Malafaia diz ser contra 'maluco em frente ao quartel', mas cobra golpismo de Bolsonaro

Pastor se defende por críticas a férias em resort e defende convocação das Forças Armadas pelo presidente

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São Paulo

Após refutar acusações de que orientou fiéis a protestar contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em frente a quartéis do Exército, o pastor Silas Malafaia divulgou um vídeo para defender que o presidente Jair Bolsonaro (PL) convoque as Forças Armadas contra o que ele considera uma "desordem institucional".

Divulgada nesta terça-feira (29), a nova gravação acusa o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, de querer dar um golpe, por meio de censura e cerceamento de liberdade de expressão e direito à manifestação. Malafaia propõe, então, que o aliado use o artigo 142 da Constituição.

Bolsonaristas que não aceitam a derrota do presidente para Lula citam com frequência esse artigo para pedir um golpe que anule a vitória lulista.

O pastor Silas Malafaia - Eduado Anizelli-28.set.22/Folhapress

Diz ele que "as Forças Armadas (…) são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da República, e destinam-se à defesa da pátria, à garantia dos Poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem".

À Folha o pastor diz que não é "puxa-saco nem bolsominion", por isso cobra Bolsonaro por uma postura que vê como omissa. "A responsabilidade é do presidente. Não adianta querer transferir pro povo ficar igual a maluco em frente ao quartel."

"Se o presidente quer colocar ordem, se ele acha que está uma bagunça, ele que convoque as Forças Armadas", afirma. "Ele que tem autoridade. Tô quieto, esperando. Como eu tô vendo que ele não fez nada, resolvi me posicionar em relação a ele. Não vai passar como vítima, pra mim, não."

Malafaia conta que falou com Bolsonaro apenas uma vez após o segundo turno, depois de receber um telefonema dele, e que enviou "três ou quatro" mensagens de WhatsApp desde então. O contato frequente que estabeleceu durante a corrida eleitoral, ao menos por ora, não continuou.

Malafaia foi alvo nas redes de críticas por ter se hospedado num resort de luxo no Nordeste enquanto manifestações de teor golpista resistiam por quase um mês diante das instalações militares.

O líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, um dos maiores aliados de Bolsonaro na campanha eleitoral, diz que nunca incentivou os protestos. Para ele, a manifestação teria que acontecer, isso sim, na frente do Congresso Nacional.

Ele também reagiu a provocações de que estava de férias enquanto parte do bolsonarismo continuava nas ruas, em protestos de teor golpista. As críticas partiram de notórios apoiadores de Lula e também de evangélicos. O site Fuxico Gospel foi um dos que repercutiu a viagem do pastor.

Malafaia evoca um trecho do livro bíblico de Gálatas contra "petistas e fuxiqueiros" depois de dizer: "Sou livre com o meu dinheiro, faço o que quero".

A passagem menciona "falsos irmãos" que se "infiltraram em nosso meio para espionar a liberdade que temos em Cristo Jesus e nos reduzir à escravidão".

Também o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) entrou na mira de bolsonaristas, após viralizar uma foto dele sorridente na Copa do Mundo do Qatar.

O filho do presidente foi criticado por aparentar se divertir enquanto apoiadores do seu pai continuam acampados na esperança de que o resultado eleitoral seja invalidado, o que não tem qualquer respaldo constitucional.

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