Lira defende punir deputado que incentivou ataque golpista, mas isenta 3 eleitos

Presidente da Câmara evita se posicionar sobre Bolsonaro, diz que seu CPF é outro e que 'cada um responde pelo que faz'

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Brasília

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), defendeu que a Justiça puna parlamentares que tenham incentivado os atos golpistas do último dia 8, mas saiu em defesa de três deputados eleitos.

Lira disse que conversou com Nikolas Ferreira (PL-MG), Clarissa Tércio (PP-PE) e André Fernandes (PL-CE) e que não viu evidências até o momento contra os três —os dois últimos são alvo de inquérito da PGR (Procuradoria-Geral da República).

"Eu não vi, nos três parlamentares, Nikolas, André e Clarissa, nenhum ato que corroborasse com os inquéritos", afirmou Lira, citando que a investigação usa postagens antigas.

Ele afirmou que não tem informações sobre a deputada Silvia Waiãpi (PL-AP), também alvo da PGR por ter feito publicações em apoio aos golpistas.

Arthur Lira durante sessão na Câmara dos Deputados
Arthur Lira durante sessão na Câmara dos Deputados - Adriano Machado - 20.dez.22/Reuters

Por outro lado, defendeu que haja punição no caso do deputado Abílio Brunini (PL-MT), que gravou um vídeo no salão verde da Câmara afirmando que os estragos eram mentira.

"Todos que tiverem responsabilidade vão responder, inclusive parlamentares que andam difamando e mentindo com vídeos dizendo que houve inverdades nas agressões que a Câmara dos Deputados sofreu no seu prédio. Esses deputados serão chamados à responsabilidade", afirmou Lira.

Questionado sobre se Jair Bolsonaro (PL) deve ou não ser responsabilizado pelos atos golpistas, disse que "cada um responde pelo que faz", mas evitou se posicionar favorável ou contrariamente à inclusão do ex-presidente no rol de passíveis de punição.

"Cada um responde pelo que faz. Meu CPF é um, o CPF do presidente Jair Bolsonaro é outro."

Lira afirmou que pedirá ao procurador-geral da República, Augusto Aras, que solicite a punição contra aqueles que foram presos e identificados pela polícia legislativa da Câmara, e afirmou esperar que as autoridades de segurança garantam a paz durante a posse dos novos parlamentares do Congresso, no dia 1º de fevereiro.

Também nesta segunda, a PGR (Procuradoria-Geral da República) apresentou denúncia contra 39 pessoas suspeitas de envolvimento nos atos golpistas e de depredação no prédio do Senado.

O presidente da Câmara esteve com a governadora do Distrito Federal, Celina Leão, e o interventor na segurança local, Ricardo Cappelli, em uma visita ao 6º Batalhão da Polícia Militar, que fica em um prédio cedido pela Câmara dos Deputados, bem próximo ao Congresso.

A governadora afirmou que irá dobrar o efetivo do batalhão, para 500 agentes, que dobrará a verba disponível para voluntários —extra que policiais recebem por trabalhar em dias de folga, caso queiram— e que pretende construir uma nova base da PM, maior, na mesma região.

Cappelli reforçou que ouviu depoimentos de agentes de segurança que estavam no Congresso dizendo que dentre os invasores golpistas havia aqueles com conhecimento da planta dos prédios oficiais e com conhecimento de táticas de confronto.

Ainda nesta segunda, a Polícia Federal (PF) cumpriu três mandados de prisão e cinco mandados de busca e apreensão contra suspeitos de participação, organização e financiamento dos atos golpistas em Brasília.

A ação foi batizada de Ulysses e teve origem na investigação sobre lideranças envolvidas nos atos que bloquearam rodovias em Campos dos Goytacazes (RJ).

A Folha apurou que a PF conseguiu amealhar provas de que alvos de pedido de prisão custearam o transporte e a hospedagem de bolsonaristas da região norte do Rio de Janeiro que foram para Brasília participar dos ataques aos prédios do Supremo Tribunal Federal, Congresso e Palácio do Planalto.

Erramos: o texto foi alterado

A deputada eleita Clarissa Tércio é do PP, não do PL, como publicado em versão inicial da reportagem.

 

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