Moraes diz que prisões não são colônia de férias para golpistas e que instituições não vão fraquejar

Ministro do STF afirma que presos não são civilizados e que os órgãos têm coragem

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Brasília

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), disse nesta terça-feira (10) que os vândalos que cometeram crimes no último domingo (8) em Brasília não são civilizados e não devem achar que as prisões são "colônias de férias".

A declaração foi dada durante discurso na posse do novo diretor-geral da PF (Polícia Federal), o delegado Andrei Augusto Passos Rodrigues.

Apoiador do ex-presidente Bolsonaro segura uma bandeira enquanto os ônibus deixam a PF depois que um acampamento foi desmontado em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília - Amanda Perobelli/Reuters

"Não achem esses terroristas, que até domingo fizeram baderna e crimes e agora reclamam que estão presos querendo que a prisão seja uma colônia de férias, que as instituições irão fraquejar", disse Moraes.

O ministro acrescentou que as instituições "não são feitas só de mármore, de cadeiras, de mesas, mas de pessoas, de coragem, e de cumprimento da lei". Também disse não ser possível conversar com essas pessoas de forma civilizada.

"Essas pessoas não são civilizadas. Basta ver o que fizeram no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e, com muito mais raiva e ódio, no Supremo Tribunal Federal", declarou.

Moraes também disse que a operação para garantir a democracia (contra os atos golpistas) serve para mostrar que não há apaziguamento nas instituições brasileiras e que o contrário seria covardia.

"O Poder Judiciário, o STF, tenho absoluta certeza, com o apoio dentro da legalidade, dentro da Constituição, da Polícia Federal, as instituições irão punir todos os responsáveis que praticaram os atos, os que planejaram, os que financiaram e os que incentivaram, por ação ou omissão, porque a democracia e irá prevalecer", afirmou.

Os atos golpistas promovidos pelo bolsonarismo radical no domingo reforçaram a posição institucional de Moraes, deixando, por outro lado, uma longa lista de políticos chamuscados em decorrência do episódio.

Relator de inquéritos que miram os núcleos golpistas do bolsonarismo, Moraes determinou ainda neste domingo o afastamento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), além da imediata desmontagem do acampamento antidemocrático em frente ao quartel-general do Exército, na capital federal.

Com isso, os bolsonaristas foram desalojados na segunda-feira (9), sendo que cerca de 1.000 devem ser indiciados pela Polícia Federal.

O problema se arrastava desde as eleições sob a conivência do Exército e do governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL), e tampouco havia sido resolvido pela incipiente gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Além de Moraes, participaram da cerimônia os ministros do governo Lula, Flávio Dino (Justiça), Wellignton Dias (Desenvolvimento Social), e Marina Silva (Meio Ambiente), Luiz Marinho (Trabalho), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) e Vinicius Carvalho (Controladoria-Geral da União).

Durante a apresentação das autoridades presentes, o ministro Alexandre de Moraes foi muito aplaudido pela plateia formada, em sua maioria, por policiais federais.

Logo ao abrir sua fala, o novo diretor da PF citou a operação na segunda que prendeu cerca de 1.500 bolsonaristas que acampavam no Quartel-General do Exército em Brasília é que participaram dos atos golpistas no domingo.

Segundo o novo diretor-geral, a ação foi a maior operação de polícia judiciária da história da PF.
Rodrigues também abordou os ataques à democracia e disseminação de desinformação e parabenizou a atuação do ministro Alexandre de Moraes.

Ele elogiou o trabalho desenvolvido por Moraes e disse que o STF e TSE (Tribunal Superior Eleitoral) desempenharam papel essencial para a história do país durante os ataques bolsonaristas.

"Com muita coragem e determinação tem sido grande defensor da democracia neste país", disse o novo diretor sobre Moraes.

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