Descrição de chapéu Eleições 2022 Rio de Janeiro

PSB retira pré-candidatura de Beto Albuquerque e poderá apoiar PT ao Governo do RS

Gleisi informa à cúpula petista oferta de vice ao PSB gaúcho e adia debate sobre aliança no RJ

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo e Recife

A cúpula petista foi informada nesta quarta-feira (27) da retirada da pré-candidatura do ex-deputado federal Beto Albuquerque ao Governo do Rio Grande do Sul.

Segundo relato da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), o PT ofereceu ao PSB a vice na chapa ao governo do estado, encabeçada pelo deputado estadual Edegar Pretto.

Beto Albuquerque, do PSB-RS
Beto Albuquerque, do PSB-RS - @Beto Albuquerque

Na terça-feira (26), Beto admitiu à Folha a hipótese de desistência. Mas disse que conversará nesta quinta (28) com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, sobre seu destino político.

"Sem recursos, não vai", disse Beto, reconhecendo dificuldades materiais para sua campanha.

Beto afirmou que também pretende se reunir nesta quinta com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, para traçar seu futuro político. Só depois deverá anunciar sua saída da corrida estadual.

Ex-deputado, Beto diz que não pretende voltar à Câmara dos Deputados. Em um primeiro momento, ele também descartou sondagem para disputa ao Senado.

O ex-governador Olívio Dutra (PT) deverá, então, concorrer ao Senado, oferecendo ao PSOL e PC do B um mandato coletivo, em que os titulares se revezariam no cargo. O PSOL tem, no entanto, pré-candidato ao governo do estado.

A viabilidade da candidatura de Beto dependia da construção de uma coligação em torno de seu nome. O ex-deputado reivindicava R$ 7 milhões do fundo eleitoral pessebista para realização de sua campanha.

Mas, segundo relatos, o PSB condicionava o suporte material à ampliação de sua aliança. O pré-candidato do PSB esperava o apoio do PDT, por exemplo, o que não se concretizou.

Com apoio de uma ala do PT, Beto tentou convencer os petistas da sua capacidade de atrair eleitores ao centro. Mas o PT manteve a decisão de lançar Edegar Pretto, em uma aliança com o PC do B.

A iminente desistência de Beto não representa apoio automático do PSB ao PT. No Rio Grande do Sul, uma parcela do partido trabalha por uma aliança com o tucano Eduardo Leite.

O PT adiou para a semana que vem debate sobre a montagem de palanque no Rio de Janeiro à espera de uma decisão do PSB estadual.

A pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Carlos Siqueira desembarcou nesta quarta-feira no Rio com a missão de convencer o deputado federal Alessandro Molon (PSB) a abrir mão da candidatura ao Senado em favor de André Ceciliano (PT).

Ao dissuadir Molon, Siqueira pretende esvaziar o argumento de petistas que ameaçam abandonar o palanque de Marcelo Freixo ao Governo do Rio sob o pretexto de que seu partido, o PSB, desrespeitou o acordo pelo qual, dentro da chapa, a vaga ao Senado caberia ao PT.

A ala pernambucana do PSB, uma das mais influentes do partido, também iniciou um movimento pela retirada de Molon do páreo para o Senado. Nos bastidores da sigla, há um temor de que, caso o acordo no Rio não seja cumprido, o ex-presidente Lula não mantenha a exclusividade do apoio a Danilo Cabral (PSB) ao Governo de Pernambuco.

Em Pernambuco, o candidato do PSB a governador disputa o espólio de votos lulistas com Marília Arraes (Solidariedade). Ambos apoiam Lula, mas o ex-presidente tem reiterado que apoia apenas Danilo, seguindo o acordo nacional de PT e PSB.

"O PSB fez uma aliança nacional com o PT. Os compromissos firmados devem ser cumpridos em todos os estados. No Rio de Janeiro, coube ao PSB indicar o candidato a governador, Marcelo Freixo. E cabe ao PT indicar o senador. Acordo é para ser cumprido!", escreveu Danilo no Twitter, nesta quarta.

Secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto é um dos que defendem a retirada de apoio a Freixo caso Molon mantenha sua candidatura ao Senado.

Tatto propõe que, nesse caso, o PT deixe a chapa encabeçada por Freixo e se alie ao candidato do PDT ao Governo do Rio, o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves. "Não aceitamos que Lula fique sem palanque. Se Molon descumprir o acordo, o PT se sentirá desobrigado de apoiar Freixo."

O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) entre o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) e o ex-presidente Lula (PT) - Divulgação

Nesta quarta, Tatto submeteria essa proposta à executiva nacional do PT. Mas, informado por Gleisi, decidiu esperar. Segundo ele, o PSB pediu prazo até sexta (29) para tua decisão final.

Embora uma ala minoritária do partido tenha até admitido a coexistência de dois postulantes ao Senado na coligação fluminense, Tatto quer que a cúpula aprove uma resolução afirmando que o PT deixará a aliança se Molon mantiver sua candidatura.

Diferentemente do PT, o estatuto do PSB não prevê a hipótese de intervenção caso os diretórios estaduais desobedeçam a decisões nacionais. Mas, além dos riscos à candidatura de Freixo, Siqueira teria outros argumentos para persuadir Molon a abrir mão da briga —entre eles, o boicote material à campanha.

Apoiado por Lula, Ceciliano, que é presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), tem bom trânsito com o governador do Rio, o bolsonarista Cláudio Castro (PL). A participação em atividades ao lado do governador tem alimentado desconfianças dentro do PSB.

Dizendo acreditar no sucesso de um acordo com o PSB, Tatto rebate: "Vai querer que ele [Ceciliano] faça campanha para o Freixo, se o PSB não faz campanha para ele?"

Gleisi, por sua vez, defende a manutenção da aliança com o PSB do Rio. Ela afirma que as candidaturas de Ceciliano e Freixo são complementares. Segundo a presidente, o pessebista tem fortes chances de chegar ao segundo turno. Na opinião dela, uma ruptura seria ruim.

"Temos um compromisso nacional com o PSB. A gente não sai desmontando as coisas assim. Mas queremos que o PSB cumpra o que prometeu. O compromisso nacional é com o PSB e do PSB é conosco também. Então o problema está com eles agora para ser resolvido. Eles que têm que resolver", diz.

Como a Folha mostrou, de acordo com dirigentes do PT, o Rio de Janeiro se tornou uma das fontes de preocupação da campanha de Lula à Presidência.

Foi detectada uma reação do presidente Jair Bolsonaro (PL) no estado, que é seu domicílio eleitoral. Na avaliação de petistas, o impulso do atual mandatário deve ser detido no intuito de evitar o segundo turno, garantindo uma vitória do ex-presidente já na primeira rodada do pleito.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.