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PT do Rio defende retirar apoio a Freixo e agrava crise em palanque de Lula

Cúpula petista descarta intervenção no diretório fluminense; movimento se deve à ruptura de acordo na indicação de nome ao Senado

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Rio de Janeiro e São Paulo

O PT do Rio de Janeiro aprovou nesta terça-feira (2) resolução em que defende a retirada do apoio do partido à candidatura do deputado federal Marcelo Freixo (PSB) ao governo estadual.

A definição sobre a aliança, porém, ainda depende de aprovação pela convenção do partido. A cúpula do PT descarta intervenção no diretório fluminense em favor do PSB. Mas a hipótese deve ser submetida à executiva nacional nesta semana.

A resolução que defende o rompimento foi aprovada após o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, sinalizar que não interviria no diretório fluminense da sigla para a retirada da candidatura do deputado Alessandro Molon (PSB) ao Senado.

Marcelo Freixo com o ex-presidente Lula, durante o evento na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli - 7.jul.22 / Folhapress

Para o PT fluminense, a manutenção da candidatura de Molon quebra um acordo que destinava à sigla a indicação de um nome único para o Senado na chapa. Os petistas indicaram o nome do presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano.

Apesar da possibilidade de reversão, os últimos lances agravam a crise na aliança no Rio de Janeiro. O estado tem sido alvo de preocupação do comando da campanha petista em razão do avanço do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas intenções de voto em seu domicílio eleitoral.

"A aventura da candidatura divisionista se manteve, mesmo após o ato na Cinelândia, mesmo após os posicionamentos do próprio Marcelo Freixo, Flávio Dino, Márcio França e Danilo Cabral em defesa da unidade e cobrando o cumprimento do acordo", afirma o texto aprovado.

O ex-governador Geraldo Alckmin, o deputado federal Alessandro Molon e o ex-presidente Lula durante evento da chapa sobre programa de governo - Divulgação

"Nesse cenário, infelizmente, não é mais possível manter o apoio a candidatura Freixo ao governo do estado. E vamos, nos próximos dias, debater alternativas de coligação majoritária com a direção nacional do PT e com os partidos da federação para que tenhamos um forte palanque do Lula no nosso estado."

Uma ala do partido vai defender junto à presidência da sigla o apoio ao ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT).

A cúpula do PT ainda aposta em um acordo antes de discutir a remota possibilidade de intervenção da Executiva nacional na direção estadual.

Secretário-geral do PT, o deputado federal Paulo Teixeira (SP) defende a manutenção da aliança no Rio.

Segundo ele, a retirada é uma decisão precipitada, sem que tenham sido esgotados todos os canais de negociação. "O PT tem que apoiar Freixo. Essa aliança faz parte de um acordo nacional. Essa retirada precisa ser revista."

Teixeira é um dos que descartam a chance de intervenção em favor do PSB. Outro dirigente do partido afirma que esse é um problema do PSB. Ainda segundo esse petista, o PSB será responsabilizado pela implosão do palanque de Freixo no Rio.

O ex-presidente Lula (PT) e o deputado André Ceciliano (PT) em evento no Rio de Janeiro. - Ricardo Stuckert/Divulgação

A proposta de ruptura com PSB, para coligação com o PDT, conta com o apoio de integrantes da Executiva do PT. É o caso do secretário de comunicação, Jilmar Tatto. Segundo ele, não cabe a expressão desembarque para definir o rompimento.

"Quem desembarcou do acordo foi o PSB. Com o candidatura do Molon, não nos resta outro alternativa senão apoiar Rodrigo Neves."

A decisão sobre a aliança também precisa ser oficializada numa convenção estadual com a participação do PC do B e PV, integrantes da federação partidária.

O rompimento era incentivado por uma ala do partido liderada pelo vice-presidente nacional Washington Quaquá, que defende a aproximação do grupo político do prefeito Eduardo Paes (PSD), aliado a Neves.

Na reunião da executiva estadual, porém, o fim do apoio a Freixo também foi defendido pelo presidente o PT-RJ, João Maurício, até então defensor do deputado na sigla.

Freixo afirma estar confiante na aliança entre as siglas. O deputado conta com o fato de Lula já ter declarado publicamente ser ele seu único candidato ao governo fluminense.

"Tenho muita confiança na unidade e do apoio do Lula. Estou tranquilo. O debate entre o PT e o PSB é nacional, mas aqui estou muito tranquilo em relação ao papel que a gente tem que diante do Rio e do Lula", disse o deputado.

A crise na aliança do Rio de Janeiro vinha se arrastando há meses em razão da insistência de Molon em se candidatar ao Senado.

Temendo o agravamento, Freixo chegou a cobrar do colega de partido o cumprimento do acordo firmado. Atualmente, porém, tem afirmado ser um tema a ser discutido entre os partidos nacionalmente.

Nesta terça, Molon repetiu, em nota, não ter participado de qualquer acordo com o PT. Ele lembrou ainda ter apoio de quatro partidos, além de liderar pesquisas para o Senado. O deputado também recomendou senso e responsabilidade a seus pares.

"Temos o dever de derrotar o bolsonarismo no Rio de Janeiro. Isso é o mais importante e é em torno disso que a unidade do campo democrático deve ser construída. Não podemos repetir os erros do passado. O momento gravíssimo que o Rio de Janeiro enfrenta exige bom senso e responsabilidade."

A disputa gerou constrangimento no comício do ex-presidente Lula no Rio de Janeiro há um mês. Ceciliano e Molon trocaram ataques indiretos em seus discursos.

A crise se agravou após o PSB-RJ aprovar em convenção a indicação de Molon para a disputa do cargo. Lula, que não havia se posicionado sobre o tema na visita ao Rio de Janeiro, gravou um vídeo apontando Ceciliano como seu único candidato no estado.

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