Descrição de chapéu ataque à democracia

Dino diz que 200 foram presos em atos de vandalismo em Brasília

Já Polícia Civil fala em 300 presos; 40 ônibus foram apreendidos

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Brasília

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse na noite deste domingo (8) que cerca de 200 pessoas foram presas nos atos de vandalismo que ocorreram em Brasília. Já a Polícia Civil falou em 300, e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), em mais de 400.

Em entrevista coletiva, Dino disse ainda que foram 40 ônibus apreendidos. "Já identificamos todos os ônibus que vieram para Brasília e os financiadores dos ônibus. Vamos ter novos pedidos de prisão preventiva."

O ministro afirmou que há quatro prioridades: restabelecimento da ordem pública, a prisão em flagrante, a apreensão de ônibus e identificar quem são os coautores —quem financiou o crime.

"Nós já levantamos os ônibus, de onde vieram, quem pagou, a lista de passageiros e vamos realizar as medidas cabíveis, as medidas judiciais para os que não estão em flagrante", disse.

Manifestantes promovem vandalismo na praça dos Três Poderes - Antonio Cascio/Reuters

Manifestantes golpistas entraram na Esplanada dos Ministérios na tarde deste domingo, invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal), espalharam atos de vandalismo em Brasília e entraram em confronto com a Polícia Militar.

A ação de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) ocorre uma semana após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), antecedida por atos antidemocráticos insuflados pela retórica golpista do ex-presidente no período eleitoral.

Somente a Secretaria de Polícia do Senado Federal prendeu em flagrante 30 manifestantes que invadiram o plenário da Casa e o Salão Negro da Câmara dos Deputados.

Eles foram detidos sob suspeita de crimes de dano ao patrimônio e de invasão de prédios públicos, entre outros. Os presos foram levados inicialmente para a delegacia da Polícia do Senado, que fica no Congresso.

"Eu repito o que eu disse: esses acampamentos são incubadores de terroristas. Os fatos comprovaram que a frase era correta", afirmou Dino.

O ministro disse que haverá reforço na segurança do Distrito Federal com as Forças Armadas e efetivo de outros estados, mas não detalhou quais seriam.

Segundo Dino, houve mudança no planejamento de segurança do Distrito Federal. "Nós tivemos uma mudança de orientação administrativa em que o planejamento que não comportava a entrada de pessoas na Esplanada foi alterado [pelo governo do DF]. Ainda assim havia por parte do governo do DF a visão de que a situação estaria sob controle."

Dino disse ainda que há pessoas dentro das corporações que estão atrapalhando o funcionamento efetivo da segurança. Dino acredita que o governador Ibaneis Rocha não tenha sido conivente, mas iludido, enganado e que a investigação de responsabilidade vai ser feita.

"Eu não vejo até o presente momento que o governador Ibaneis tenha ele próprio de modo deliberado, tenha omitido. É mais provável que outros passaram informações erradas ao governador, como essa de abrir a Esplanada", disse Dino.

O ministro da Justiça disse que as forças de segurança pública têm misturado as preferências ideológicas e deveres funcionais.

"Houve uma confusão nacional entre deveres funcionais e preferências ideológicas. Há, sim, objetivamente preferências ideológicas nas instituições atrapalhando o cumprimento de deveres institucionais", acrescentou.

Ele disse que o ex-presidente Bolsonaro tem responsabilidade política sobre o ato, mas até então não consegue ver a responsabilidade jurídica.

O presidente Lula afirmou que todos os manifestantes golpistas que invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes serão encontrados e punidos.

O petista disse que eles são verdadeiros vândalos e anunciou a intervenção federal na área de segurança do Distrito Federal até o fim de janeiro.

Lula disse que os manifestantes poderiam ser chamados de nazistas e fascistas e disse que a esquerda nunca protagonizou um episódio similar a este no Brasil.

Manifestantes golpistas reunidos na região do Ibirapuera, zona sul de São Paulo, perto de ônibus com destino a Brasília - Bruno Santos/Folhapress

As forças de segurança conseguiram desocupar os prédios públicos invadidos na praça dos Três Poderes, usando para isso muitas bombas de efeito moral e spray de pimenta, por volta das 16h.

Helicópteros da Polícia Militar e da Polícia Federal também agiram, sobrevoando a praça e atirando bombas de gás. A tropa de cavalaria também foi acionada, além de carros blindados.

Os manifestantes ameaçaram uma nova investida contra os agentes, mas foram repelidos.

Pouco antes das 18h, os prédios do Palácio do Planalto e do STF já estavam totalmente liberados. Nos arredores, manifestantes rezavam e marcavam posição, sentando e deitando em frente às tropas de segurança.

O teto e os arredores do Congresso, no entanto, seguiram ocupados por um período maior. Mas também acabaram desocupados após ação dos agentes de segurança.

No esforço de dispersão, a tropa de choque e a cavalaria avançaram contra os manifestantes que se encontravam nos arredores do STF, fazendo com que o grupo fosse em direção à Esplanada. O espaço foi liberado.

Manifestantes golpistas entraram na Esplanada dos Ministérios na tarde deste domingo, invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o STF, espalharam atos de vandalismo em Brasília e entraram em confronto com a Polícia Militar.

Os manifestantes vieram em grande parte do acampamento diante do Quartel-General do Exército em Brasília. Eles chegaram à Esplanada e se concentraram inicialmente em frente ao Ministério da Justiça.

Uma parte invadiu a parte externa superior do Congresso e, depois, a área interna do prédio, alcançando os salões onde são exibidos itens históricos recebidos de presente pelo Estado brasileiro por outros países. Depois, chegaram até o Plenário do Senado Federal.

Os manifestantes avançaram para a Praça dos Três Poderes, onde houve confronto. Em seguida, se dirigiram ao Palácio do Planalto, onde conseguiram acessar diferentes andares.

Imagens do Palácio do Planalto mostram vidros quebrados, móveis atirados para fora do prédio, computadores e monitores no chão e ao menos um quadro rasgado.

Os manifestantes puderam circular livremente pelo interior do Planalto, inclusive pela rampa interna do Palácio. Os vândalos conseguiram, com isso, chegar perto do gabinete da Presidência da República.

Os apoiadores se dirigiram ainda ao STF, onde depredaram o Plenário onde acontecem as sessões de julgamento com a presença dos ministros do Supremo. Móveis de maneira foram revirados e danificados, vidros quebrados, documentos espalhados e cadeiras arrancadas do chão.

Um brasão da República foi retirado de uma das paredes do STF e removido do edifício junto com uma poltrona também retirada do prédio. Os manifestantes também usaram uma mangueira de incêndio para inundar o local.

No STF, os vândalos chegaram ainda a pichar nas janelas a frase "perdeu, mané" e também vandalizaram com a frase a escultura "A Justiça", feita em 1961 pelo artista plástico Alfredo Ceschiatti e que fica em frente ao Supremo.

A frase "perdeu, mané" faz alusão a uma resposta dada pelo ministro do tribunal Luís Roberto Barroso a um bolsonarista após sofrer hostilidades dos militantes durante viagem a Nova York.

Em São Paulo, a reportagem flagrou manifestantes golpistas reunidos na região do Ibirapuera, zona sul da cidade, perto de um ônibus com destino a Brasília. A passagem de ida e volta custava R$ 382, em dinheiro ou Pix. Segundo participantes, um ônibus sairia neste domingo e outro na segunda.

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