em que um candidato ao Legislativo representa um grupo de três ou mais pessoas.

Lançamento da pré-candidatura de Olívio Dutra ao Senado; da esquerda para a direita, a deputada federal Maria do Rosário (PT), Olívio, o pré-candidato a governador e deputado estadual Edegar Pretto e o senador Paulo Paim (PT) - Caue Fonseca/Folhapress

"Queremos fazer um mandato de respeito à diversidade e à pluralidade. Nós queremos que todos nós possamos continuar a ser sonhadores, mas com a planta do pé bem plantada no chão para a gente nem errar o passo nem negar o estribo para o povo", disse Olívio, com o tradicional vocabulário gauchesco.

Em dezembro de 2021, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deliberou sobre candidaturas coletivas. Uma resolução da corte autorizou que as urnas eletrônicas, ao exibir o nome do candidato, mencionem que ele representa um grupo ou coletivo de apoiadores.

Porém, na mesma deliberação, o ministro Carlos Horbach esclareceu que, do ponto de vista jurídico, as candidaturas coletivas não existem. Ou seja: o direito a voto, falas em plenário, imunidade, salário, verba de gabinete e afins segue sendo apenas do candidato registrado junto ao TSE e consagrado na eleição.

Em Porto Alegre, sete candidaturas coletivas foram lançadas nas eleições municipais de 2020. A maioria delas era formada por setores com baixa representatividade na política, como mulheres negras e pessoas LGBTQIA+.

Uma delas, o coletivo Vamos Juntas, representado por Reginete Bispo (PT), ficou na 39ª posição para as 36 vagas na Câmara Municipal, conquistando a suplência. Com a licença maternidade de uma vereadora, Reginete assumiu o mandato em nome de um grupo de cinco "covereadoras", como elas se denominam, composto por ela, Josiane França, Karina Ellias, Nara de Oxalá e Thayná Brasil.

No caso de Olívio, o modelo não deverá ser tão heterodoxo. A ideia é que os dois suplentes a senador, cargos que são indicados em qualquer candidatura convencional, sejam nomes com participação ativa no mandato, formando uma espécie de trio de senadores com apenas uma cadeira.

O formato pode funcionar com um pouco mais de legitimidade do que as candidaturas coletivas apresentadas em 2020.

Enquanto os mandatos coletivos funcionariam extraoficialmente, suplentes a senador podem assumir o lugar do titular. Basta que ele se licencie. Uma vez eleito, nada impede que haja um rodízio entre ele e os nomes da suplência, se o titular assim desejar.

O PT promete anunciar até a sua convenção do próximo domingo (31) quem serão esses dois nomes a acompanhar Olívio. A única antecipação é que, por desejo do ex-governador, um deles será uma mulher. O partido não respondeu se os cargos serão oferecidos aos demais partidos da federação: PC do B e PV.

No evento, o PT deve anunciar ainda o nome para ser vice de Pretto.

Olívio havia sido candidato pela última vez em 2014 ao mesmo cargo. Na ocasião, perdeu por uma margem apertada (2,1%) para Lasier Martins (Podemos, à época no PDT), que neste ano deve concorrer à reeleição, mas ainda não encontrou uma coligação.

Há oito anos, Lasier recém havia deixado de ser apresentador de TV. Agora, deve ter menos exposição.

Antes de anunciar Olívio, o PT havia oferecido a vaga ao PSOL, mas o partido optou por lançar uma chapa pura com os vereadores porto-alegrenses Pedro Ruas e Roberto Robaina respectivamente a governador e senador.

A vaga na chapa do PT também ficou em aberto à espera do PSB, mas o partido não abriu mão da candidatura ao Governo do RS de Beto Albuquerque. No sábado (23), o partido confirmou a candidatura em convenção.

Embora distante de cargos eletivos desde 2002, quando deixou o Palácio Piratini sem concorrer à reeleição, Olívio é um dos quadros mais populares do PT gaúcho e um nome competitivo para disputa em que despontavam como favoritos Hamilton Mourão (Republicanos), oficializado no final de semana na coligação de Onyx Lorenzoni (PL), e a ex-senadora Ana Amélia Lemos (PSD), ainda sem coligação.

Lasier, Robaina e Comandante Nadia (PP), que forma coligação com o senador e candidato a governador Luis Carlos Heinze (PP), são os outros principais nomes na disputa.

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