Alckmin vai coordenar equipe de transição para o governo Lula

Segundo Gleisi Hoffmann, ministro Ciro Nogueira diz que presidente Bolsonaro deu o aval para iniciar o processo

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São Paulo

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), anunciou nesta terça-feira (1º) que o ex-governador e atual vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) será o coordenador da equipe da transição de governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Gleisi e o ex-ministro Aloizio Mercadante, que era outro cotado para a coordenação, também atuarão na equipe. Ainda não há, no entanto, definição sobre ministérios.

"Ele é o vice-presidente da República e tem mais do que legitimidade, poder político e institucional para conduzir isso. A decisão do presidente foi nesse sentido", disse Gleisi ao justificar a escolha de Alckmin.

Lula e Alckmin após o resultado das eleições ser confirmado - Nelson Almeida-30.out.22/AFP

Ao ser questionada se a escolha de Alckmin seria uma sinalização ao centro, Gleisi afirmou: "A gente já mostrou isso durante a campanha quando a gente fez essa frente ampla".

Segundo a parlamentar, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) deu o aval para começar o processo de transição.

"Conversei ontem [segunda] com o Ciro Nogueira. Ele falou que está à disposição, que foi determinação do presidente [Bolsonaro] de se instalar o processo de transição. Que eu poderia passar a ele os nomes para eles fazerem as nomeações", afirmou.

Gleisi disse também que o processo começará a partir desta quinta-feira (3) e que na comissão estarão partidos da coligação que estiveram com Lula durante a campanha. Ela indicou que membros da equipe do presidente eleito devem se reunir, presencialmente, com integrantes do governo Bolsonaro para dar início ao processo.

Segundo a presidente do PT, o ministro da Casa Civil também ofereceu o Centro Cultural Banco do Brasil para ser a sede da transição. A decisão será comunicada a Ciro Nogueira ainda nesta terça.

À tarde, em publicação nas redes sociais, Alckmin agradeceu a confiança de Lula na "missão" de coordenar a transição. Ele afirmou que o trabalho da equipe "será norteado pelos princípios de interesse público, colaboração, transparência, planejamento, agilidade e continuidade dos serviços".

"Nosso objetivo será fornecer ao presidente @LulaOficial, de forma republicana e democrática, todas as informações necessárias para que seu mandato, que começa em 1° de janeiro, seja bem-sucedido no atendimento das prioridades da população", escreveu.

Lula também falou nas redes. "Tenho certeza que teremos um excelente trabalho nesta transição, coordenado por @geraldoalckmin. Construiremos um governo para todos os brasileiros."

A opção por Alckmin retarda especulações sobre montagem do governo Lula. Tradicionalmente, o coordenador da transição assume um ministério robusto após conduzir o desenho da estrutura da Esplanada.

Como Alckmin já terá assento no governo, essas suposições ficam afastadas. De acordo com aliados, o presidente eleito recomendou cautela na escolha da equipe de transição para evitar conclusões nesse sentido.

Na manhã desta terça-feira, Lula delegou tarefas aos colaboradores de sua confiança. Pediu a Fernando Haddad a montagem da equipe encarregada da área de Educação, lembrando não haver compromisso de nomeação no governo.

Na conversa, recomendou que procurasse a socióloga Neca Setúbal, herdeira do banco Itaú, além de mencionar a ONG Todos pela Educação.

Lula também convidou o ex-deputado Márcio Macedo, que foi tesoureiro da campanha, para atuar na organização da equipe de transição.

Pela legislação, a equipe de transição designada por Lula deve contar com 50 pessoas, contratadas de acordo com o plano de cargos do governo (os DAS), além do coordenador. Também poderão ser requisitados servidores de carreira, excluídos dessa cota.

"Estamos começando a relacionar as demais pessoas que vão estar na coordenação. Eu e Aloizio Mercadante integraremos [a comissão] também para ajudar o governador [Alckmin], mas há outras pessoas. Vamos designar pessoas por áreas", disse Gleisi.

"Como o Mercadante foi coordenador de programa de governo e tem relação com os nossos programas, ele vai estar junto na equipe. Eu também vou estar junto na parte da política, na relação com os partidos."

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, fala à imprensa sobre a transição, em São Paulo - Mathilde Missioneiro/Folhapress

A presidente do PT afirmou ainda que o presidente eleito não "abriu a discussão" sobre composição de ministérios. "Importante deixar bem claro que quem participa dessa comissão de transição não quer dizer que vai ser ministro ou ministra."

"Não há decisão sobre ministério, o presidente Lula não abriu essa discussão. Não há essa necessidade e não há essa urgência até porque o presidente só toma posse a partir de 1º de janeiro", continuou.

De acordo com Gleisi, um tema prioritário e um dos "primeiros focos" que será tratado na transição é a questão orçamentária. Ela afirmou que a equipe de Lula quer que seja "assegurado" no Orçamento de 2023 "o contrato que fizemos nas eleições", como as propostas de Auxílio Brasil no valor de R$ 600 e o reajuste do salário.

"Mas, mais do que isso, queremos ver como está a situação fiscal, porque a gente tem poucas informações sobre isso. A ideia é ter o quadro geral para saber e depois fazer as propostas."

A parlamentar disse que Alckmin já "teve um contato" com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), para tratar do assunto e citou o senador eleito Wellington Dias (PT), que foi escalado para atuar nas negociações em torno das mudanças na proposta de Orçamento para 2023.

Gleisi afirmou ainda que Lula irá participar da COP27, conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que ocorre neste mês no Egito. Ele foi convidado pelo Consórcio Amazônia Legal para participar —mas ainda não há definição de datas.

"Ele recebeu um convite do governador Waldez [Góes], coordenador do consórcio, para acompanhar os governadores nesse governo. Ele irá. Ele está vendo a melhor semana para ir."

De acordo com Gleisi, ainda não há uma definição sobre onde o presidente eleito deverá estar nos próximos dias. "Acredito, claro, após a instalação da comissão, a maior parte do tempo o presidente Lula esteja em Brasília. Mas ainda não tem essa definição."

O presidente eleito deverá viajar na noite desta terça para a Bahia, onde ficará até sexta-feira (4) sem compromissos oficiais.

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