Bolsonaro divulga mensagem dúbia em evento militar e silencia sobre vandalismo

Presidente participa de evento em Grupamento de Fuzileiros Navais, em Brasília

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Brasília

Um dia após atos de vandalismo praticados por bolsonaristas em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro (PL) se encontrou nesta terça (13) com integrantes da Marinha e divulgou uma nova mensagem de teor dúbio.

Na nota, em nome do presidente mas lida por um locutor, Bolsonaro diz que a Marinha é comprometida com o futuro da pátria. Afirma ainda que os fuzileiros navais, com sacrifício da própria vida, "lutaram e sempre lutarão para impedir qualquer iniciativa arbitrária que possa vir a solapar o interesse do nosso país".

Os atos antidemocráticos que pedem um golpe militar e escalam em casos de violência pelo país têm sido atiçados por Bolsonaro desde a sua derrota para o petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) - Adriano Machado - 6.dez.22/Reuters

O evento militar desta terça-feira, que aconteceu no Grupamento de Fuzileiros Navais em Brasília, foi fechado à imprensa e teve a presença do vice-presidente Hamilton Mourão e de ministros do governo.

Bolsonaro não discursou, e sua mensagem foi lida enquanto a transmissão oficial exibia a imagem do presidente. O mandatário participou da celebração ao dia do marinheiro e da entrega de medalhas de mérito.

Antes de Bolsonaro divulgar a nota, o comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, disse que Bolsonaro conta "com a minha, com a sua, com a nossa Marinha".

Como mostrou recente reportagem da Folha, a escalada da violência nos atos antidemocráticos liderados por bolsonaristas fez desmoronar o discurso público do presidente e de seus aliados, que destacavam as manifestações como ordeiras e pacíficas e buscavam associar protestos violentos a grupos de esquerda.

Com casos de violência que incluem agressões, sabotagem, saques, sequestro e tentativa de homicídio, as manifestações atingiram seu ponto crítico e acenderam o alerta das autoridades, que realizaram prisões e investigam até possível crime de terrorismo.

Na semana da derrota, em uma rápida declaração, ele disse defender os atos, tendo ali apenas condenado os bloqueios de estradas por seus apoiadores. Já no final da semana passada quebrou um silêncio de 40 dias com um discurso dúbio que também atiçou seus apoiadores.

O discurso na sexta foi salpicado de referências às Forças Armadas, repetiu a retórica de campanha e estimulou indiretamente manifestações antidemocráticas dos seguidores que contestam a vitória do petista em uma inédita derrota para um presidente que disputava a reeleição no país.

O caso mais recente de violência ocorreu nesta segunda-feira (12). Horas após a diplomação de Lula, uma ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes (STF) contra um indígena bolsonarista acabou em atos de violência em frente à sede da Polícia Federal e em vias de Brasília.

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