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PSB oficializa Alckmin como vice de Lula sob indefinição de palanques

Em convenção no PSB, ex-governador disse torcer por uma vitória já no 1º turno

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Brasília

Após uma tímida convenção do Partido dos Trabalhadores chancelar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência, o PSB oficializou Geraldo Alckmin como vice-presidente da chapa durante encontro do partido, com presença de diversas lideranças políticas, nesta sexta-feira (29).

Apesar da aliança selada, ainda há uma série de entraves entre os dois partidos por acordos de palanques em diferentes estados do Brasil. O principal deles, no Rio de Janeiro, envolve o pré-candidato ao governo Marcelo Freixo e o pré-candidato ao Senado, Alessandro Molon, ambos socialistas.

Apesar disso, o tema não foi tratado nos discursos de Lula ou de Alckmin durante o evento, que trataram de enaltecer a união entre os dois, que, segundo Lula, tem potencial para ser uma "revolução pacífica".

Lula (esq.), Geraldo Alckmin (dir.) e o presidente do PSB, Carlos Siqueira (centro)
Lula (esq.), Geraldo Alckmin (dir.) e o presidente do PSB, Carlos Siqueira (centro) - Gabriela Biló/Folhapress

Em entrevista à Folha, antes do evento, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que o acordo em nível nacional é inabalável, mas não impede projetos diferentes para candidaturas regionais que disputem entre si.

A aliança no plano nacional não exime de ter alianças diferentes no plano estadual [...]. Eu chamo de diferenças. Não estamos brigando com o PT. Estamos disputando", afirmou.

O principal entrave atualmente está no Rio de Janeiro. Lá, o Partido dos Trabalhadores já indicou que deve apoiar Marcelo Freixo na corrida pelo governo do estado, mas quer que Alessandro Molon abra mão de sua candidatura ao Senado em favor do petista André Ceciliano.

"Eu sempre pedi para a direção nacional do PT apreciar essa possibilidade [de apoiar tanto Freixo quanto Molon]. O PT recentemente disse que não faria isso. E aí ficou esse quadro. Mas o PT fez uma concessão em Minas [abriu mão de um candidato próprio para apoiar um do PSD]. Eu achei que o PT pudesse fazer essa mesma concessão no Rio de Janeiro, com o Molon. No Rio, o quadro deles [Ceciliano] precisa dizer que apoia o Freixo para se acreditar que ele vai fazer a campanha para o Freixo. Estamos nesse sufoco para ver onde vamos chegar", disse Siqueira.

A cúpula do PSB já comunicou a Molon que a candidatura dele ao Senado ficou inviável. Até esta sexta (29), porém, ele resistia a abrir mão da disputa.

O imbróglio passou a envolver inclusive Alckmin, que entrou nas conversas para convencer Molon a desistir de vez e liberar caminho para o PT apoiar o nome de Freixo ao governo.

No Rio Grande do Sul, onde havia outro entrave, o PSB retirou a pré-candidatura do ex-deputado federal Beto Albuquerque ao governo do estado.

À Folha Siqueira também afirmou que a campanha deve concentrar esforços para conseguir uma vitória ainda no primeiro turno, tese endossada por Alckmin em sua entrevista.

Na última pesquisa de intenções de voto do Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (28), Lula aparece 18 pontos à frente de Jair Bolsonaro (PL) e, com 52% dos votos válidos, poderia vencer já no primeiro turno das eleições.

"A esperança tem nome, ela se chama Lula. E o futuro do Brasil é a realização dessa esperança, dessa esperança que, se Deus quiser, com o apoio e a força de todos nós haverá de se realizar já no dia dois de outubro", afirmou Alckmin.

O ex-tucano e agora socialista também rebateu as acusações de Bolsonaro contra as urnas, afirmando que "quem alega fraude tem de provar, e quem não prova, tem que ser punido pela farsa de acusar".

Lula lembrou o encontro do atual presidente com embaixadores de todo o mundo, e afirmou que as Forças Armadas devem respeitar suas funções estabelecidas pela Constituição —referência às insinuações recentes de possível interferência no processo eleitoral.

"O que nós precisamos é estabelecer relação de respeito, de que cada um cumpra com sua função, e não ter um presidente que trata as Forças Armadas como objeto na mão dele."

Lula endossou as críticas a Bolsonaro, segundo ele, um "resultado da destruição da política que foi feita em muitos momentos, por muita gente nesse país, incentivado por muitos dos meios de comunicação que tentam jogar lama na classe política, sem fazer separação e distinção".

"Na história da humanidade, toda vez que se negou a política, o resultado foi sempre o fascismo, o nazismo", completou.

Estiveram presentes parlamentares dos dois partidos, políticos de siglas aliadas —PC do B, Rede e PV—, pré-candidatos aliados e nomes como Gleisi Hoffmann, presidente do PT, Aloizio Mercadante, coordenador da campanha e Carlos Siqueira, presidente do PSB.

Marcelo Freixo, que está no centro do entrave entre os partidos no Rio de Janeiro, também compareceu.

Freixo tem apoio da ala pernambucana do PSB, uma das mais influentes do partido, que iniciou um movimento pela retirada de Molon do páreo para o Senado. Nos bastidores da sigla, há um temor de que, caso o acordo no Rio não seja cumprido, o ex-presidente Lula não mantenha a exclusividade do apoio a Danilo Cabral (PSB) ao Governo de Pernambuco.

Em Pernambuco, o candidato do PSB a governador disputa o espólio de votos lulistas com Marília Arraes (Solidariedade). Ambos apoiam Lula, mas o ex-presidente tem reiterado que apoia apenas Danilo, seguindo o acordo nacional de PT e PSB.

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