Tarcísio anuncia presidente da Petrobras como secretário de Gestão em SP

Equipe também divulga nomes para Assuntos Internacionais, Comunicação e DER; Guedes não deve ser secretário, mas é cotado como 'conselheiro'

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São Paulo

O governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou nesta terça-feira (6) mais três secretários de sua futura administração no Governo de São Paulo. Um deles é Caio Paes de Andrade, presidente da Petrobras, que assumirá a pasta de Gestão e Governo Digital.

Tarcísio esteve nesta terça em Brasília, onde participou da cerimônia de posse de novos ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça), na qual chegou a conversar em tom descontraído com Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) visto como inimigo por bolsonaristas.

O governador eleito anunciou os novos secretários em rede social, mas quem falou no lugar dele em São Paulo foi Guilherme Afif Domingos (PSD), coordenador da transição. Afif afirmou que Andrade foi escolhido principalmente pelo histórico anterior à Petrobras, que ele assumiu neste ano.

"A participação dentro do governo, primeiro presidindo o Serpro [Serviço Federal de Processamento de Dados] e depois assumindo a secretaria dentro do Ministério da Economia que cuidou do processo de digitalização com muito sucesso, foi exatamente essa parte do currículo que o fez ser escolhido pelo governador Tarcísio", disse.

O governador eleito de SP, Tarcísio Freitas e o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes
O governador eleito de SP, Tarcísio de Freitas, e o ministro do STF Alexandre de Moraes, durante posse de ministros do STJ - Pedro Ladeira/Folhapress

Andrade assumiu a Petrobras em junho, em meio à crise provocada pelos sucessivos aumentos dos combustíveis pela companhia. Na ocasião, a expectativa do governo Jair Bolsonaro (PL) era que ele segurasse novos reajustes até as eleições presidenciais.

O futuro secretário de Tarcísio é formado em comunicação social pela Universidade Paulista em São Paulo, com pós-graduação em gestão pela Harvard University e mestrado em administração de empresas pela Duke University.

Lais Vita, assessora de imprensa de Tarcísio, assumirá a pasta da Comunicação.

Com mestrado em comunicação política pela Universidad Complutense de Madrid, ela atuou com o governador eleito chefiando o setor de comunicação da pasta da Infraestrutura, além de ter trabalhado como jornalista em redações.

Lucas Ferraz, que atua na gestão de Paulo Guedes no Ministério da Economia, assumirá a pasta de Assuntos Internacionais. No ministério, ele é secretário do Comércio Exterior. Também atuou como consultor sênior em comércio internacional para o Banco Mundial.

Tarcísio anunciou o coronel Sérgio Codelo para o DER (Departamento de Estradas de Rodagem).

Superintendente do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura) em São Paulo, Codelo é formado na área de engenharia, com graduação em ciências militares e bacharel em administração pela Aman (Academia Militar das Agulhas Negras).

Com a indicação, Tarcísio deve colocar fim à influência do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União Brasil), sobre a autarquia estadual, responsável por diversas obras rodoviárias.

Leite e outros nomes próximos do atual governador Rodrigo Garcia (PSDB), que apoiaram Tarcísio no segundo turno das eleições, até agora não foram contemplados na equipe do futuro chefe do Palácio dos Bandeirantes.

O governador eleito já anunciou uma lista de mais de cem nomes para atuar na transição.

Além dos secretários anunciados nesta terça, os demais secretários já definidos são Arthur Lima (Casa Civil), Gilberto Kassab (Governo), Capitão Derrite (Segurança), Roberto de Lucena (Turismo), Natalia Resende (Infraestrutura e Meio Ambiente), Renato Feder (Educação) e Eleuses Paiva (Saúde).

Segundo o próprio Tarcísio, o principal trabalho da transição tem sido pensar em ajustes para o orçamento do próximo ano e desenhar a estrutura do novo governo. Algumas pastas devem ser extintas, outras serão fundidas e algumas serão criadas.

Os nomes anunciados pelo governador eleito para seu secretariado e sua equipe de transição indicam que ele terá foco em privatizações, como fez no governo Jair Bolsonaro (PL), ampliando as desestatizações vistas em gestões tucanas anteriores.

Os auxiliares incluem pessoas que trabalharam na área de concessões e privatizações com Tarcísio no Ministério da Infraestrutura e pessoas próximas ao ministro da Economia, Paulo Guedes.

Guedes foi sondado para comandar a Secretaria da Fazenda, mas não assumirá esse cargo, embora siga nos planos para integrar o governo paulista em outra função.

"Na verdade, o Tarcísio sonha com isso, eu também. [Mas] É difícil para ele ser secretário, exatamente pela função do secretário envolve uma parte muito burocrática. E não é a característica dele, ele é um pensador. Então, se ele puder vir como um grande conselheiro para nós, será muito bem-vindo para nos orientar", disse Afif. O mais cotado para a secretaria é Samuel Kinoshita, ex-assessor no Ministério da Economia.

Na campanha e depois de eleito, Tarcísio deu indicativos de que pretende privatizar uma das principais estatais paulistas, a Sabesp. O futuro governador também afirmou que irá criar uma secretaria específica para cuidar de parcerias com a iniciativa privada.

Na segunda, em entrevista à CNN Brasil, o governador eleito disse que nunca foi "bolsonarista raiz" e que não quer entrar em uma "guerra ideológica" em seu governo.

"Eu nunca fui bolsonarista raiz. Comungo das ideias econômicas, principalmente, desse governo Bolsonaro. A valorização da livre iniciativa, os estímulos ao empreendedorismo, a busca do capital privado, a visão liberal. Sou cristão, contra aborto, contra liberação de drogas, mas não vou entrar em guerra ideológica e cultural", afirmou.

Nesta terça, Afif comentou as críticas a Tarcísio por apoiadores de Bolsonaro da área mais ideológica. "Na política, você tem que conviver com a crítica", disse Afif. "Ele disse o que existe, eu não sou um bolsonarista de raiz, eu sou bolsonarista."

Até o momento, o único bolsonarista considerado "raiz" incluído no primeiro escalão é o capitão Capitão Derrite (PL-SP) na pasta da Segurança.

No entanto, mesmo trazendo ele para equipe, Tarcísio acabou adiando a ideia de retirar as câmeras dos uniformes dos policiais, assim como fez com a bandeira de acabar com a obrigatoriedade de vacinação aos servidores, dois acenos importantes aos mais radicais dados durante a campanha.

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