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PT adia discussão sobre manutenção de apoio à candidatura de Freixo no Rio

Executiva nacional do partido deverá se reunir nesta sexta-feira (5) para tratar do assunto

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São Paulo e Rio de Janeiro

À espera de um gesto do PSB, o Partido dos Trabalhadores (PT) adiou as discussões sobre a manutenção ou retirada do apoio à candidatura do deputado federal Marcelo Freixo (PSB) ao Governo do Rio de Janeiro. A executiva nacional do PT se reuniu na manhã desta quinta-feira (4).

Agora, a legenda deverá se debruçar sobre o tema nesta sexta (5), prazo final das convenções partidárias.

Um grupo, porém, defende que o caso tenha uma conclusão ainda nesta quinta. A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) foi uma das que vocalizaram esse desejo. Ela defende a manutenção do apoio a Freixo.

A deputada afirmou ainda que Freixo é um defensor dos direitos humanos e que combate as milícias. Na avaliação da parlamentar, seria negativo para os setores progressistas abandonar a candidatura do deputado. Segundo participantes da reunião, havia sinais de maioria favorável à manutenção do apoio.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSB), candidato ao Governo do Rio de Janeiro
O deputado federal Marcelo Freixo (PSB), candidato ao Governo do Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli-27.fev.22/Folhapress

A discussão entre PT e PSB gira em torno da vaga ao Senado na chapa do Rio. O PSB defende o nome do deputado Alessandro Molon, enquanto petistas indicaram o presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano.

O deputado federal José Guimarães (PT-CE) propôs o adiamento das discussões, a pedido de membros do diretório do PT no Rio, diante da percepção do risco de derrota em votação.

Ainda de acordo com relatos, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-RS), e o coordenador de comunicação da campanha de Lula, Rui Falcão (PT-SP), defenderam a manutenção da aliança.

Gleisi ressaltou a importância do papel de Freixo, ao lado do ex-governador do Maranhão Flávio Dino, para construir a coligação nacional com o PSB. Ela e Falcão disseram que não se muda um pacto na reta final.

Em nota, a executiva nacional do PT afirmou que a coligação nacional orienta as alianças regionais e reafirmou a disposição de "construir um grande palanque" com Freixo, candidato ao governo, e Ceciliano, ao Senado, "dando unidade e potência ao nosso campo político".

A executiva diz ainda que espera que a direção do PSB "confirme o cumprimento do acordo político em torno dessa unidade" até esta sexta. O texto é assinado por Gleisi e por Guimarães.

Há a esperança, entre petistas, de que o PSB convença Molon a desistir da candidatura. O deputado irá a São Paulo nesta quinta para conversar com o ex-governador Márcio França, que é secretário de finanças do PSB.

Molon, no entanto, está desde o começo da semana insistindo em seu nome na disputa e publicando nas redes sociais o apoio que tem recebido de artistas e figuras públicas, entre os quais a cantora Anitta e o líder sem-teto Guilherme Boulos (PSOL).

Integrantes do PSB se comprometeram a boicotar, financeiramente, a campanha de Molon, negando repasses do fundo eleitoral. Mas o PT não acredita nessa promessa. O PT do Rio de Janeiro havia decidido na terça recomendar a retirada do apoio à candidatura de Freixo ao governo estadual.

A resolução recomendando o rompimento foi aprovada após o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, sinalizar que não interviria no diretório fluminense da sigla para a retirada da candidatura de Molon.

Para o PT fluminense, a manutenção da candidatura de Molon quebra um acordo que destinava à sigla a indicação de um nome único para o Senado na chapa.

"A aventura da candidatura divisionista se manteve, mesmo após o ato na Cinelândia, mesmo após os posicionamentos do próprio Marcelo Freixo e de Flávio Dino, Márcio França e Danilo Cabral em defesa da unidade e com a cobrança para o cumprimento do acordo", afirma o texto aprovado pelo PT.

"Nesse cenário, infelizmente, não é mais possível manter o apoio à candidatura de Freixo ao governo do estado. E vamos, nos próximos dias, debater alternativas de coligação majoritária com a direção nacional do PT e com os partidos da federação para que tenhamos um forte palanque do Lula no nosso estado."

Apoiadores de Molon alegam que ele lidera as pesquisas para o Senado. Os defensores da candidatura de Ceciliano lembram, no entanto, que a cúpula do PT determinou a aliança com o PSB em Pernambuco, frustrando as pretensões de Marília Arraes, que deixou o partido e hoje lidera as pesquisas no estado.

Freixo deixou o PSOL e se filiou ao PSB em junho de 2021. Molon preside o diretório do PSB no estado.

A disputa gerou constrangimento no comício do ex-presidente Lula no Rio de Janeiro há um mês. Ceciliano e Molon trocaram ataques indiretos em seus discursos. A crise se agravou após o PSB do Rio aprovar em convenção a indicação de Molon para a disputa do cargo. Lula, que não havia se posicionado sobre o tema na visita ao Rio, gravou um vídeo apontando Ceciliano como seu único candidato no estado.

A pedido de Lula, Carlos Siqueira desembarcou no final de agosto no Rio com a missão de convencer Molon a abrir mão da candidatura em favor de Ceciliano.

Ao dissuadir Molon, Siqueira pretendia esvaziar o argumento de petistas que ameaçam abandonar o palanque de Freixo ao Governo do Rio sob o pretexto de que seu partido, o PSB, desrespeitou o acordo pelo qual, dentro da chapa, a vaga ao Senado caberia ao PT.

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