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Tebet é confirmada candidata do MDB sob boicote de lulistas e com vice em dúvida

Alagoas e Paraíba não votaram; mais cedo, federação PSDB-Cidadania também chancelou nome da senadora

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Brasília

A senadora Simone Tebet (MS) foi confirmada nesta quarta-feira (27) pelo MDB como candidata à Presidência da República com boicote de estados como Alagoas e Paraíba, que apoiam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e sem definição sobre o vice a ser indicado pela federação PSDB-Cidadania.

A senadora recebeu 262 votos sim e 9 votos contrários dos 182 votantes —alguns têm mais de um voto. São 279 votantes no total —ou seja, 97 não votaram.

Mais cedo, o nome de Tebet foi aprovado por unanimidade pelos 19 votantes da federação PSDB-Cidadania. Ela foi apontada candidata única de MDB, PSDB e Cidadania em 18 de maio, mas precisava ter o nome chancelado nas convenções nacionais.

A convenção foi marcada por críticas de membros do partido alinhados ao presidente nacional, Baleia Rossi (SP), contra a ala que abriu divergência em relação ao nome de Simone Tebet e buscou minar a candidatura da senadora. Ninguém se manifestou contra Tebet no evento.

A candidata à Presidência pelo MDB, Simone Tebet, ao lado do presidente do partido Baleia Rossi durante convenção - Pedro Ladeira/Folhapress

Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes declarou apoio "total e irrestrito" a Tebet e, sem citar nomes, criticou os que tentam usar o partido para atingir interesses regionais.

Carlos Marun, ex-ministro do governo Michel Temer, reconheceu que o partido não estava unido e apelou aos colegas que se opõem à senadora para se unirem em torno do nome dela já no primeiro turno.

"Infelizmente companheiros nossos estão tomando [agora] a decisão que deveriam tomar daqui a dois meses", afirmou, em referência a um eventual segundo turno entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Marun se referia à ofensiva da ala emedebista que apoia Lula e que tentou adiar a convenção que escolheu Tebet. Na segunda-feira (25), filiado ao MDB de Alagoas protocolou junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ação para cancelar a convenção do MDB nacional argumentando que o formato da reunião, por meio do aplicativo Zoom, violava o sigilo do voto. O TSE negou o pedido para cancelar a convenção.

Com 1% das intenções de voto na mais recente pesquisa Datafolha, de junho, Tebet enfrentava a oposição explícita de emedebistas que consideravam sua candidatura inviável e defendiam que o partido apoiasse Lula no primeiro turno.

Alguns estados fizeram questão de evidenciar a discordância na convenção. Alagoas, com nove votantes, e Paraíba, com três, não tiveram votos no evento. Durante o evento, senadores da ala lulista como Renan Calheiros (AL), Eduardo Braga (AM) e Marcelo Castro (PI) pressionaram colegas contrários à candidatura de Tebet a não participarem da convenção.

"É uma forma de demonstrar contrariedade com a manutenção da data e do sistema zoom [por meio do qual foi realizada a convenção", explicou Calheiros.

Segundo o parlamentar, o grupo resolveu se abster e não votar contra Tebet porque não há um problema contra a senadora em si, mas existe uma avaliação de que ela não se tornou viável.

"Não somos contra a candidatura. O que contestamos é o desempenho da candidatura. Para ser candidata, ela deveria ter mudado a fotografia das pesquisas. Combinamos uma reunião em julho para fazer avaliação da manutenção, o que não ocorreu", continuou o senador.

A votação, que começou 10h, inicialmente terminaria às 14h, mas foi prorrogada até 15h29 para dar tempo para que convencionais e delegados pudessem votar —por medida de segurança, apenas um por vez era autorizado a acessar o ambiente virtual. A demora fez com que alguns filiados desistissem de participar do processo.

O percentual de aprovação de Tebet entre os votantes somou 97%, segundo Baleia Rossi. Questionado sobre o quórum de 65% de votantes, o presidente do MDB preferiu exaltar o percentual dos que chancelaram a senadora.

Em 2018, quando Meirelles foi aprovado, compareceram para votar 284 dos 417 que podiam (68%). O ex-ministro foi aprovado por 85% dos votos.

Para assegurar a aprovação do nome de Tebet na convenção, Baleia indicou que liberaria os estados para fazerem campanha para o candidato que quiserem.

Em discurso após ser confirmada, Tebet defendeu que os candidatos aceitem os resultados das urnas, independentemente de quais forem. Também fez críticas a governo petistas, lembrando turbulências como os escândalos do mensalão e os desvios na Petrobras, e à gestão de Bolsonaro, que, segundo ela, multiplicou as crises.

"A fome, a miséria, a desigualdade social se multiplicaram. Soma-se a isso a insensibilidade social do governo, a devastação ambiental, a irresponsabilidade fiscal, o descrédito internacional", disse.

Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB, e Roberto Freire, presidente do Cidadania, falaram no início da convenção emedebista. O PSDB acompanhou com atenção o evento. Reservadamente, tucanos disseram que o resultado seria importante para subsidiar a decisão do partido de indicar um vice para compor a chapa de Tebet.

O mais cotado até então no PSDB era o senador Tasso Jereissati (CE). Ele, porém, sinalizou a aliados que pode rejeitar o papel. Ao fim do evento, o presidente do PSDB afirmou que a decisão sobre o vice poderia ser tomada ainda nesta quarta-feira. Ele lembrou, porém, que ainda há prazo para isso.

"Os nomes aqui citados [Tasso e Eliziane Gama] são dois dos mais expressivos, mas há mais alternativas também que a federação analisa como possibilidades."

"Há um consenso de que essa vaga tem espaço prioritário por parte do senador Tasso. Não há uma posição conclusiva ainda nesse diálogo entre o senador Tasso e a senadora Simone. Se, eventualmente, isso puder se confirmar, será de muito bom grado por toda a federação", disse Araújo.

Mais tarde, após a escolha de Tebet, Araújo afirmou que os dois senadores vão conversar até esta quinta para definir se Tasso será ou não vice na chapa da emedebista.

Durante a convenção, Tasso afirmou que vai trabalhar pela candidatura de Tebet com a disposição de quem está em início de carreira e "na frente" onde ele for mais necessário.

Interlocutores de Tasso afirmam que ele e a família resistem à indicação. O senador —milionário e fundador do grupo controlador da rede de shoppings Iguatemi— é cardíaco e faz exames de rotina nos Estados Unidos. A um aliado tucano, Tasso disse que o ideal era encontrar uma opção que agregue mais eleitoralmente a Tebet para vice. O senador, porém, indicou que se não tiver outra opção, ele assume o posto.

Em meio ao impasse com Tasso, o nome da senadora Mara Gabrilli voltou a ser colocado como opção para vice de Tebet. Gabrilli já tinha sido citada pelo presidente do PSDB em junho quando os tucanos aprovaram o apoio à candidatura do MDB, mas aliados da senadora afirmam que ela não tem conversado com o partido sobre o assunto nos últimos dias.

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