Bolsonaro diz repudiar ação armada de Jefferson e tenta se afastar de aliado

Durante o cargo, presidente recebeu ex-deputado que atirou em agentes da PF

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Brasília

Após o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) reagir a uma operação da Polícia Federal, o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), fez movimentos para tentar se afastar do aliado.

Em live de sua campanha na tarde deste domingo (23), Bolsonaro disse que nem sequer teria alguma foto com Jefferson. O que não é verdade.

"Não tem uma uma foto dele comigo, nada", disse Bolsonaro. Há diversas imagens dos dois juntos, a exemplo das publicadas pelo PTB, partido de Jefferson, em abril e setembro de 2020.

Durante a live, o presidente leu uma postagem que havia feito horas antes, neste domingo, em suas redes sociais.

ambos estão de terno e dão a mão, enquanto olham para a camaera
Ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). - Reprodução

"Repudio as falas do Sr. Roberto Jefferson contra a Ministra Carmen Lúcia e sua ação armada contra agentes da PF, bem como a existência de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem a atuação do MP [Ministério Público]", escreveu Bolsonaro em sua conta no Twitter.

O ataque de Jefferson à PF foi inicialmente mencionado no evento online pelo ministro Fabio Faria (Comunicações). Ele desmentiu publicação do deputado André Janones (Avante-MG) que colocava Jefferson como um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro.

O ex-deputado se lançou à Presidência da República neste ano, mas teve a candidatura barrada pelo TSE, que o considerou inelegível. Jefferson foi substituído por Padre Kelmon (PTB), que fez dobradinha com Bolsonaro no último debate do primeiro turno, na TV Globo.

Aliado de Bolsonaro, Jefferson se pronunciou em um vídeo publicano nas redes sociais em que criticou o voto da ministra Cármen Lúcia no julgamento do STF sobre direito de resposta para o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, na Jovem Pan.

Jefferson agrediu verbalmente a ministra do STF, que foi comparada a "prostitutas", "arrombadas" e "vagabundas", no vídeo por sua filha Cristiane Brasil (PTB).

Na publicação em que repudia as falas do aliado, Bolsonaro também critica a corte na condução de investigações.

O presidente escreveu ainda que determinou a ida do ministro da Justiça, Anderson Torres, ao Rio de Janeiro para acompanhar o andamento do episódio.

Roberto Jefferson cumpre prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica e foi alvo de uma ação da Polícia Federal a pedido de Alexandre de Moraes, do STF. Com a chegada dos policiais, ele reagiu e gravou vídeos.

"Eu não vou me entregar. Eu não vou me entregar porque acho um absurdo. Chega, me cansei de ser vítima de arbítrio, de abuso. Infelizmente, eu vou enfrentá-los", afirmou.

Em outro vídeo, o para-brisa do veículo da PF aparece estilhaçado. "Mostrar a vocês que o pau cantou. Eles atiraram em mim, eu atirei neles. Estou dentro de casa, mas eles estão me cercando. Vai piorar, vai piorar muito. Mas eu não me entrego", disse o ex-deputado.

Segundo a coluna Mônica Bergamo, da Folha, o STF recebeu informações de que o ex-deputado bolsonarista aumentaria o tom de seus ataques às instituições. Em prisão domiciliar, Jefferson manteria ainda um arsenal de armas em sua casa de forma irregular.

A decisão de prendê-lo foi tomada porque, a partir de terça-feira (25), ele não poderia mais ser detido, como determina a lei eleitoral. Segundo a regra, ninguém pode ser preso a não ser em flagrante cinco dias antes das eleições.

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