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'Não me intimidarão', diz Ciro Gomes em carta manifesto à nação brasileira

Candidato do PDT à Presidência se posiciona contra o que chama de 'campanha de intimidação, mentiras e destruição de imagem'

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São Paulo

O candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, afirmou que "nada deterá" sua "disposição a seguir em frente com o projeto nacional de desenvolvimento", em carta destinada à nação brasileira e lida na manhã desta segunda-feira (26) no comitê da campanha na zona oeste de São Paulo.

"Por mais jogo sujo que pratiquem, eles não me intimidarão", disse Ciro, destacando que continua como candidato "para livrar nosso país de um presente covarde e de futuro amedrontador".

A carta foi uma reação ao que chamou de "campanha de intimidação, mentiras e de operações de destruição de imagens" deflagrada pela campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Sou vítima de virulenta campanha nacional e internacional", disse Ciro.

Estavam presentes o candidato do PDT ao Governo de São Paulo, Elvis Cezar, a mulher de Ciro, Gisele Bezerra, além de integrantes do partido.

Ciro Gomes, em São Paulo
Ciro Gomes, em São Paulo - Carla Carniel/Reuters

O candidato do PDT tem sofrido pressão de apoiadores de Lula para desistir de sua candidatura sob o argumento de que suas críticas ao petista ajudam a fortalecer o presidente Jair Bolsonaro (PL).

A campanha petista mirou artilharia para atrair eleitores de Ciro em um movimento a favor do voto útil para viabilizar uma vitória no primeiro turno.

A articulação teve a participação de artistas como os cantores Caetano Veloso e Tico Santa Cruz, que haviam declarado apoio a Ciro e passaram a afirmar que votarão em Lula no primeiro turno como estratégia para já encerrar a disputa presidencial, evitando um eventual segundo turno entre o petista e Bolsonaro.

Integrantes do PDT também se declararam dissidentes da campanha por causa do aumento no tom das críticas ao ex-presidente.

Na carta, Ciro afirma que esta é a "campanha mais vazia da história" em que "querem eliminar a liberdade das pessoas de votarem, no regime de dois turnos". "Querem privá-las do direito de expressar seus sonhos e de testar a força de suas posições", disse o candidato.

Ciro criticou a polarização entre Lula e Bolsonaro, que, segundo ele, produziu "a campanha mais sem propostas e sem projeto da nossa história recente".

Lula lidera as pesquisas de intenção de voto e, neste momento, aparece com chances de obter mais de 50% dos votos válidos, o que lhe daria a vitória já no primeiro turno, segundo pesquisa Datafolha mais recente.

No mesmo texto, Ciro se posicionou como um político que "ousa resistir" e, por isso, é vítima de "máquinas poderosas do lulismo e bolsonarismo que estão conseguindo ludibriar a percepção popular, passando a falsa ideia de que apenas um pode derrotar o outro".

"Esse rito suicida tem o incentivo comodista e covarde de setores da mídia e da inteligência", continua a carta.

Empenhado na estratégia de se posicionar como opositor de Lula, Ciro tem sido alvo de memes nas redes sociais que o retratam como aliado de Bolsonaro por meio de apelidos como "Cironaro" e "Bolsociro".

As manifestações ganharam força desde o mais recente debate entre candidatos à Presidência. Nos estúdios do SBT, durante o intervalo, Ciro e Bolsonaro foram flagrados conversando ao pé do ouvido.

Ciro nega a possibilidade de apoiar Bolsonaro e repete que está entre os políticos que pediram o impeachment do presidente.

Outro trecho da carta lida por Ciro diz que "o Brasil está na iminência de sofrer a maior fraude eleitoral da nossa história".

A declaração, porém, não faz coro aos ataques de Bolsonaro à legitimidade das urnas eletrônicas. "A fraude do estelionato eleitoral que sofrerão as vítimas que apertarem, nas urnas invioláveis, o 13 ou o 22", disse.

No decorrer do manifesto, Ciro voltou a repetir temas de sua campanha, como a proposta de um novo modelo econômico e o argumento de que Bolsonaro foi eleito como uma reação da população aos escândalos de corrupção atribuídos pela Justiça às gestões petistas.

Ao fim da leitura da carta, militantes do PDT que estavam presentes trocaram o grito de guerra da campanha para "Ciro não desiste, Brasil resiste".

À noite, em entrevista ao podcast Flow, Ciro afirmou que apresentou o manifesto porque "o lulopetismo alucinou". "Mas alucinou geral e perderam qualquer limite", disse o candidato.

"As pessoas mandam para mim...pessoa dizendo que eu devia morrer, outra pessoa dizendo que eu devia ter um aneurisma cerebral, que uma pessoa devia me matar, que dava R$ 50 —mas essa foi para o advogado—que dava R$ 50 para quem me matasse e tal."

Segundo Ciro, a intenção do manifesto era "dar uma arrumada na carga e acabar com a fofoca". "Não tem conversa, eu sou brasileiro, não desisto nunca, e eu nunca fui candidato porque ia ser fácil."

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