Descrição de chapéu transição de governo

Tarcísio se reúne com Eduardo Bolsonaro antes de definir equipe de transição

Governador eleito de SP diz querer nomes técnicos no time e é cobrado pela base bolsonarista

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São Paulo

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), se reuniu nesta segunda-feira (21) com Tarcísio de Freitas (Republicanos), no momento em que a equipe de transição está sendo definida pelo governador eleito de São Paulo.

O anúncio dos nomes era esperado para esta segunda, conforme havia sido divulgado pela assessoria de Tarcísio. No entanto, houve um atraso e a definição deve ficar para terça (22).

Depois de uma campanha em que prometeu um secretariado técnico, Tarcísio vem sendo cobrado pela base bolsonarista a abrir espaço para aliados do presidente na equipe de transição e no seu futuro secretariado. Bolsonaro foi o grande fiador da candidatura de Tarcísio, seu ex-ministro da Infraestrutura.

Também nesta segunda, o deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP) esteve com Tarcísio. Cezinha, da bancada evangélica da Câmara, é próximo de Bolsonaro e também do presidente do PSD, Gilberto Kassab.

Tarcísio de Freitas (Republicanos) e aliados chegam para reunião de transição de governo no centro de SP
Tarcísio de Freitas (Republicanos) e aliados chegam para reunião de transição de governo no centro de SP, nesta segunda - Vinicius Freitas/Divulgação

Até agora, Tarcísio se cercou de pessoas com quem já trabalhou anteriormente no ministério, além de nomes próximos a Kassab e ao ministro Paulo Guedes (Economia). O coordenador da transição, por exemplo, é o ex-vice-governador Guilherme Afif, que integra o PSD e foi assessor especial de Guedes.

Nesta segunda, Eduardo e Tarcísio buscam acertar os ponteiros sobre a equipe de transição e de governo.

O deputado federal chegou durante a tarde ao edifício Cidade 1, no centro de São Paulo, onde o time de Tarcísio se reúne para a transição. Ele esteve acompanhado do deputado estadual Gil Diniz (PL-SP). Ambos saíram sem falar com a imprensa.

Houve movimento de entra e sai de aliados durante toda a tarde no prédio localizado na rua Boa Vista, centro da capital paulista.

O deputado federal Vinícius Poit (Novo) esteve no local —ele, que também concorreu ao Governo de São Paulo, apoiou Tarcísio no segundo turno.

De acordo com aliados de Tarcísio, o governador eleito faz questão de ter nomes próximos e de confiança em sua equipe, o que dificulta o sucesso de pressões por cargos vindas de bolsonaristas e de partidos que o apoiaram.

Interlocutores de Bolsonaro, no entanto, já vinham alertando que a ausência de nomes bolsonaristas na equipe de Tarcísio provocaria reação negativa entre os eleitores do presidente e que o governador eleito poderia enfrentar forte oposição.

Nesse sentido, aliados de Bolsonaro acreditam que Tarcísio deva promover uma boa mistura entre seus escolhidos, considerando nomes bolsonaristas que sejam técnicos, mas evitando aqueles que soem mais radicais ou bajuladores.

Na semana passada, Tarcísio deu a entender que nomes do bolsonarismo raiz, como Mario Frias (PL) e Ricardo Salles (PL), não estarão em seu governo.

"Existem parlamentares que pelo perfil vão ser muito importantes no Congresso. Eu sempre falei em ter uma gestão absolutamente técnica. Vocês vão ver pelos nomes que eu vou começar a anunciar que a gente não vai se distanciar daquilo que nós nos comprometemos ao longo do tempo", disse.

Outra reclamação da base bolsonarista de Tarcísio é sua proximidade com Kassab, já que o presidente do PSD tem uma boa relação com o presidente eleito Lula (PT).

Nomes ligados a Guedes, como Samuel Kinoshita e Jorge Luiz de Lima, que foram assessores do ministro, tampouco contemplam políticos próximos de Bolsonaro —apesar de Guedes integrar o governo federal.

Como mostrou a Folha, o atual secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, aceitou convite de Tarcísio para comandar a educação em São Paulo.

As ações adotadas por Feder no Paraná agradam à ala bolsonarista, já que durante sua gestão ele promoveu uma das maiores ampliações de escolas cívico-militares no país. De 2020 a 2022, ao menos 195 escolas estaduais paranaenses passaram a ter o modelo defendido por Bolsonaro. O secretário também é favorável à privatização.

Feder chegou a ser convidado por Bolsonaro, em 2020, para ser ministro da Educação, mas sofreu ataques de apoiadores de Olavo de Carvalho e de evangélicos em razão de de sua proximidade com o ex-governador João Doria.

Por isso, ainda de acordo com interlocutores de Bolsonaro, a indicação de Feder tampouco contempla a base do presidente.

Tarcísio tem afirmado que os nomes que anunciará para a equipe de transição, divididos por temas, não necessariamente irão compor seu secretariado.

O governador eleito tem uma série de partidos e aliados a contemplar, além do bolsonarismo e do PSD de Kassab —como sua sigla, o Republicanos, mais PP, PL, PSDB, MDB, União Brasil e Podemos. Os partidos que estiveram com Tarcísio no segundo turno e que compõem o governo Rodrigo Garcia (PSDB) querem manter seus feudos.

Tarcísio e Rodrigo deram início à transição com uma reunião na última quinta, depois que o governador eleito retornou de férias nos Estados Unidos.

Participaram os coordenadores da transição, Afif, que representa Tarcísio, e o secretário Marcos Penido, pela parte de Rodrigo, além de outros secretários e assessores de ambos.

Na quinta, Tarcísio afirmou que a primeira atitude da transição será ajustar o Orçamento, mas que haverá mudança sem ruptura.

"Vai haver mudança, mas não ruptura. Foi feito um exercício por parte da transição adaptar nosso plano de governo ao Orçamento atual. Então uma das primeiras tarefas da transição vai ser o ajuste do Orçamento", disse.

O processo de transição para grupos políticos distintos é raro em São Paulo, estado que teve uma sequência de governos do MDB e, depois, desde 1995, do PSDB. Como Rodrigo apoiou Tarcísio no segundo turno, a passagem de bastão deve ser amigável.

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