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Bolsonarista é preso em MT após matar apoiador de Lula em discussão política

Autor tentou decapitar vítima com machado e, após o crime, fez vídeo e fotos do corpo, diz polícia

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Cuiabá

Um homem que defendia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi morto nesta quinta-feira (8) por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) após uma discussão em Confresa (a 1.160 km de Cuiabá).

Autor do crime, Rafael de Oliveira, 24, passou por audiência de custódia, e a Justiça de Mato Grosso manteve a prisão preventiva. Ele confessou, segundo a polícia, ter matado a facadas o colega de trabalho Benedito Cardoso dos Santos, 44, depois de uma discussão política. De acordo com a polícia, o autor tentou decapitar a vítima e, após o crime, ainda filmou o corpo.

O episódio de violência política é mais um numa campanha polarizada entre Lula e Bolsonaro e que gerou repúdio nesta sexta-feira (9) do próprio petista e de presidenciáveis como Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil).

Nesta sexta-feira, o ex-presidente Lula usou termos como intolerância, ódio e selvageria ao se referir ao assassinato do apoiador.

Bolsonarista é preso em Mato Grosso após matar apoiador de Lula em discussão política
Bolsonarista é preso em Mato Grosso após matar apoiador de Lula em discussão política - Gazeta Digital/MT

Desde a pré-campanha eleitoral, crimes como ameaças e mortes relacionados à política têm se acumulado no país.

Em julho, um policial penal federal bolsonarista invadiu uma festa de aniversário e matou a tiros o guarda municipal e militante petista Marcelo Aloizio de Arruda, em Foz do Iguaçu (PR).

No mesmo mês, o país viu um ataque a um juiz federal e a um ato com o ex-presidente Lula. Antes, militantes de esquerda impediram uma palestra de políticos de direita.

O assassinato em Confresa ocorreu na madrugada em uma fábrica de cerâmica localizada na zona rural do município de 32 mil habitantes. A decisão da prisão preventiva foi assinada pelo juiz Carlos Eduardo Pinho Bezerra de Menezes e divulgada em audiência de custódia na própria quinta.

Na decisão, o magistrado afirma haver, com base nos depoimentos dos policiais que realizaram a prisão e na confissão de Oliveira, "prova da materialidade e indícios suficientes" da autoria do crime.

O juiz ainda classificou o ocorrido de "reprovável" e citou que a intolerância poderá regredir a sociedade aos tempos da barbárie. "Lado outro, verifica-se que a liberdade de manifestação do pensamento, seja ela político-partidária, religiosa, ou outra, é uma garantia fundamental irrenunciável", afirmou.

A deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), atribuiu o assassinato a um suposto "comando de violência" dado por Bolsonaro.

"A um dia de completar dois meses do assassinato do Marcelo Arruda, do PT, por um bolsonarista, outro bolsonarista assassinou com facadas um apoiador do Lula, no MT. O comando de violência que dá Bolsonaro para extirpar Lula e os petistas leva a isso. O assassino é você, Bolsonaro", disse.

O crime

Em depoimento, segundo a polícia, o trabalhador rural Oliveira confessou o assassinato alegando que, em dado momento, a discussão ficou acalorada e ambos os envolvidos trocaram socos. Diante das agressões, o rapaz alegou ter "saído de si" e matado o colega de trabalho com golpes de faca no rosto da vítima.

De acordo com o delegado Higo Rafael Ferreira de Oliveira, a polícia foi acionada pela manhã após encontrarem o cadáver. Oliveira tentou fugir, mas foi encontrado e levado à delegacia.

Ainda segundo o delegado, após assassinar Santos, Oliveira tentou decapitá-lo com um machado. Efetuou um golpe no pescoço dele, mas não conseguiu concluir o ato.

Segundo a polícia, o autor do crime disse que, quando esfaqueou Santos pelas costas e deu facadas nos olhos e pescoço, a vítima ainda conseguiu pegar uma pedra e atingir a cabeça dele.

Isso fez com que ficasse com raiva e esfaqueasse várias vezes a vítima. Disse ainda, sempre conforme o relato policial, que pegou o machado usado para tentar decapitar Santos porque, ao se levantar, foi xingado.

A Polícia Civil apreendeu o celular de Oliveira e encontrou vídeo e fotos da vítima após assassiná-lo. A Folha tentou entrar em contato com a defesa do agressor, mas não obteve sucesso.

A polícia informou que o autor do assassinato já tem passagem policial por tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte) e estelionato.

A família de Oliveira tentou internação compulsória dele em 2020, sob a alegação de que tinha surtos psicóticos, mas a Justiça recusou o pedido.

No feriado de 7 de setembro, em Cuiabá, um jovem de 22 anos foi espancado pelo padrasto por ter postado um meme do presidente Bolsonaro num grupo de aplicativo de mensagens da família.

Segundo a polícia, o homem chegou em casa dando socos e chutes no enteado e fazendo ameaças de morte. A mãe do jovem, ainda de acordo com a polícia, afirmou que o marido estava embriagado.

A polarização eleitoral entre Bolsonaro e Lula e a perspectiva de uma disputa acirrada levaram a Polícia Federal a reforçar o esquema de segurança de candidatos à Presidência para este ano.

Até 2018, a PF fazia a proteção dos candidatos com base em lei e portaria sucinta do Ministério da Justiça, que tratava genericamente da necessidade de a corporação proteger aqueles que disputassem o Palácio do Planalto.

Após o pleito, marcado pela facada a Bolsonaro e ameaças à campanha de Fernando Haddad (PT), a polícia editou instrução normativa específica para a segurança dos candidatos à Presidência com diretrizes que devem ser seguidas pelos agentes e com recomendações claras aos políticos que vão concorrer.

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