Entidades representativas da imprensa divulgaram manifesto em defesa da democracia, da lisura do processo eleitoral brasileiro e da liberdade de imprensa.
"Não existe democracia sem liberdade de imprensa. E não existe liberdade de imprensa sem democracia, que tem como pressuposto um Estado de Direito alicerçado no respeito aos resultados eleitorais", informa trecho da mensagem.
O manifesto é assinado por Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas) e ANJ (Associação Nacional de Jornais) e será publicado na íntegra pelos associados das entidades, incluindo a Folha.
O texto reitera o compromisso com as decisões soberanas das urnas nas eleições. Também reforça a importância da atividade ampla e independente da imprensa livre no combate à desinformação que "tanto mal causa à democracia".
A iniciativa se soma a outros movimentos recentes. Uma carta em defesa da democracia aberta ao público na semana passada e que será lida no dia 11 de agosto na Faculdade de Direito da USP já acumulava, até esta segunda (1), mais de 640 mil assinaturas.
O documento, que teve a adesão de banqueiros, empresários, juristas, atores e diversas personalidades, faz parte de uma iniciativa suprapartidária e critica, sem mencionar o nome do presidente, os ataques contra o processo eleitoral perpetrados por Jair Bolsonaro (PL).
O presidente já fez vários discursos em tom de ameaça ao STF (Supremo Tribunal Federal), como no feriado de 7 de Setembro de 2021, além de ataques ao sistema eleitoral brasileiro. No último dia 18, Bolsonaro voltou a repetir mentiras sobre as urnas durante apresentação a dezenas de embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada.
Outro manifesto a favor da democracia é articulado por entidades empresariais, sendo a principal delas a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), e também deve ser endossado por outras organizações da sociedade civil. Este segundo documento deverá ser publicado também no dia 11 de agosto.
A Fiesp confirmou que a diretoria deu aval para a participação no movimento pró-democracia e que o tema foi encaminhado pelo presidente da federação, Josué Gomes da Silva.
Bolsonaro reagiu aos manifestos e criticou os signatários. Sobre o documento que será lido na Faculdade de Direito da USP, o presidente afirmou que não precisa de "cartinha" para dizer que defende a democracia. Em relação ao texto articulado pelas entidades empresariais, disse que se trata de uma nota política feita em ano eleitoral e que o texto é claramente contra ele.
Mesmo diante de teorias conspiratórias repetidas por Bolsonaro para colocar em dúvida o processo eleitoral, a confiança do brasileiro no sistema de votação pelas urnas eletrônicas avançou, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada no sábado (30).
O levantamento mostrou que 47% dizem confiar muito na urna eletrônica, enquanto 32% afirmam confiar um pouco —o que gera um índice de credibilidade de 79% para o sistema. Em maio, o número era de 73%.
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