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Roberto Cláudio (PDT) culpa PT por rompimento de aliança no Ceará

Ex-prefeito de Fortaleza foi o entrevistado da série de sabatinas Folha/UOL nesta segunda (8)

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Belo Horizonte

O candidato do PDT ao Governo do Ceará, Roberto Cláudio, afirmou que o rompimento da proposta de aliança entre seu partido e o PT foi uma decisão unilateral dos petistas. Segundo ele, o PDT tinha autonomia para decidir quem seria o candidato ao governo e utilizou critérios objetivos e bem definidos para escolher seu nome.

Roberto Cláudio, que já foi prefeito de Fortaleza por dois mandatos, afirmou que seu nome apresentou cerca de 20% de vantagem em relação à atual governadora, Izolda Cela, nas pesquisas feitas pelo partido.

Candidato ao governo do Ceará pelo PDT, Roberto Cláudio
Candidato ao Governo do Ceará pelo PDT, Roberto Cláudio participa de sabatina - Reprodução/UOL

De acordo com Roberto Cláudio, da mesma forma, o PT tinha total autonomia para a escolha do nome para o Senado na chapa, e o PDT e demais partidos não intervieram na decisão. Para ele, o apoio do PT ao nome de Cela ganhou força nos últimos meses, depois de ela assumir o governo, em abril.

"O PT escolheu o nome do ex-governador Camilo como seu nome ao Senado e, ao final do processo, quando o PDT formalizou o meu nome, o PT decidiu unilateralmente pela saída da aliança", afirmou.

Ainda conforme o candidato, após a escolha de seu nome para representar a chapa, ele próprio buscou diálogo para manter a construção da aliança.

"Todos os movimentos políticos do Partido dos Trabalhadores foram no sentido de caminhar para o rompimento com a nossa aliança e lançar uma candidatura própria."

Ele também afirmou que outro ponto que mostra a responsabilidade do PT no rompimento do acordo é a permanência do maior número de partidos da aliança apoiando a sua candidatura.

Questionado sobre o nome de Izolda Cela como uma escolha natural do partido, visto que ela havia sido indicada como vice na eleição anterior e atualmente governa o estado, o candidato disse que, se houvesse essa compreensão antecipada, não teria havido um processo de dez meses de pré-candidaturas.

"Foi a partir de junho que o ex-governador Camilo passou a sinalizar esse conceito do direito natural à eleição. Em nenhum momento nesses dez meses de pré-campanha isso foi aventado. Isso só surgiu como argumento ao final do processo", disse ele.

Em relação às críticas pelo fato de o partido não escolher uma mulher para a disputa, tendo uma governadora da legenda ocupando o cargo, Roberto Cláudio afirmou que o PDT tem orgulho de ter tido a primeira mulher a ocupar os cargos de vice-governadora e governadora no Ceará.

Ele também disse que em seus mandatos na prefeitura da capital sempre houve grande participação de mulheres em suas secretarias.

O ex-prefeito também afirmou que não acha aceitável o uso da máquina pública para promover candidaturas.

"O uso da máquina pública não deveria nem moral, nem ética, nem legalmente ser um diferencial para esse processo. Eu estou sempre combatendo esse tipo de conformismo com práticas que são ilegais, eticamente intoleráveis, mas que passaram a ser percebidas como naturais."

Na sexta-feira (5), seu rival na campanha Elmano de Freitas (PT) fez críticas à postura de Roberto Cláudio e disse que ele teria dificuldades para dialogar e construir pontes.

Em sua defesa, Roberto Cláudio afirmou que em suas gestões na prefeitura conseguiu desenvolver bons diálogos com a comunidade e com os vereadores de Fortaleza. Ele também afirmou que na eleição atual é o candidato que possui a maior aliança na disputa pelo governo, sendo apoiado por 11 partidos.

Apesar de o senador Cid Gomes ainda não ter declarado um apoio público nas eleições ao governo do estado, Roberto Cláudio afirmou na sabatina que ele é uma inspiração para a sua atuação política e para a campanha atual. O presidenciável do PDT, Ciro Gomes, também foi elogiado por ele como uma referência política.

ATAQUES

O candidato também falou sobre o aumento dos ataques feitos por Ciro ao ex-presidente Lula. Para ele, o governo do petista teve acertos, mas fez poucas mudanças estruturais no país.

"Eu reconheço nos governos do presidente Lula avanços importantes nas políticas sociais que foram significativos. Mas é inegável que faltou ao presidente Lula, e ele teve essa oportunidade, de fazer mudanças estruturais no modelo econômico e no modelo político do Brasil que permitissem um crescimento econômico longevo e o enfrentamento estrutural das desigualdades."

Questionado sobre um possível apoio ao petista em um eventual segundo turno contra o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), o candidato tergiversou e disse que imagina que Ciro Gomes chegará ao segundo turno das eleições.

O candidato também fez elogios e críticas à gestão do ex-governador Camilo Santana (PT), que foi apoiado por seu partido, mas que agora segue caminhos diferentes na eleição deste ano.

"Vamos fazer uma campanha livre de quaisquer amarras, mas ao mesmo tempo verdadeira em reconhecer méritos e avanços que precisam ser fortalecidos e protegidos. Mas, também, nos conectar com o povo que muitas vezes está insatisfeito com a questão das facções criminosas, com as filas de exames e cirurgias, com o desemprego e com a necessidade de enfrentar diretamente a desigualdade e a fome."

De acordo com Roberto Cláudio, seu objetivo é trazer pessoas e ideias novas que possam ajudar a resolver estes problemas. " Não quero ser um crítico descomprometido e irresponsável dos problemas, quero apontá-los e, para cada um deles, dar um caminho de solução", afirmou.

Em relação ao candidato Capitão Wagner (União Brasil), o ex-prefeito afirmou que o rival está em pré-campanha há quatro anos. De acordo com ele, é importante reconhecer que o capitão teve um bom desempenho na eleição para a Prefeitura de Fortaleza em 2020.

"A gente só ganha eleição se tiver humildade para entender que todo esse avanço que o Ceará construiu, que nos dá orgulho e que precisa ser valorizado e as suas lições aprendidas, não tem satisfeito a maioria ou um pedaço significativo da população cearense que quer mais", afirmou o candidato.

"A gente tem que ser capaz de captar esse sentimento e transformá-lo em propostas, em ideias factíveis, com custos calculados e prazos estabelecidos, para ganhar a confiança do nosso povo", afirmou Roberto Cláudio.

A entrevista foi conduzida por Fabíola Cidral e pelos jornalistas Carlos Madeiro, do UOL, e João Pedro Pitombo, da Folha. As sabatinas são realizadas ao vivo e transmitidas nos sites dos dois veículos.

Cada postulante tem direito a 60 minutos de fala. O primeiro entrevistado foi o candidato Elmano de Freitas. O próximo a ser sabatinado será Capitão Wagner, na quarta-feira (10), às 10h.

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