Descrição de chapéu Eleições 2022

Bolsonaro questiona sem provas apuração do 1º turno e recicla teoria já desmentida

Presidente comparou apuração de domingo com eleições de 2014, que afirma ter sido fraudada para dar vitória a Dilma

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PL) questionou nesta quarta-feira (5) a apuração dos votos registrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no primeiro turno das eleições, em que acabou com 43,2% contra 48,4% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O mandatário comparou a apuração do último domingo (2) com a das eleições de 2014, quando a então presidente Dilma Rousseff (PT) se reelegeu por uma pequena margem de votos. Bolsonaro afirma que o atual deputado Aécio Neves (PSDB-MG) venceu o pleito, tese já rechaçada pelo próprio tucano.

"Até o gráfico da evolução que foi feito aqui levando-se em conta cada percentual de voto que era computado criou figura geográfica uniforme bem típica de algoritmo, muito parecido com aquela do segundo turno de 2014 do Aécio Neves", afirmou em uma transmissão ao vivo nas redes sociais.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) no Palácio da Alvorada, em Brasília - Gabriela Biló - 4.out.22/Folhapress

Bolsonaro já afirmou em outras oportunidades que a alegada fraude no pleito de 2014 está comprovada pelo fato de Aécio e Dilma terem aparecido intercalados na liderança de votos recebidos por mais de 200 minutos. Na teoria propagada pelo presidente e que já foi desmentida pelo TSE, esse tipo de padrão matemático não poderia ocorrer de forma espontânea.

Nesta quarta, o presidente disse que "apareceram alguns problemas" na apuração e que "passou para frente esses problemas".

No último domingo, logo após a divulgação do resultado da eleição, em que ficou atrás de Lula, mas com diferença menor do que era apontado pelas pesquisas e com vitória de diversos aliados, Bolsonaro evitou levantar suspeitas contra as urnas, como costuma fazer.

Ele disse apenas que aguarda um relatório das Forças Armadas, que integra uma comissão de transparência eleitoral do TSE para opinar sobre o assunto.

Nesta quarta, porém, ele comparou a apuração deste ano com a de 2014, que ele já afirmou que houve fraude.

"Conseguiu já a maioria, daí ela foi numa paralela até o final e cada vez que entrava um minuto de voto dava ora vitória de Aécio, ora vitória da Dilma, e assim foi paralela até o final e foi decidido o segundo turno de 2014. Agora parece que se tivesse mais 5% o nosso oponente teria conseguido a eleição no primeiro turno", disse.

A alegada alternância entre Dilma e Aécio citada por Bolsonaro não aconteceu. Mesmo se considerada a questionável metodologia do vídeo, ao efetuar os cálculos corretamente, o suposto padrão desaparece.

Em julho de 2021, o mandatário fez uma live com uma profusão de mentiras sobre as urnas.

Nela, apresentou um vídeo que serve como base para sua teoria. Um homem anônimo diz ter encontrado um padrão nos dados divulgados minuto a minuto que indicariam fraude, pois tal alternância entre Aécio e Dilma no recebimento da maioria dos votos a cada parcial só seria possível por meio do uso de um algoritmo.

Ao observar o gráfico com os votos apurados a cada minuto pelo TSE, é possível ver que não há um padrão, tampouco que Dilma e Aécio aparecem continuamente intercalados por mais de 200 minutos.

O que o gráfico mostra é que, no início da apuração, Aécio recebe sempre mais votos do que Dilma e que, a partir das 18h25, Dilma registra quase sempre um ganho maior de votos.

De acordo com o TSE, esse comportamento é explicado pela distribuição geográfica da apuração das urnas.

No início da contagem dos votos, a apuração ocorreu predominantemente nas regiões Sul e Sudeste, onde Aécio venceu. Com isso, o tucano manteve a dianteira na apuração parcial. Mas a situação se inverteu com a computação dos votos do Norte e Nordeste, onde Dilma atingiu ampla vantagem. Isso consolidou a vitória da petista, que foi reeleita com 51,6% dos votos, conta 48,3% de Aécio.

Uma auditoria independente promovida pelo PSDB entre 2014 e 2015 concluiu que não foi possível identificar fraudes na votação de 2014. No entanto, os autores fizeram várias sugestões de mudanças e sustentaram que não era possível fazer uma auditoria externa independente e efetiva do sistema. O TSE contesta essas conclusões e sustenta que o sistema já é completamente auditável.

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