Descrição de chapéu vale do javari

Polícia Federal prende suspeito de mandar matar Bruno e Dom

Homem apresentou documento falso e nega envolvimento nos crimes

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Manaus

A Polícia Federal prendeu um suspeito de ser o mandante do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. O crime ocorreu no início de junho, na região do Vale do Javari, no Amazonas.

Em entrevista nesta sexta-feira (8), o superintendente da PF, Eduardo Alexandre Fontes afirmou que o homem, conhecido como Colômbia, confirmou que mantém relação comercial de pesca na região com um dos assassinos confessos: Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado.

Indígenas protestam sobre o assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips - Nelson Almeida - 24.jun.22/AFP

A PF investiga a verdadeira identidade do suspeito. Os documentos apresentados inicialmente por ele eram brasileiros, com nome Rubens Vilar Coelho.

Durante o depoimento, Colômbia afirmou que nasceu em Letícia e, ao ser questionado, apresentou documentos colombianos com nome Rubem Dario da Silva Vilar.

Fontes disse que há ainda suspeita de que ele tenha uma terceira documentação com nacionalidade peruana. A polícia está em contato com as autoridades do país para descobrir em cartórios da região onde de fato Colômbia nasceu.

A principal linha de investigação do crime até agora é que os pescadores atuam na pesca ilegal na terra indígena Vale do Javari em relações comerciais com traficantes na área de fronteira. O superintendente afirma que não há provas, mas que a PF investiga se Colômbia tem relação com tráfico de drogas.

"Sobre a relação com os pescadores, ele cita que tem relação, que compra peixe, segundo ele, de forma lícita. Então, tem uma relação comercial com essas pessoas, inclusive, o Pelado, ele cita", afirmou Fontes sobre o depoimento de Colômbia à PF na noite desta quinta (7) em Tabatinga, quando foi preso por uso de documentos falsos.

De acordo com o superintendente, o suspeito nega participação e mando nos assassinatos de Bruno e Dom. E sustentou que a relação dele com o comércio da pesca na região é legal.

"Estamos apurando se há uma participação na pesca ilegal ou se é apenas uma relação comercial, como disse ele. Se ele participa, se ele financiaria a pesca ilegal."

O suspeito se apresentou espontaneamente à PF, nesta quinta, e, segundo a polícia, afirmou que tinha como objetivo esclarecer informações que estão sendo divulgadas na mídia a respeito do nome dele de relação com o crime e com o tráfico de drogas.

"Ele nega qualquer participação nesse duplo homicídio. Nega ser mandante. Mas durante sua apresentação ao delegado federal que conduzia o caso, ele apresenta o documento falso."

O superintendente afirmou que, além dos quatro suspeitos presos, outros cinco nomes são investigados por participação no crime de ocultação de cadáver, mas, em razão da pena, não há parâmetros que sustentem prisão temporária ou preventiva deles.

No caso da prisão de Colômbia, segundo o delegado, o uso de documentos falsos prevê prisão acima de quatro anos, o que não permite pagamento de fiança por medida estipulada pelo delegado.

Ele afirmou que na audiência de custódia, PF ou Ministério Público Federal devem pedir prisão preventiva do suspeito para evitar fuga em função dos vários documentos falsos de nacionalidade do suspeito.

Em entrevista coletiva em Manaus, o superintendente afirmou que aguarda para esta sexta a decisão da Justiça Federal em Tabatinga confirmando que o crime é de competência federal.

A definição, afirma Fontes, é importante inclusive para análise a respeito do pedido de prisão preventiva dos presos e assassinos confessados Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado; Oseney da Costa Oliveira, o Dos Santos; e Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha.

"Estamos avançando no campo investigatório para saber de fato o que ocorreu. Se existem ou não mais criminosos e aguardando os laudos periciais após a reprodução simulada dos fatos", disse o superintendente.

Nesta semana, a juíza responsável pelo processo, Jacinta Silva dos Santos, da comarca de Atalaia do Norte (AM), decidiu enviar o caso para a Justiça Federal. Ela atendeu a um pedido feito pelo Ministério Público do Amazonas, que considerou que o caso é de competência federal.

Segundo a juíza, o relatório das investigações feitas pela Polícia Civil e pela Polícia Federal conclui que a motivação do crime estaria relacionada com os direitos indígenas, tema de responsabilidade da Justiça Federal.

Nesta sexta também vence o prazo das prisões dos outros suspeitos de participação no crime.

O assassinato de Bruno e Dom envolveu um grupo de pescadores ilegais, que atuam principalmente com pesca do pirarucu, segundo indícios coletados nas investigações.

O indigenista era um dos responsáveis pelo serviço de vigilância indígena implementado pela Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari).

Esses vigilantes apontavam diariamente a presença de invasores na terra indígena e nas imediações. Foram esses mesmos indígenas que empreenderam as buscas pelos corpos.

Com Wanderley Preite Sobrinho, do UOL

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