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Mourão vê 'pânico desnecessário' e Bolsonaro, 'empresários mamíferos' em carta pró-democracia

Manifesto ocorreu em reação a falas golpistas do presidente e já tem mais de 600 mil assinaturas

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Brasília

O vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta segunda-feira (1) que há "pânico desnecessário" envolvendo o manifesto de empresários e integrantes da sociedade civil em defesa do Estado democrático de Direito.

O presidente Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, tentou desqualificar os signatários da carta e disse que ela foi assinada por "empresários mamíferos".

"Ele [Bolsonaro] tem uma retórica, vamos dizer, forte. Mas é só isso aí, é uma retórica. As ações jamais foram nesse sentido. Então, acho que é um pânico desnecessário", disse Mourão a jornalistas no Palácio do Planalto.

O presidente Jair Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão - Evaristo Sá - 19.abr.2022/AFP

O vice-presidente, que será candidato ao Senado pelo Republicanos no Rio Grande do Sul, minimizou as declarações golpistas de Bolsonaro, a que chamou de retórica, e disse que ele em nenhum momento buscou mudanças que levassem a um "desabamento do nosso sistema".

Ele deu como exemplo de ações que poderiam ser classificadas dessa forma aumentar o número de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) ou fechar o Congresso.

Mourão criticou ainda o inquérito das fake news, presidido pelo ministro Alexandre de Moraes, que comandará a corte durante as eleições. Disse esperar que ele se "comporte" de acordo com as regras. "Ele não tem VAR, é o juiz", disse.

"Critico a questão deste inquérito que eu julgo que está totalmente errado a pessoa ser responsável pelo inquérito, denunciar e julgar quando ele também é um dos ofendidos no inquérito. Acho complicado isso. É poder demais. E o poder demais corrompe", completou.

Um dos principais alvos do bolsonarismo, por relatar inquéritos que têm o presidente e seus aliados como alvo, Moraes relata as investigações de fake news no STF. O inquérito foi aberto por determinação da própria corte, sem aval da PGR (Procuradoria-Geral da República), como ocorre geralmente.

Bolsonaro, ao falar com apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada, também minimizou o manifesto, mas colocou seus signatários no alvo.

"Esse manifesto aí foi assinado por banqueiros, artistas, tem mais uma classe aí... e alguns empresários mamíferos", disse ele, rindo.

Na semana passada, ele já havia classificado a carta como "cartinha" e atribuiu a adesão dos bancos a ela, porque o governo teria dado uma "paulada" neles com a criação do Pix.

O texto pró-democracia criticado por Bolsonaro é uma resposta às ameaças golpistas do chefe do Executivo.

Com mais de 600 mil adesões, o documento, que começou com a assinatura de 3.000 pessoas, entre banqueiros, empresários, juristas, atores e diversas outras personalidades, será lançado em evento na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo, no dia 11 de agosto.

A Febraban, da qual o Banco do Brasil e a Caixa fazem parte, declarou na quarta (27) a adesão a um segundo manifesto, também a favor da democracia.

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