O presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu nesta terça-feira (2) que lançará o senador Carlos Viana (PL-MG) como candidato a governador e que não terá no palanque o atual chefe do Executivo de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).
As tentativas do mandatário de se aproximar de Zema, que lidera as pesquisas de intenção de votos, não prosperaram, e Bolsonaro preferiu manter na disputa um parlamentar de sua confiança.
A estratégia do presidente com a manutenção do senador na disputa é evitar que o pleito se encerre no primeiro turno e, assim, não tenha um candidato mais alinhado à direita em Minas caso vá para o segundo turno contra o ex-presidente Lula (PT).
Na avaliação do Palácio do Planalto, Viana irá dividir os votos com viés conservador no segundo maior colégio eleitoral do país e reduzirá as chances de Zema se reeleger já em 2 de outubro.
Zema deve apoiar o candidato do Novo à Presidência, o empresário Luiz Felipe D'ávila, no pleito nacional.
O atual governador está bem à frente nas pesquisas, com 48% da intenção e votos, segundo o último Datafolha. No mesmo levantamento, o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD-MG), apoiado por Lula, apareceu com 21%, enquanto Viana obteve 4%.
O senador deve ter um nome da União Brasil como vice e o deputado estadual Cleitinho Azevedo (PSC-MG) como candidato a senador —o Republicanos também comporá a aliança.
Assim, deve ser retirada a candidatura a senador do deputado Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG), que foi ministro do Turismo de Bolsonaro e protagonista do escândalo do laranjal do PSL.
Viana concedeu uma entrevista à imprensa no Palácio do Planalto após reunião com Bolsonaro nesta terça e mandou indiretas a Zema. "Queremos palanque firme para Bolsonaro em Minas, palanque que não seja duvidoso", disse.
Segundo Viana, Bolsonaro "já comunicou" a Zema que irá lançar um nome próprio na disputa pelo comando de MG e que o "palanque oficial" do mandatário será o do senador.
"O governador Zema em vários momentos se comprometeu, mas não deu clareza sobre o que fazer. Minha função e principal missão é mostrar a minas o que Bolsonaro fez pelo estado", afirmou.
O parlamentar disse que Zema é livre caso queira levar o nome de Bolsonaro na campanha, mas que não acredita que isso ocorrerá. "Se tivesse que acontecer já teria sido firmado", disse.
Zema seria a primeira opção do presidente, segundo correligionários em Minas. Até então, restando menos de 15 dias para o início da campanha, Bolsonaro ainda não tinha um palanque no estado.
Deputados do PL em Minas não querem a candidatura de Viana, que era do MDB e em abril migrou para o PL, com direito a anúncio nas redes sociais ao lado de Bolsonaro. Além de apoiarem a reeleição de Zema, não concordaram com a forma como o senador chegou ao partido.
Na convenção estadual, no último dia 20, o partido decidiu delegar para o comando nacional da legenda a decisão de ter ou não candidato ao governo do estado.
Em relação a Zema, o governador rejeitou todas as investidas feitas pelo presidente. Interlocutores afirmam que o atual ocupante do Palácio Tiradentes já havia afirmado a Bolsonaro que não poderia apoiá-lo, ao menos no primeiro turno. A justificativa é que o Novo já tem candidato à Presidência.
Em 2018, o então candidato Zema, ao final de um debate na TV, anunciou voto em Bolsonaro no primeiro turno, mesmo com o Novo tendo João Amoêdo como concorrente ao governo federal.
*Colaborou Leonardo Augusto, de Belo Horizonte
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