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Lula sugere não medir forças com bolsonaristas no 7 de Setembro

Avaliação é que parada militar será o dia D de Bolsonaro e presidente irá para 'tudo ou nada'

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São Paulo

Por sugestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), movimentos sociais planejam para 10 de setembro —e não dia 7— a mobilização da Semana da Pátria.

Programado para ser sua maior manifestação do ano, o ato acontecerá três dias depois de completados os 200 anos da proclamação da Independência.

A escolha da data parte da avaliação de que o 7 de Setembro deverá ser o dia D para a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na avaliação de aliados de Lula, o atual mandatário deverá incentivar mobilizações, além da própria parada militar, para dar uma demonstração de poder.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Evaristo Sá-12.jul.22/AFP

Essa agenda foi tema de reunião da coordenação da campanha de Lula, no último dia 11. Representantes de movimentos sociais levaram à mesa propostas para a comemoração do 7 de Setembro.

Segundo participantes, avaliou-se que Bolsonaro irá para "o tudo ou nada" no dia da Independência, seja em busca de uma virada na disputa presidencial ou em mais uma tentativa de deslegitimar o processo eleitoral.

Por isso, não seria recomendável medir forças com bolsonaristas nas ruas do país. O grau de animosidade dos apoiadores do presidente, avaliam, dependerá de sua situação nas pesquisas eleitorais.

Mantida a liderança de Lula nas pesquisas de intenção de voto, a agressividade dos simpatizantes de Bolsonaro será proporcional à vantagem do ex-presidente, acredita-se.

Ainda segundo presentes, o próprio Lula desencorajou a realização de um ato apenas como resposta aos bolsonaristas, que terão a máquina administrativa a seu favor.

O ideal, ponderou, é que seja organizado um ato que reúna apoiadores, incluindo artistas e intelectuais, em torno de um tema, como combate à fome e defesa da soberania nacional.

Na tarde desta sexta-feira (22), os organizadores definiram como mote o "dia nacional de mobilização unitário em defesa da democracia, por eleições livres e contra a violência".

Um dos integrantes da comissão responsável pela organização, o coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, afirma que a definição da data não tem apenas o objetivo de evitar hostilidade nas ruas.

"O debate que a gente faz é: será o caso de jogarmos peso na mobilização do 7 de Setembro apenas para fazermos uma contraposição, para uma medição de forças?", justifica.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos coordenadores da campanha de Lula, diz que o dia da independência é para celebrar o Brasil e a união dos brasileiros e que Bolsonaro "dá sentido partidário" à data.

"A ideia é fazer algo diferente da proclamação ao ódio que o Bolsonaro fará. Não queremos entrar na disputa e nas provocações."

"Achamos, inclusive, que Bolsonaro está sendo pouco inteligente. Ele lucraria muito mais se fizesse um ato cívico, de união nacional, em vez de um ato eleitoral de divisão dos brasileiros", afirma o parlamentar.

Outro aliado de Lula afirma ainda que organizar um ato no mesmo dia das manifestações convocadas por Bolsonaro colocaria em risco a segurança dos participantes.

Na reunião com Lula foi criada uma comissão encarregada do planejamento das atividades na Semana da Pátria.

Pelo simbolismo, foi discutido também um ato no dia 5 de setembro, data em que é celebrado o Dia da Amazônia.

No dia 18 de julho, Bolsonaro reuniu embaixadores no Palácio da Alvorada, com objetivo de lançar dúvidas sobre a lisura do processo eleitoral. A iniciativa do presidente pesou para opção por um movimento "em defesa da democracia, por eleições livres e contra a violência".

Pela proposta inicialmente encaminhada ao comando da campanha de Lula e ainda não aprovada, no dia 7 de Setembro o ex-presidente deverá participar de um ato longe da turbulência das grandes cidades, optando, por exemplo, por Ouro Preto, em Minas Gerais, marco dos inconfidentes.

Na data, também deverá ocorrer o Grito dos Excluídos —conjunto de manifestações de alas católicas criado em 1995—, mas sem pretensão de concorrer em tamanho com os bolsonaristas.

Como uma espécie de aquecimento, a retomada das manifestações que integram a Campanha Fora, Bolsonaro acontecerá no dia 6 de agosto. A expectativa, porém, é que o grande ato seja o de 10 de setembro, em São Paulo.

Ao não disputar espaço com os bolsonaristas, os movimentos sociais também se livram de comparações, como no ano passado, quando as manifestações em defesa do governo superaram, em número, os atos do Grito dos Excluídos.

No ano passado, ato pró-Bolsonaro de raiz golpista na avenida Paulista reuniu 125 mil pessoas, segundo estimativa do governo paulista, enquanto manifestação da oposição contou com 15 mil participantes, no Vale do Anhangabaú.

Na avenida Paulista, Bolsonaro exortou desobediência a decisões da Justiça.

"Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Dizer a vocês, que qualquer decisão do senhor ​Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou", afirmou Bolsonaro.

No mesmo ato, Bolsonaro afirmou também que as únicas opções para ele são ser preso, ser morto ou a vitória, afirmando na sequência, porém, que nunca será preso. "Dizer àqueles que querem me tornar inelegível em Brasília: só Deus me tira de lá."

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