Lula destitui diretores da EBC após emissora chamar vândalo de manifestante

Petista nomeou Kariane Costa como presidente interina para liderar processo de transição na empresa

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destituiu toda a diretoria da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação) na noite de sexta-feira (13) e nomeou a jornalista Kariane Costa para a presidência, de forma interina.

A troca no comando foi acelerada após a linha editorial adotada nos ataques golpistas do último domingo (8), segundo auxiliares do chefe do Executivo. Os diretores eram ainda da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Paulo Pimenta (Secom) - Pedro Ladeira/Folhapress

A avaliação é a de que a estatal estava com uma postura distante da adotada pelos demais veículos de imprensa, visando minimizar os atos.

Um integrante do governo citou, como exemplo, que as pessoas que depredaram as sedes dos três Poderes eram chamadas de manifestantes, em vez de vândalos ou golpistas.

Outro afirmou que o temor era de que a cúpula indicada por Bolsonaro tivesse sido ainda mais radical na cobertura do ato golpista. Havia receio de que a empresa fosse utilizada para eventualmente propagar ideias antidemocráticas ou que houvesse uma espécie de sabotagem técnica, interrompendo transmissões da Presidência, por exemplo.

No dia seguinte ao ato golpista, o jornal da TV Brasil transmitiu a sessão do Congresso e colocou uma passagem do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o que foi interpretado por petistas como provocação.

Dessa forma, a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), sob a qual fica subordinada a EBC, decidiu iniciar a transição na EBC. Nos próximos 30 dias, a pasta deve iniciar um processo de reorganização da empresa e retirada de indicados de bolsonaristas em postos-chave.

Kariane conta com a confiança do ministro Paulo Pimenta.

Atualmente, ela integra o Conselho de Administração da empresa, na vaga que representa os empregados da casa.

Por isso, ela já tem o nome aprovado pela Lei das Estatais, processo que dura cerca de 30 dias e pelo qual todos os indicados devem ainda passar.

Assim, Kariane assume de forma interina a presidência e "conduzirá o processo de transição para nova gestão, a ser implementada nos próximos meses", segundo nota divulgada pelo Planalto.

A jornalista está há mais de dez anos na estatal. Chegou a trabalhar como editora de agosto de 2012 a fevereiro de 2014. Deste então, é repórter de política.

"Aceitei o convite do presidente Lula e do ministro Paulo Pimenta para estar à frente, de forma interina, do processo de transição para a retomada da missão da EBC. Agradeço a confiança! Juntos vamos reconstruir nossa empresa!", disse Kariane, nas redes sociais.

Já Pimenta afirmou iniciar, na sexta, uma transição na empresa, "que resultará no fortalecimento da comunicação pública, na valorização dos empregados e no aprimoramento da governança".

O ministro também destacou quatro mulheres para auxiliar no processo de transição, que assumirão cargos de assessoria ou gerência: Rita Freire, presidente do Conselho Curador da EBC à época do impeachment em 2016; Juliana Cézar Nunes, empregada concursada da empresa; e as jornalistas Nicole Briones e Flávia Filipini.

Tanto a nomeação de Kariane, quanto a exoneração dos diretores indicados por Bolsonaro saíram em edição extra do Diário Oficial da União na sexta. Foram destituídos o presidente, diretor-geral, a diretora de jornalismo e o de administração. O de conteúdo, Denilson Morales da Silva, é servidor de carreira da EBC, continua no cargo.

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