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Bomba caseira atinge ato com Lula no Rio em novo ataque à pré-campanha de petista

Suspeito foi detido após lançar artefato explosivo em evento na Cinelândia; petista evita falar do caso, que não deixou feridos

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Rio de Janeiro

Um ato com apoiadores do ex-presidente Lula na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, foi alvo na noite desta quinta-feira (7) de um artefato explosivo que agravou a tensão na pré-campanha do petista, alvo de seguidos episódios de ataques nos últimos meses.

A bomba caseira, aparentemente feita de garrafa PET, foi lançada do lado de fora da área isolada em frente ao palanque, antes da chegada de Lula.

O ex-presidente Lula durante evento na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli/ Folhapress

Segundo a Polícia Militar do Rio, "um homem infiltrado no ato" foi detido e conduzido à delegacia após ter arremessado "um artefato explosivo de festas juninas" na área cercada pelo palco.

O suspeito foi autuado em flagrante por crime de explosão. Aos policiais civis ele admitiu ter jogado uma garrafa com explosivo de festa junina e urina.

A explosão ocorreu ao lado dos banheiros químicos —e seguida de um cheiro ruim sobre a área.

Participantes se afastaram correndo do ponto onde a bomba foi jogada, que estava mais esvaziado do que a parte central da praça.

Após três estampidos, a apresentadora do ato pediu calma aos espectadores. Não houve correria generalizada. Logo em seguida, foram proferidos gritos contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).

A assessoria de Lula disse que "estouraram dois artifícios de fogos, causando barulho, jogados de fora para dentro da área do ato". "Mas ninguém se feriu nem houve tumulto", afirmou.

Esquema de segurança na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, para evento com Lula - Eduardo Anizelli/ Folhapress

Nas últimas semanas, a campanha de Lula foi alvo de outros ataques, incluindo um cerco ao carro do petista em Campinas (SP) e um episódio com drone em Minas Gerais, além da invasão de um evento com o ex-presidente.

A Cinelândia abrigou nesta quinta, sob forte esquema de segurança, o primeiro palanque em praça pública desde o lançamento oficial da pré-candidatura de Lula à Presidência da República.

Uma área de aproximadamente 5.000 metros quadrados foi cercada na praça central da cidade, localizada próximo ao palco montado. O setor tem capacidade para 7.000 pessoas.

A área isolada ocupou toda a parte frontal do Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara Municipal.

No palanque, Lula ignorou a disputa ao Senado no Rio entre o PT e o PSB e também evitou comentar o ataque ocorrido antes de sua chegada.

Nem Lula nem os demais políticos que discursaram mencionaram o ataque com artefato explosivo.

A disputa pelo espaço como candidato ao Senado gerou constrangimentos no evento. O presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano (PT), e o deputado federal Alessandro Molon (PSB) trocaram ataques indiretos em discursos e disputaram espaço nos materiais de campanha no ato.

Ceciliano teve espaço privilegiado no palanque, com vídeo e jingle sendo apresentados nos telões. Ele discursou com a presença de Lula no palco e atacou "covardes" que deixaram o partido em momentos de crise. Foi uma indireta a Molon, que deixou a sigla em 2015.

A equipe de Molon, por sua vez, enviou militantes com placas com seu nome junto de Freixo e Lula. Também realizou uma mega projeção na fachada de um prédio bem à vista do palco.

O deputado do PSB discursou antes da chegada de Lula e não ficou no palco após a chegada do ex-presidente.

Em seu discurso, Lula não se posicionou na disputa. Fez questão apenas de apresentar Freixo como seu único candidato a governador, mas nada falou sobre o Senado.

O ex-presidente também afirmou que, caso eleito, irá reverter os sigilos de cem anos impostos por Bolsonaro "no primeiro decreto que eu fizer", e que o país precisa "gostar de livros, e não de armas, de amor, e não de ódio".

Uma hora e meia antes do evento já havia confusão e empurra-empurra para entrar no espaço mais próximo ao palco.

Desde o lançamento de sua pré-candidatura, o ex-presidente tem privilegiado atos em locais com algum controle de acesso, como centro de convenções ou estacionamentos de estádios.

Em Salvador, Lula caminhou na rua na celebração do dia da Independência da Bahia, em 2 de julho, mas discursou no estacionamento do estádio da Fonte Nova.

A segurança do ex-presidente foi reforçada após o protesto de um bolsonarista durante o ato de lançamento das diretrizes do programa de governo da chapa Lula-Alckmin.

Ao todo, três manifestantes driblaram o esquema de segurança e entraram no salão onde ocorria o evento, restrito a convidados. Não havia detectores de metal na entrada do salão. Os cerca de 150 convidados não foram submetidos à revista.

A abordagem do manifestante, que se aproximou Lula e Geraldo Alckmin sem que fosse detido por um segurança, provocou um alerta na cúpula petista.

Após o incidente, a necessidade de novos protocolos de segurança foi discutida com o próprio candidato.
Foi a segunda vez que a estrutura de segurança foi facilmente burlada. A primeira vez aconteceu no casamento do petista, no dia 18 de maio.

Incidentes também têm ocorrido do lado de fora dos locais de eventos.

No dia 15 de junho, apoiadores de Lula foram atingidos por um líquido de forte odor lançado por um drone que sobrevoou os arredores do Unitri (Centro Universitário do Triângulo), onde horas depois Lula se reuniria com o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD).

Bolsonaristas têm feito cerco à agenda do ex-presidente. No dia 5 de maio, durante viagem a Campinas, eles cercaram o carro em que o petista deixava um condomínio onde tinha almoçado.

Sempre refratário a esquemas mais ostensivos de segurança, Lula tem sido convencido da necessidade de reforçar sua proteção em eventos públicos e restritos. Segundo petistas, sua segurança pessoal também ganhou reforço.

Para os grandes eventos, já há um rígido protocolo. O público é previamente cadastrado pelas delegações de partidos.

Chegando aos estádios e centros de convenções, os participantes são submetidos a detector de metal, passando, em seguida, por uma fila montada segundo ordem alfabética. Identificados, recebem pulseiras de acesso. Nos locais, é proibido o uso de cartazes cujos cabos podem ferir militantes.

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