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Eleição mais apertada da história tem virada pró-Bolsonaro em 251 cidades e nenhuma para Lula

Maior avanço foi em municípios de MG, apesar de petista ter prevalecido no estado

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São Paulo

Segundo colocado na eleição presidencial, Jair Bolsonaro (PL) conseguiu ampliar sua votação a ponto de virar sobre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no estado do Amapá e em 251 cidades onde o petista havia vencido no primeiro turno. Isso representa 4,5% dos 5.570 municípios brasileiros.

Lula, por sua vez, não reverteu o resultado em nenhuma cidade onde Bolsonaro prevaleceu na primeira rodada.

No geral, Bolsonaro conseguiu encurtar a desvantagem em relação ao adversário de 6,2 milhões de votos para 2,1 milhões entre os dois turnos.

O crescimento foi insuficiente para garantir uma virada inédita no pleito. O atual presidente tornou-se neste domingo (30) o primeiro a não conseguir a reeleição no cargo.

Com todas as urnas apuradas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Lula alcançou 50,90% dos votos válidos, e Bolsonaro, 49,10%. Foi a eleição mais apertada desde a redemocratização.

No primeiro turno, Lula havia sido o mais votado em 3.376 cidades. Bolsonaro, por sua vez, saiu na frente em 2.191. Houve ainda três empates, em Coronel Sapucaia (MS), Alecrim (RS) e Ribeirão do Sul (SP). Prova da elevada polarização desde o início da disputa, os outros candidatos não conseguiram sequer o segundo lugar em nenhum município do país.

Com a disputa restrita aos dois finalistas, o petista acabou como o mais votado em 3.123 municípios neste domingo, e o atual presidente, em 2.445. Houve também dois empates, em Guará (SP) e Irati (SC).

Estado estratégico para as duas campanhas, por ter o segundo maior colégio eleitoral e o maior número de municípios do país –além de ser um espelho histórico da eleição presidencial–, Minas Gerais foi palco de 66 viradas pró-Bolsonaro.

A principal reviravolta bolsonarista aconteceu em Grupiara, no Triângulo Mineiro, onde o presidente saltou de 46,06% dos votos válidos no primeiro turno para 59,40% no segundo.

Minas recebeu cinco visitas presenciais de Bolsonaro durante a segunda parte da campanha, com passagens por ao todo seis cidades diferentes. Além de Belo Horizonte, Uberlândia e Governador Valadares, o presidente apostou também em três localidades onde havia perdido para Lula: Montes Claros, Teófilo Otoni e Juiz de Fora, palco da facada sofrida por ele em 2018.

Destas, só conseguiu reverter o resultado do primeiro turno em Montes Claros. A votação do presidente subiu de 44,90% para 51,24% na cidade-polo do Norte mineiro, região com perfil similar ao do Nordeste brasileiro e marcada por vitórias petistas desde 2006.

Além do próprio presidente, algumas figuras que reforçaram a campanha dele no estado foram a primeira-dama Michelle Bolsonaro, a ex-ministra Damares Alves (Republicanos), eleita ao Senado pelo Distrito Federal, e o vereador de Belo Horizonte Nikolas Ferreira (PL), campeão de votos para a Câmara dos Deputados neste ano.

Bolsonaro também contou com o apoio engajado do governador reeleito Romeu Zema (Novo). "Nenhuma região e nenhuma parte desse estado ficará para trás", declarou Bolsonaro ao lado de Zema em Montes Claros.

Mesmo com um crescimento de 6,2 pontos percentuais em relação ao primeiro turno, o presidente não conseguiu reverter a vitória petista em Minas. O estado manteve a sua tradição de refletir os resultados da disputa nacional, com triunfo de Lula por apertados 50,20% a 49,80%.

Integrantes da campanha do presidente creditaram a derrota para Lula a falhas da estratégia em Minas e em São Paulo.

Na capital paulista, Bolsonaro aumentou sua votação em relação ao primeiro turno, de 37,99% para 46,45% dos votos válidos, mas voltou a ser derrotado, desta vez com uma diferença de 486,4 mil eleitores paulistanos a mais para Lula.

No estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do país, Bolsonaro conseguiu 10,5 pontos de vantagem neste domingo (55,24% a 44,76%), o equivalente a 2,7 milhões de votos a mais do que Lula entre os paulistas.

Foi pouco para compensar os 12,6 milhões eleitores a mais conquistados pelo petista no Nordeste. Depois de vencer no primeiro turno em apenas 15 das 1.794 cidades na região, Bolsonaro conseguiu aumentar esse número para somente 20 municípios no maior reduto lulista.

A única capital nordestina onde Bolsonaro saiu vitorioso foi Maceió (AL), no estado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP).

O PT não virou o resultado em nenhuma das cidades conquistadas pelo PL na primeira rodada. Garantiu a eleição de Lula com aumentos, ainda que menos expressivos, nos locais onde conseguiu repetir as vitórias do primeiro turno.

"Foi a campanha mais difícil da minha vida", declarou Lula ao discursar para seus eleitores que comemoravam na avenida Paulista, no centro de São Paulo.

O maior salto de Lula foi observado em Sobral (CE), berço político de Ciro Gomes (PDT), quarto colocado no primeiro turno. O petista já havia vencido na primeira parcial e aumentou sua votação na cidade, de 55,45% para 69,02% na segunda rodada.

Nova Pádua (RS) manteve o título de cidade mais bolsonarista do país, com aumento de 83,97% dos votos no primeiro turno para 88,99% no segundo.

Guaribas (PI) também conservou o posto de município mais lulista do Brasil. A votação do novo presidente eleito subiu de 92,14% para 93,85% na cidade piauiense.

Em nível estadual, Lula saiu vitorioso em 13 unidades da federação, uma a menos que Bolsonaro, contando o Distrito Federal.

Considerando os três maiores colégios eleitorais, o resultado deste domingo repetiu o do primeiro turno. O petista venceu em Minas Gerais, e o atual presidente, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Em mais um capítulo da polarização regional, Lula foi o mais votado em todos os estados do Nordeste, e Bolsonaro, em todos das regiões Sul e Centro-Oeste.

O Amapá, que também vinha refletindo os resultados nacionais desde a redemocratização ao lado de Minas Gerais e Amazonas, saiu dessa lista seleta ao ser o único estado com virada bolsonarista neste ano em relação ao primeiro turno.

Nacionalmente, nunca houve uma virada entre o primeiro e o segundo turno das eleições presidenciais. Fernando Collor (1989), o próprio Lula (2002 e 2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014) conseguiram confirmar a vitória após terem largado em vantagem nas edições anteriores decididas em duas etapas.

No pleito realizado há quatro anos, apenas 147 das 5.570 cidades brasileiras (3%) haviam registrado vencedores diferentes entre a primeira e a segunda rodada da eleição presidencial. Foram 121 viradas a favor do então candidato petista Fernando Haddad, derrotado na ocasião, e outras 25 pró-Bolsonaro.

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