Descrição de chapéu Eleições 2022

Lira quebra silêncio de 9 dias e defende sistema eleitoral após fala de Bolsonaro

Presidente repetiu teorias da conspiração sobre urnas eletrônicas a embaixadores na semana passada

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Brasília

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), rompeu o silêncio de nove dias sobre as mais recentes declarações golpistas de Jair Bolsonaro (PL) e disse confiar no sistema eleitoral brasileiro.

A declaração foi dada ao lado do presidente, durante a convenção nacional do PP que declarou apoio à sua reeleição.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, cumprimenta o presidente Jair Bolsonaro com o deputado Ciro Nogueira entre eles - Gabriela Biló/Folhapress

O chefe do Executivo se reuniu, na semana passada, com embaixadores estrangeiros para questionar a legitimidade das urnas eletrônicas.

"A Câmara dos Deputados fala quando é necessário falar, não quando querem obrigá-la a falar. Eu dei mais de 20 mensagens mundo afora e internas no Brasil de que sempre fui a favor da democracia e de eleições transparentes e confio no sistema eleitoral", disse Lira.

"Instituições no Brasil são fortes, são perenes e não são e nunca serão redes sociais. Não podemos banalizar as palavras das autoridades no Brasil. Não farão isso com a Câmara dos Deputados enquanto eu for presidente", completou.

Enquanto o parlamentar discursava, uma mulher na plateia gritava "urnas auditáveis". A convenção ocorreu no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, e estava lotado de parlamentares e apoiadores.

Políticos, empresários e representantes da sociedade civil se manifestaram contra as declarações de Bolsonaro. A Febraban (Federação Brasileira de Bancos), por exemplo, foi a mais recente a anunciar que vai assinar um manifesto organizado por entidades da sociedade civil em defesa da democracia.

Mas Lira, aliado do Planalto, não havia dado nenhuma declaração até a tarde desta quarta. Ele vinha sendo cobrado a sair em defesa do sistema eleitoral.

Depois do evento, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), disse a jornalistas acreditar na confiabilidade das urnas, mas que cabe "aperfeiçoamento".

"Acredito [nas urnas], só não acho que elas são infalíveis. Isso aí eu sempre disse. Não há nada que não possa ser aperfeiçoado. Mas eu acredito totalmente [nas urnas]", disse.

Nogueira disse ainda ter certeza que o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] será "sensível" a ampliar a transparência.

No dia 18, Bolsonaro convidou dezenas de embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada para repetir teorias da conspiração sobre urnas eletrônicas, desacreditar o sistema eleitoral, promover novas ameaças golpistas e atacar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

O chefe do Executivo concentrou suas críticas nos ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso.

Fachin é o atual presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Barroso presidiu a corte eleitoral, e Moraes deve comandar o tribunal durante as eleições.

O mandatário acusou o grupo de querer trazer instabilidade ao país, por desconsiderar as sugestões das Forças Armadas para modificações no sistema, a menos de três meses da disputa.

"Por que um grupo de três pessoas apenas quer trazer instabilidade para o nosso país, não aceita nada das sugestões das Forças Armadas, que foram convidadas?", disse.

O presidente da Câmara foi eleito com apoio do Planalto. Ele esteve ao lado de Bolsonaro nesta quarta-feira, e de Ciro Nogueira (Casa Civil) também.

No último domingo, quando o PL oficializou o presidente como candidato à Presidência, os dois dirigentes do PP participaram do evento, com camisa escrita Bolsonaro e o número de urna do PL, 22.

Lira foi exaltado pelo chefe do Executivo por três vezes em seu discurso.

"Cabra da peste" e "irmão de longa data" foram alguns dos termos usados pelo presidente para qualificar o aliado.

A aliança do governo com o PP consolidou aproximação com o centrão, que garantiu estabilidade para o governo, no momento em que patinava no Congresso e era alvo de dezenas de pedidos de impeachment, todos eles travados por Lira.

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