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PSB escala rival e usa máquina para desidratar Marília Arraes em PE

Pré-candidata do Solidariedade sofre baixas após PP e Pros decidirem apoiar PSB

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Recife

Na busca pela manutenção da hegemonia em Pernambuco, o PSB fez uma ofensiva nos últimos dias para provocar baixas na pré-candidatura de Marília Arraes (Solidariedade) ao governo estadual. Além disso, a sigla pessebista escalou uma desafeta política da deputada para a vice do pré-candidato a governador Danilo Cabral (PSB).

Alicerçado no controle da máquina pública, o PSB impediu que o PP fosse para o palanque da adversária e retirou o Pros da aliança de Marília, que disputa com Danilo Cabral (PSB) os votos ligados ao ex-presidente Lula (PT) em Pernambuco.

Apesar de o PT apoiar o pré-candidato do PSB oficialmente, Marília segue usando a imagem de Lula e citando o petista em discursos. O PSB governa Pernambuco desde 2007 e, se vencer em 2022, chegará a 20 anos no poder no estado.

Para manter o PP e atrair o Pros, o PSB promoveu nomeações em duas secretarias estaduais —​Agricultura e Prevenção à Violência e às Drogas— e em duas estatais. Os nomeados são ligados ao deputado federal Eduardo da Fonte (PP).

Dudu da Fonte, como é conhecido localmente, além de comandar o PP, tem forte influência no Pros em Pernambuco. Ele articulou para que o partido fosse para as mãos do ex-deputado Bruno Rodrigues em março. Qualquer movimento a ser feito na formação de alianças contemplaria os dois partidos, o que ampliou o poder de negociação da dupla partidária com o PSB e antes com Marília.

Danilo Cabral de camisa branca sorrindo com o plano fundo branco. Marília Arraes vestida de blusa vermelha sorri.
Danilo Cabral (PSB) e Marília Arraes (Solidariedade) disputam os votos ligados a Lula na disputa pelo Governo de Pernambuco. Crédito: Divulgação PSB e Marília Arraes no Facebook - Divulgação PSB e Marília Arraes no Facebook

Além disso, o PSB entregou as bases de Danilo Cabral nos municípios para ajudar a eleger Eduardo da Fonte e o filho dele, Lula da Fonte. Como Danilo disputará o governo, o espólio de prefeitos e vereadores aliados será transferido para manter o PP na aliança.

Cacique do PP local, Eduardo da Fonte estava diretamente envolvido nas articulações para a campanha de Marília Arraes em maio e no início de junho. A saída da aliança com o PSB, que está em vigor desde 2006, era dada como certa nos bastidores.

Em troca da migração para Marília, Da Fonte pediu as bases eleitorais dos deputados federais André de Paula (PSD) e Sebastião Oliveira (Avante), respectivamente pré-candidatos a senador e a vice-governador na chapa da deputada.

No entanto, de acordo com aliados de Eduardo da Fonte, André de Paula se mostrou resistente a determinar que aliados apoiassem o presidente estadual do PP ou o filho dele para a disputa de deputado federal.

Em maio, quando André de Paula se lançou ao Senado, Eduardo da Fonte apareceu durante a entrevista à imprensa para externar apoio à pré-candidatura dele ao Senado. A declaração se deu antes mesmo de André se aliar a Marília e romper com o PSB, numa aparente sinalização de que a mudança de lado estava encaminhada.

Como as promessas de receber apoios em troca não teriam sido cumpridas, ele decidiu não mais romper com o PSB. Agora, o PP deverá apoiar Teresa Leitão (PT), que disputará o Senado na chapa de Danilo Cabral.

A permanência do PP na aliança do PSB é tida como fundamental para Danilo Cabral para garantir ao pré-candidato apoiado pelo governador Paulo Câmara (PSB) o maior tempo de propaganda no rádio e na televisão a partir de agosto. Ao mesmo tempo, impediu que Marília Arraes ampliasse o seu tempo.

Os programas eleitorais de rádio e TV serão usados pelo PSB para, entre outras ações, fazer críticas a Marília Arraes e reafirmar o apoio de Lula a Danilo Cabral.

Marília Arraes é tida como a principal opositora do PSB. Além de crítica aos governos do partido desde que rompeu com a sigla em 2014, a pré-candidata do Solidariedade tem uma briga com a família Campos, influente na política pernambucana.

Apesar das baixas, Marília segue com apoio de PSD, Avante e do partido Agir 36. Na liderança nas pesquisas eleitorais, a campanha dela tem priorizado agora a parte programática. Antes, fez ajustes na equipe de comunicação e trocas de integrantes.

Outra estratégia do PSB para atacar Marília Arraes será colocar Luciana Santos (PC do B) como vice na chapa de Danilo Cabral.

Ela é a atual vice-governadora, mas, como não exerceu essa função no primeiro mandato de Paulo Câmara, poderá disputar a reeleição para o mesmo cargo.

Luciana Santos é desafeta política de Marília Arraes. Em 2018, a comunista fez parte da linha de frente da articulação para a retirada da candidatura da então petista ao Governo de Pernambuco. O acordo envolveu ainda a saída de Márcio Lacerda, à época no PSB, da disputa pelo governo de Minas Gerais e a neutralidade do PSB na disputa presidencial, isolando Ciro Gomes (PDT) à época.

Como a articulação foi fechada como queria o PSB de Pernambuco, Luciana passou a ser ainda mais da confiança dos pessebistas.

Uma das táticas planejadas pelo PSB é colocar Luciana para questionar a ligação de Marília Arraes com Lula e pontos contraditórios na trajetória da neta de Miguel Arraes. A vice-governadora é também presidente nacional do PC do B e próxima ao ex-presidente Lula, fazendo parte do núcleo da campanha presidencial do petista ao Planalto.

O palanque governista entende que uma mulher, no caso Luciana, teria mais voz de autoridade para fazer o embate político com Marília durante a campanha. A pré-candidata ao Senado, Teresa Leitão, é vista com ressalvas nesse sentido.

Teresa era um dos nomes mais próximos de Marília quando ela era do PT. Além disso, o PSB avalia que a deputada estadual não tem característica de partir para ataques pessoais, caso seja necessário, como na campanha para prefeitura do Recife em 2020 entre João Campos (PSB) e Marília Arraes, à época no PT.

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