Descrição de chapéu Eleições 2022

Márcio França alega defesa da democracia ao justificar desistência e apoio a Haddad

Ex-governador publicou vídeo em suas redes sociais na tarde desta sexta (8) anunciando sua decisão

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São Paulo

O ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) anunciou na tarde desta sexta-feira (8) que não irá mais disputar o Governo de São Paulo nas eleições de outubro.

Em vídeo publicado nas redes sociais, França alegou a defesa da democracia ao justificar sua desistência de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes e declarou apoio ao ex-prefeito Fernando Haddad (PT).

Apesar de não citar no vídeo, o ex-governador deverá concorrer ao Senado na chapa de Haddad, com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB).

No começo da semana, França chegou a informar ao comando do PSB e a candidatos do partido a sua decisão.

O ex-governador Márcio França (PSB)
O ex-governador Márcio França (PSB) - Reprodução

No vídeo, o ex-governador diz que havia se comprometido e que quem liderasse as pesquisas de intenção de voto poderia ser o candidato do campo político da esquerda na capital paulista.

"E aqui tem palavra, você sabe disso. É por isso que eu decidi apoiar agora a candidatura do Fernando Haddad para governador. Ele reuniu essas condições e está na frente nas pesquisas. E é a hora de defender antes de tudo a democracia", diz o ex-governador (veja abaixo).

No vídeo, França afirma ainda que em seus 40 anos de vida pública nunca viu "o Brasil numa situação tão grave", cita a miséria e a fome e diz que o único caminho para mudar essa situação é "eleger juntos pessoas comprometidas com o resgate de nossos direitos".

"Nessa situação de emergência, nós temos que pensar em todos e não em projetos pessoais", diz ele.

"Fernando, vai você. Nós vamos juntos! Vamos buscar os nossos melhores dias. Eu abro mão da candidatura porque eu não abro mão dos meus princípios. Sempre fui assim. A democracia vai prevalecer e eu continuo sendo o mesmo Márcio França que não abre mão dessa democracia", continua o ex-governador.

Ainda na postagem, o ex-governador afirma que segue sendo o mesmo de sempre, "independente, dono das minhas próprias ideias, sem medo e comprometido com o desenvolvimento" de São Paulo e do Brasil. O ex-presidente Lula retuitou o vídeo de França no Twitter.

Na noite desta sexta, Haddad publicou um vídeo no qual agradece o apoio. "E você será o nosso senador", afirma, embora França não tenha citado o assunto em sua declaração.

França deverá participar neste sábado (9) de ato em Diadema, Grande São Paulo, ao lado de Lula, Alckmin e Haddad. ​Também deverão comparecer representantes dos partidos que compõem a coligação em torno da candidatura do ex-presidente.

O ex-governador vinha há meses driblando a pressão do PT ao insistir em sua candidatura. Ele argumentava que teria chances de atrair eleitores de centro-direita refratários a Haddad.

No começo do ano, aliados de Haddad avaliavam que era positiva a presença de França na corrida eleitoral, porque o ex-governador disputaria votos do centro e da direita, atrapalhando o crescimento das candidaturas do atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), que busca a reeleição, e do ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

No entanto, o próprio Haddad defendia naquele momento a união logo no primeiro turno, avaliava que o simbolismo desse gesto era mais forte do que cálculos eleitorais e que era importante refletir a aliança entre Lula e Alckmin no estado.

Ainda assim, havia grande pressão pela desistência de França.

Ela aumentou quando o líder sem-teto Guilherme Boulos (PSOL) desistiu de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes para se lançar deputado federal pela sigla, em março, e, mais recentemente, com a desistência do apresentador José Luiz Datena (PSC) de disputar o Senado por São Paulo.

Como a Folha mostrou, ao comunicar de sua desistência a aliados, França contou que impôs como condição ser o único candidato do Senado na coligação.

A concordância com essa exigência contrariou o PSOL, que se diz excluído da negociação e ameaça lançar um candidato ao Senado caso não ocupe espaço majoritário na chapa.

No Twitter, o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, afirmou que a desistência de França é uma "boa notícia" e reforçou a importância dos partidos encontrarem uma "composição que respeite o peso de cada um, ajude a fortalecer a campanha de Lula no estado e reconheça os gestos feitos pela unidade".

O anúncio da desistência de França é o terceiro fato político nesta semana que incide diretamente na disputa do Governo de São Paulo.

Na quarta (6), o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, informou a parlamentares da legenda a decisão de apoiar o ex-ministro Tarcísio de Freitas na disputa. O ex-prefeito Felício Ramuth (PSD) será o vice na chapa.

No dia seguinte, ​a União Brasil, partido com maior fundo eleitoral e mais tempo de televisão, anunciou seu apoio ao atual governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, que busca a reeleição. Essa decisão ocorreu após o partido ameaçar romper com o tucano e o presidente da legenda, Luciano Bivar, admitir ter aberto conversas com Haddad e Tarcísio.

A última pesquisa Datafolha, divulgada em junho, mostra Haddad com 34%, e Tarcísio e Rodrigo empatados com 13%.

A decisão de França também deverá impactar o cenário nacional —ainda há alguns estados onde o PT e o PSB não chegaram a um acordo para montagem de palanques.

Em encontro da cúpula do PSB no fim de junho, os dirigentes definiram que acertos com o PT seriam negociados em blocos, com vários estados ao mesmo tempo.

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