Descrição de chapéu Eleições 2022

Governador de MT se firma como nome de Bolsonaro para tentar reeleição

Mauro Mendes enfrenta primeira-dama de Cuiabá, pastor do PTB e candidato do PSOL na disputa estadual

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Cuiabá

O atual governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), conseguiu minar a possibilidade de uma candidatura bolsonarista e se tornar o candidato oficial do presidente Jair Bolsonaro (PL) mesmo tendo mais da metade dos partidos de sua coligação apoiando outros presidenciáveis.

Num estado com tradição de não ter segundo turno, o palanque do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) bateu cabeça para encontrar uma chapa competitiva e acabou de última hora lançando Marcia Pinheiro (PV), esposa do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), que atualmente é o principal adversário político de Mendes.

O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), em atividade de campanha
O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), em atividade de campanha - Mauro Mendes no facebook

Ainda disputam o Governo de Mato Grosso outros dois partidos: o PTB, que lançou o pastor Marcos Ritela, e o PSOL, com Moisés Franz.

Para conseguir construir a maior coligação e evitar que o PL e os chamados "bolsonaristas raízes" lançassem um nome no estado em que Bolsonaro lidera as pesquisas, Mauro Mendes desfez um acordo para deixar o palanque aberto para presidente e se coligou com o PL.

Diante dessa aliança, o senador Carlos Fávaro (PSD) e o deputado federal Neri Geller (PP) decidiram desembarcar da coligação e aderiram ao palanque do ex-presidente Lula e Geraldo Alckmin (PSB), aproximando assim parte do agronegócio à candidatura petista.

As duas legendas queriam que Mendes apoiasse Neri Geller ao Senado. Ele também tem o apoio do MDB, mesmo estando em outra coligação.

Apesar da perda dos dois aliados, Mendes conseguiu atrair o Republicanos, MDB, Podemos, PSB, Pros e a federação PSDB/Cidadania, além de União Brasil e PL.

Após a confirmação das candidaturas, Mendes decidiu adotar um tom mais ameno em relação à polarização nacional. O governador vem dando declarações públicas de que apoia e vota em Bolsonaro. Porém, não tem demonstrado tal apoio nas redes sociais e nos programas de rádio e TV.

Marcia Pinheiro (PV), candidata ao governo de Mato Grosso
Marcia Pinheiro (PV), candidata ao Governo de Mato Grosso - Marcia Pinheiro no facebook

Segundo o próprio governador, ele respeitará todos os outros presidenciáveis e focará na discussão sobre o estado, sem adentrar na política nacional.

Já Marcia Pinheiro, que enfrenta pela primeira vez as urnas, tenta casar a sua campanha com a de Lula e Alckmin para chegar ao segundo turno das eleições.

O objetivo é explorar o voto feminino e o funcionalismo público, já que o atual governador tem uma relação de embate com a categoria por conta das políticas de austeridade, como o não cumprimento do pagamento da reposição inflacionária nos primeiros anos.

Além da federação PT, PV e PC do B, a coligação contra com PP, PSD e Solidariedade. O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, se licenciará por 30 dias a partir do dia 1º de setembro para coordenar a campanha da esposa.

A candidatura de Marcia Pinheiro ao governo é considerada mais uma batalha da disputa política entre o governador e o prefeito da capital. Ela surgiu faltando uma semana para o encerramento das convenções partidárias.

Antes, Emanuel Pinheiro chegou a ensaiar uma renúncia para concorrer ao governo. Porém, não teve apoio do MDB.

Depois, o grupo chegou a pensar no nome do senador Carlos Fávaro (PSD) para a disputa. No entanto Fávaro não conseguiu o apoio do seu grupo político, que é liderado pelo ex-governador e ex-ministro Blairo Maggi e seu primo, o megaprodutor Eraí Maggi, ambos do PP.

Com Marcia Pinheiro candidata, o embate entre o prefeito da capital e o governador se repetirá de maneira indireta.

ABALO

Antes amigos, já que Emanuel Pinheiro coordenou a campanha de Mauro Mendes em 2012 para a Prefeitura de Cuiabá, agora os dois são os principais adversários políticos do estado.

A crise entre os dois começou ainda em 2016, quando o então deputado estadual Emanuel Pinheiro decidiu disputar a prefeitura da capital.

Mendes recuou da sua candidatura à reeleição a pedido da esposa, Virgínia Mendes. Durante a eleição, Pinheiro fez várias críticas à gestão Mauro Mendes em Cuiabá.

Após a eleição de Emanuel Pinheiro, a relação entre ambos estava estremecida por conta da campanha. A situação se complicou com a delação do ex-governador Silval Barbosa em 2017, que trouxe um vídeo em que vários deputados recebem maços de dinheiro. Nele, Emanuel aparece colocando R$ 30 mil em seu paletó.

Em 2018, mesmo com o MDB apoiando a eleição de Mauro Mendes ao governo, Emanuel Pinheiro decidiu apoiar o senador Wellington Fagundes (PL).

O atual governador, já na administração do estado, tem travado embates com o prefeito, chegando a não cumprir acordos de repasse para a saúde para a capital, feitos na gestão anterior.

Mendes acusa Emanuel de ser conivente com várias denúncias de corrupção na prefeitura, que já foi alvo de sete operações policiais.

Nas eleições de 2020, Emanuel conseguiu se reeleger por uma diferença de 5.000 votos, enfrentando o desgaste do vídeo do paletó.

Outro embate envolve a novela VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e BRT (Ônibus de Rápido Transporte). Enquanto Emanuel defende a conclusão do primeiro, que foi projetado para a Copa do Mundo de 2014, o governador decidiu abandonar a obra e construir o BRT.

A briga acabou sendo judicializada. Emanuel conseguiu que o TCU (Tribunal de Contas da União) suspendesse os trâmites para a implementação do BRT.

Porém, o TCE (Tribunal de Contas do Estado) atendeu um pedido do governador, ingressou com um pedido no STF (Supremo Tribunal Federal) e derrubou a decisão do TCU.

Além dos dois principais adversários, as candidaturas de PSOL e PTB são consideradas mais para marcar posição das siglas no estado do que para uma disputa real.

A tendência é que os principais candidatos à Presidência não visitem Mato Grosso no primeiro turno.

Um dos motivos é a baixa densidade eleitoral do estado. Com uma população de pouco mais de 3,5 milhões de habitantes, o estado tem 2.469.414 eleitores aptos a votar nas eleições de 2022.

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