Saiba quais são os comandantes de Marinha, Exército e Aeronáutica no governo Lula

Presidente seguiu critério de antiguidade para definir novos chefes na transição; primeira demissão ocorre em janeiro após crise

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Brasília

Durante a transição de governo, o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolheu os oficiais-generais mais antigos de Marinha, Exército e Aeronáutica para comandar as Forças Armadas em sua gestão.

Em janeiro, a menos de um mês de governo, ocorreu a primeira troca com a demissão do comandante do Exército, em meio a uma crise de confiança aberta após os ataques do dia 8 de janeiro, em Brasília.

O general Júlio Cesar de Arruda foi comunicado da decisão neste sábado (21). O escolhido para substituí-lo é o general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva conversa com jornalistas sobre a transição de governo, no CCBB, onde a equipe do petista está reunida em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

Os três nomes iniciais tinham sido anunciados em 9 de dezembro, com a confirmação de que o ex-presidente do TCU (Tribunal de Contas da União) José Múcio Monteiro assumiria o posto de ministro da Defesa.

Além dos comandantes, Múcio e Lula definiram então os nomes de quem ocuparia os outros dois principais cargos da estrutura do Ministério da Defesa.

O almirante Renato de Aguiar Freire ficará com a chefia do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, cargo vinculado à estrutura do Ministério da Defesa. Ele substituirá o general Laerte de Souza Santos. A escolha segue o critério de rodízio entre as Forças no comando da área.

Para a Secretaria-Geral do Ministério da Defesa, Múcio escolheu Luiz Henrique Pochyly. Ele é especialista em compliance e controle e foi secretário-geral de administração do TCU enquanto o futuro ministro ocupava uma das cadeiras da corte de contas.

Veja o perfil dos comandantes escolhidos por Lula:

Exército

O novo comandante do Exército, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, tem 62 anos e é considerado na capital federal como um militar com maior traquejo político, incluindo a proximidade com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem foi ajudante de ordens, e com o atual vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB).

Atual comandante militar do Sudeste (responsável por São Paulo), ele chegou em 2019 ao posto de general de Exército, o mais alto da carreira, passando a integrar o Alto Comando da Força. Tomás estava na linha sucessória natural, sendo o mais antigo detentor de quatro estrelas do Alto-Comando, ao lado de Valério Stumpf.

Ele já havia sido cotado para o cargo, mas alguns petistas temiam que sua grande capacidade de articulação o tornassem numa força independente, assim como Eduardo Villas Bôas foi quando escolhido por Dilma Rousseff (PT) no fim de 2014 —o ex-comandante foi o artífice da volta dos fardados à política. Tomás foi chefe de gabinete de Villas Bôas.

Dias antes da demissão de Arruda, na quarta-feira (18), Tomás havia feito um discurso incisivo de defesa da institucionalidade, pedindo o respeito ao resultado das eleições e afirmando o Exército como apolítico e apartidário. O vídeo foi divulgado nas redes sociais do Comando Militar do Sudeste na sexta (20).

Entre outras atuações no Exército, Tomás foi também subcomandante da Minustah.

Marinha

O comando da Marinha fica com o almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, 63, atual comandante de Operações Navais —um dos principais cargos da Força.

Olsen é o segundo mais antigo do Alto Comando da Marinha e só foi escolhido porque o primeiro da lista, o almirante Aguiar Freire, deve assumir a chefia do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas.

Segundo oficiais da Marinha, o almirante teve destaque no comando da Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico, sucedendo o almirante Bento Albuquerque, escolhido por Jair Bolsonaro (PL) para comandar o Ministério de Minas e Energia.

Tem formação no curso da Escola Naval em 1982 e chegou ao almirantado em 2011. É considerado pelos pares como legalista e um dos mais preparados para o cargo.

Aeronáutica

O tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno foi escolhido para o comando da FAB (Força Aérea Brasileira). Ele tem 63 anos e é o oficial-general mais antigo da Força.

Damasceno finalizou o curso de formação de oficiais aviadores em dezembro de 1982, sendo promovido para a patente de brigadeiro do ar —a primeira do generalato da Aeronáutica— em 2011.

Além da atuação da FAB, Damasceno tem formação em administração de empresas na Universidade de Santa Catarina e, pelo perfil, assumiu funções de chefe de gabinete do comandante da Aeronáutica e do centro de comunicação social da Força.

Brigadeiros da reserva afirmaram à Folha que Damasceno terá o principal desafio de despolitizar a Força Aérea, após o atual comandante, Baptista Júnior, atuar com completo alinhamento a Jair Bolsonaro e, em ato visto como insubordinação, preparar uma antecipação da saída do cargo.

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