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Eleições 2022

Marília Arraes e Raquel Lyra vão ao 2º turno, e Pernambuco terá 1ª governadora eleita

Dia da eleição foi marcado pela morte do empresário Fernando Lucena, marido de Raquel, que decidiu votar apenas no fim da tarde

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Recife

A deputada federal Marília Arraes (Solidariedade) e a ex-prefeita de Caruaru Raquel Lyra (PSDB) vão disputar o segundo turno para o Governo de Pernambuco, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Com 100% das urnas apuradas, Marília Arraes conseguiu 23,97% dos votos válidos, enquanto Raquel Lyra ficou com 20,58%.

Assim, a eleição irá para o segundo turno pela primeira vez desde 2006 em Pernambuco. Na ocasião, o vencedor foi Eduardo Campos (1965-2014), dando início à era de 16 anos do PSB no poder no estado. O ciclo se encerra em 2022, pois o candidato do partido, Danilo Cabral, ficou fora do segundo turno.

Retratos de Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB)
Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB) disputarão o segundo turno para o Governo de Pernambuco - @Marília Arraes no Facebook e @Raquel Lyra no Facebook

Sem o governo estadual, o PSB perde força politicamente no estado, apesar de seguir na prefeitura do Recife com João Campos. O apoio de Lula e a artilharia contra Marília Arraes não foram suficientes para levar Danilo Cabral ao segundo turno.

Com a passagem de Marília e Raquel para a etapa final da eleição, Pernambuco terá pela primeira vez uma governadora eleita. Até hoje, apenas homens foram eleitos para o Palácio do Campo das Princesas.

A vaga de Marília Arraes no segundo turno era dada praticamente como certa, pois ela liderou as pesquisas eleitorais do começo ao fim da campanha eleitoral do primeiro turno.

Apoiadora do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a deputada federal conseguiu avançar para o segundo turno mesmo sem o apoio do petista, que estava oficialmente no palanque de Danilo Cabral (PSB), como efeito do acordo nacional entre PT e PSB em diversos estados.

Marília Arraes, inclusive, se tornou candidata a governadora apenas após deixar o PT depois de seis anos na legenda. Em março, ela migrou para o Solidariedade e se lançou na corrida para o governo. A movimentação provocou uma alteração do jogo de forças na disputa, trazendo mais dificuldades sobretudo para o PSB.

Marília conseguiu capitalizar para si parte dos votos lulistas no estado. Agora, a parlamentar deve tentar o apoio oficial de Lula para o seu palanque no segundo turno contra Raquel Lyra.

No primeiro turno, o foco da campanha de Marília foi reforçar vínculos com Lula. A migração da deputada para o Solidariedade, em março, teve como uma das intenções garantir segurança jurídica para que sua imagem e a do ex-presidente pudessem ser utilizadas em materiais de campanha. O partido está coligado com Lula nacionalmente.

Além disso, a campanha da neta do ex-governador Miguel Arraes (1916-2005) foi marcada pela ausência nos debates em emissoras de rádio e TV. No segundo turno, a tendência é que ela vá aos debates.

Filha do ex-governador João Lyra Neto (PSDB), Raquel Lyra (PSDB) deve tentar ampliar o grau de conhecimento perante o eleitorado no segundo turno. Para isso, conta com a ampliação no tempo de propaganda no rádio e na televisão - as duas postulações terão o mesmo espaço.

Raquel foi às urnas no final da tarde, depois de ter anunciado que não votaria neste domingo. Seu marido, o empresário Fernando Lucena, 44, morreu durante a manhã, de mal súbito.

O enterro aconteceu também no domingo, em Caruaru, no agreste pernambucano.

Por causa do falecimento, a candidata a vice, Priscila Krause (Cidadania), assumiu a coordenação da campanha temporariamente até o retorno de Raquel às atividades políticas.

A campanha de Raquel Lyra tende a adotar o discurso de que Marília Arraes não representa a mudança do eixo de poder no estado, tecendo críticas ao candidato a vice de Marília, Sebastião Oliveira (Avante), que foi secretário de Transportes do governador Paulo Câmara (PSB).

No primeiro turno, Raquel apoiou Simone Tebet (MDB) para presidente. A campanha da tucana priorizou a discussão de propostas para o estado, fazendo contraponto ao atual governo do PSB, seu ex-partido.

Procuradora do Estado e ex-delegada da Polícia Federal, a candidata do PSDB a governadora é de uma família tradicional na política de origem no campo da esquerda. O pai, o ex-governador João Lyra Neto (PSDB), já foi filiado ao MDB no período da ditadura (1964-1985), e passou por PSB, PT e PDT.

O tio de Raquel, Fernando Lyra (1938-2013), ex-deputado federal, foi candidato a vice-presidente na chapa de Leonel Brizola, em 1989.

Após dois mandatos de deputada estadual, Raquel Lyra foi eleita prefeita de Caruaru em 2016 e reeleita em 2020 pelo PSDB. Ela se filiou à sigla há seis anos, após o PSB barrar sua pretensão de disputar a prefeitura da maior cidade do interior.

Os dois palanques do segundo turno também deverão disputar apoios dos outros três candidatos competitivos que ficaram pelo caminho após o primeiro turno, Anderson Ferreira (PL), Danilo Cabral (PSB) e Miguel Coelho (União Brasil), que receberam 18,28%, 18,03% e 17,86% dos votos válidos.

O PSB, partido de Danilo, tende a estimular voto em Raquel Lyra. Prefeitos do partido deverão aderir à tucana, que já rejeitou publicamente o apoio oficial do seu ex-partido.

O PSB considera Marília Arraes sua arquirrival na política. Marília rompeu com o PSB nas eleições de 2014, quando era vereadora do Recife, alegando que o partido estava se afastando dos princípios do período de Miguel Arraes, e se filiou em 2016 ao PT.

A deputada critica reiteradamente o apoio do PSB ao impeachment de Dilma Rousseff em 2016 e a Aécio Neves (PSDB) para presidente no 2º turno de 2014.

A lotação nos hospitais de emergência de Pernambuco, a segunda colocação no ranking nacional de desemprego e a necessidade de ampliação do abastecimento de água deverão estar entre os principais temas de debate do segundo turno.

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