Ministro da Secom diz que golpistas levaram documentos e HDs do Planalto

Paulo Pimenta afirma ainda que quem entrou conhecia o prédio e que muitos estavam bêbados

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Brasília

O ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, disse na manhã desta segunda-feira (9) que vândalos golpistas que invadiram o Palácio do Planalto, além de armas, levaram também HDs e documentos.

Segundo Pimenta, houve cumplicidade com os criminosos, que "conheciam" o Planalto. Outra parcela estava apenas destruindo o local e muitos estavam bêbados.

"Uma parte das pessoas [no Palácio] sabia o que estavam fazendo. Enquanto a horda destruía tudo, uma parte agia com inteligência. Levaram muito HD, levaram armas, documentos", disse a jornalistas na porta do Planalto.

Mais tarde, o ministro voltou a conversar com jornalistas e disse ter identificado que ao menos nove armas foram levadas durante a invasão do Planalto. Pimenta também afirmou que foram 80 pessoas presas no palácio neste domingo (8).

Golpistas rasgam foto de Lula dentro de gabinete no Palácio do Planalto
Golpistas rasgam foto de Lula dentro de gabinete no Palácio do Planalto - Gabriela Biló/Folhapress

"Aqui no palácio, não [foram encontrados explosivos]. Foram 80 pessoas presas no Planalto, quatro presas no Supremo Tribunal Federal. Evidentemente que ainda está sendo feito um levantamento de patrimônio, obras de arte, que eventualmente possam ter desaparecido, documentos, HDs, armas que foram levadas da sala de armas do GSI", afirmou o ministro.

"Eu pelo menos identifiquei nove armas, são teasers, armas de choque, de uso do Gabinete de Segurança Institucional. Estavam acondicionadas em caixas e pelo menos nove caixas ficaram vazias", completou.

O prédio passa ainda por perícia nesta manhã. De acordo com o ministro, há sangue, urina e fezes, o que facilitaria identificação dos criminosos.

Dentre as obras danificadas, há um quadro de Di Cavalcanti, rasgado a facadas, e um relógio do século 18, que pertenceu a Dom João 6.

"Quem entrou no Palácio conhecia o Palácio. Nada do que aconteceu aqui poderia ter acontecido sem que algum nível de facilitação, algum nível de cumplicidade", disse Pimenta.

O ministro comparou o fato de as portas principais do Planalto e do Congresso não terem sido destruídas como a do STF (Supremo Tribunal Federal), inteiramente quebrada.

"Foi um ato não contra o Poder Executivo, mas contra a democracia. Tentativa de golpe de Estado que não se concretizou", completou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebe, nesta manhã, a presidente do Supremo, Rosa Weber, e ministros da corte para discutir ação coordenada contra o episódio. Também acompanham a discussão o ministro da Justiça, Flávio Dino, de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, além do próprio Pimenta.

O encontro ocorre no gabinete presidencial do Planalto, no qual os vândalos não conseguiram entrar, por ser uma sala blindada.

A ideia é mostrar que, apesar da depredação física do local, as instituições continuam funcionando, explicou Pimenta.

Nesta manhã, o cenário era de destruição no Planalto, em especial o térreo e o segundo andar, onde ocorrem as cerimônias. Jornalistas se aglomeram nas portas do Planalto para acompanhar agenda de Lula, enquanto funcionários da presidência limpam o local. Uma servidora chegou a passar mal no segundo andar devido ao cheiro de gás lacrimogêneo, que permanece no Salão Nobre.

GOVERNADORES AUSENTES

Paulo Pimenta minimizou a possível ausência na reunião de Lula com governadores para tratar da invasão dos chefes dos Executivos estaduais mais ligados a Jair Bolsonaro. Ele foi questionado especialmente sobre Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Jorginho Mello (PL-SC).

Disse que "não tem nada mais importante" para os governadores do que estar em Brasília nesta segunda-feira (9).

"Eu espero que eles estejam presentes. Acho que é muito cedo para afirmar que eles não estarão. É uma reunião que está sendo organizada inclusive pelos próprios governadores. Acho que nesse momento em que o Brasil está vivendo, não tem nada mais importante do que qualquer governador possa fazer do que estar em Brasília", afirmou o ministro.

"É um momento de demonstração da unidade da sociedade brasileira. Presidente Lula não é só o presidente daqueles que votaram nele. O Supremo Tribunal Federal não é o Poder Judiciário só daqueles que concordam com o pensamento do tribunal, tampouco o legislativo. Acho que qualquer governador deveria estar em Brasília para reafirmar esse compromisso com a democracia nos três Poderes e repudiar junto conosco esses atos terroristas criminosos que envergonham o Brasil", completou.

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